Cid diz que Sarto não tem "disposição para oposição" e afirma que não criticou prefeito

O senador disse ter conversado com Sarto na reunião do PDT na última semana

O senador Cid Gomes (PDT) negou, nesta quinta-feira, 2, que tenha feito críticas ao prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT). O parlamentar analisou que “alguma frase pode ter desagradado”, mas disse ter colocado de forma “respeitosa” as falas sobre o prefeito e outras alas do partido. Em entrevista ao podcast As Cunhãs, o senador fez comentários sobre a gestão de Sarto e questionou a concentração de intervenções na região da Aldeota.

“Alguma frase pode ter desagradado a alguém, mas foi sempre colocado de forma respeitosa, não enxerguei nenhuma disposição de fazer crítica a quem quer que seja. Eu me limitei a falar um pouco sobre a minha visão do passado e do futuro", disse Cid em entrevista coletiva, sobre a fala ao podcast. O senador esteve na Assembleia Legislativa nesta quinta para acompanhar a posse de Antonio Granja (PDT), suplente que assumiu no lugar de Oriel Nunes Filho (PDT), licenciado para ser secretário da Pesca e Aquicultura do governo Elmano de Freitas (PT).

Cid disse que deseja “todo sucesso” para Sarto e que vai apoiá-lo se ele for candidato à reeleição em 2024. “Eu não estou criticando o Sarto, desejo todo o sucesso do mundo pro Sarto. Se ele for o candidato do PDT, eu o apoiarei. Você tem dúvida disso?”, comentou o senador.

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Cid revelou ainda bastidores da reunião da executiva estadual do PDT na última semana. Durante o encontro, era possível ouvir do lado de fora as falas exaltadas lá dentro. Segundo o senador, houve uma "polêmica" entre ele e o prefeito no dia. “Teve. E eu entendo como natural. E tem umas coisas que eu digo para ele: 'Tá certo, é seu papel". Se eu acho que não é papel dele, eu digo na frente dele, não sou de falar pelas costas”, disparou.

A reunião oficialmente tinha como pauta a escolha do vice-líder da Assembleia Legislativa. Com o consenso pelo nome de Guilherme Landim para líder, Jeová Mota, Marcos Sobreira e Queiroz Filho queriam uma das duas vagas de vice-líder. Queiroz é ligado ao ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que vem defendendo que o partido seja oposição “construtiva” ao governador Elmano de Freitas (PT). Cid defende que o partido retome a aliança com os petistas, rompida no ano passado.

Na época da reunião, logo após o Carnaval, Cid analisou que a disputa era “miúda”. A fala desta quinta retoma o assunto como sendo tema de embate com Sarto. "Eu disse lá no dia (...) Veja se é papel do prefeito de Fortaleza tomar partido em uma discussão dessa. Eu disse: 'Prefeito, não faça isso, não é papel seu, você deve ser unanimidade no partido'. Eu tô criticando, torcendo contra?", questionou.

Retomar aliança com o PT

Cid disse que a maioria do partido quer a retomada  da aliança com o PT e deu destaque ao prefeito de Fortaleza. Segundo ele, Sarto não tem "disposição para ser oposição".

"Nós temos 63 prefeitos, se deem o trabalho de consultar. O próprio Sarto, ao que me consta, não tem disposição para ser oposição. O Sarto tem queixas, tem expectativas legítimas, e eu tenho dito para ele que o PT é um partido diferente do nosso", ressaltou. O senador ambientou a fala mencionando o desejo do prefeito de levar a aliança para o âmbito municipal, onde o PT é oposição desde 2013.

Cid ainda traçou o cenário sobre os parlamentares pedetistas na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. Entre os deputados federais, ele acredita que seja unânime o apoio a Elmano. Já na Assembleia, dez deputados querem ser base e três têm se posicionado contra o governo ou de forma independente.

"Dez defendem o governo. (...) Tem uns três ou dois independentes... Aliás, o que eu digo é o seguinte, com toda sinceridade: tem um que, por fidelidade, está nessa linha de oposição. Um (outro deputado) diz assim: 'O que vocês resolverem, por mim, está definido'. Esse está delegando ao partido. E o outro já me disse que não quer ser oposição”, afirmou.

Entenda o caso

Na última terça-feira, 28, foi ao ar a entrevista de Cid Gomes ao podcast As Cunhãs, na qual o senador fez comentários sobre a gestão Sarto. "Já disse cem vezes que tem uma ruma de viaduto aqui (na Aldeota), aquela região ali (da José Bastos) precisa de um". E completou: "As coisas não podem ficar só na Aldeota".

Na noite do mesmo dia, Sarto fez uma publicação destacando realizações da gestão. "Em pouco mais de dois anos, já ultrapassamos 60% das metas do nosso Plano de Governo", diz o prefeito, que destaca, entre outras ações, a entrega de cinco novas escolas de tempo integral, a obra do Gonzaguinha do José Walter e mais de 140 ações de drenagem e saneamento.

"Exponho isso, porque meu dever é debater e resolver os problemas a partir de fatos e a partir das demandas da população, com muito trabalho sério. São premissas que devem reger a atuação de todo homem público. O resto é só mera politização", diz ainda.

Na manhã do dia seguinte, Cid foi alvo de diversas críticas de vereados pedetistas, que defenderam Sarto. Líder do Governo na Câmara Municipal, Carlos Mesquita (PDT) citou obras, programas e entregas da Prefeitura e, ao final, perguntou em tom sarcástico se todas estavam localizadas na Aldeota. "Os CEIs e Areninhas foram todos na Aldeota? Os terminais do Zé Walter e na Washington Soares foram transferidos para a Aldeota? O Cuca do Pici também foi para a Aldeota?"

Outro pedetista que comentou o assunto foi Lúcio Bruno, vereador ligado ao ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). O parlamentar disse não ter entendido a fala de Cid e declarou que a Capital "se tornou uma grande Aldeota" a partir de investimentos das últimas gestões. "Fortaleza se tornou uma grande Aldeota. Ele esqueceu de dizer isso, que em Fortaleza não existe mais a periferia e não existe mais a Aldeota. Fortaleza é só Aldeota".

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