Drones russos na Polônia: o que está acontecendo? Veja últimas notícias
Ataque inédito contra drones russos que violaram seu espaço aéreo representa a primeira resposta armada de um país da Otan desde o início da guerra na Ucrânia
A Polônia confirmou nesta quarta-feira, 10, que derrubou drones russos após a violação de seu espaço aéreo.
Segundo militares, foram identificados 19 objetos não autorizados durante um ataque aéreo em larga escala contra a Ucrânia.
"Dezenove violações foram identificadas e rastreadas com precisão... no momento temos a confirmação de que três drones foram abatidos", declarou o primeiro-ministro Donald Tusk, antes de destacar que este é um primeiro balanço provisório da incursão, que durou "toda a noite".
Essa foi a primeira vez desde 2022 que um país membro da Otan respondeu com disparos diretos contra equipamentos russos em seu território. A Rússia, até o momento, nega envolvimento no incidente, segundo a BBC.
Reação imediata e aeroportos fechados
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, acompanhou as operações de defesa. A Força Aérea do país informou que caças próprios e da Otan foram mobilizados logo no início da manhã.
Como medida de segurança, quatro aeroportos, incluindo o Aeroporto Internacional Chopin de Varsóvia, foram fechados temporariamente.
Sistemas de defesa antiaérea também foram ativados no mais alto nível de prontidão.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse que o que aconteceu na Polônia foi "deliberado". Segundo ele, ao menos oito drones russos "se dirigiram à Polônia".
Ao mesmo tempo, Moscou disparou 458 drones e mísseis contra a Ucrânia, segundo o Exército de Kiev.
Belarus também anunciou que derrubou vários drones em seu território que "haviam perdido a trajetória", mas não informou se eram procedentes da Rússia ou da Ucrânia.
A incursão de aparelhos não tripulados, chamada de "provocação em larga escala" pelo primeiro-ministro Tusk, ocorreu pouco antes dos exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus, chamados Zapad-2025 e programados para o período de 12 a 16 de setembro.
Belarus é um aliado-chave da Rússia e cedeu seu território para que Moscou iniciasse, em fevereiro de 2022, a invasão da Ucrânia.
A Polônia anunciou o fechamento de sua fronteira com Belarus a partir de quinta-feira e anunciou, em resposta aos exercícios Zapad, manobras militares em seu território, com a participação de 30.000 soldados do país e de nações aliadas.
Drones na Polônia: risco à população e regiões vulneráveis
O Exército polonês classificou o episódio como uma “violação sem precedentes” do espaço aéreo nacional, ressaltando que os drones representaram “ameaça real” aos cidadãos.
As regiões no leste do país e próximas à fronteira com Belarus e Ucrânia, foram apontadas como áreas mais vulneráveis. Moradores receberam orientações para permanecer em casa.
Condenação internacional e alerta político
O episódio provocou forte reação internacional. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que a União Europeia defenderá “cada centímetro de seu território”. Nos Estados Unidos, parlamentares classificaram a ação russa como um possível “ato de guerra”.
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Especialistas em defesa alertam que a invasão de múltiplos drones dificilmente pode ser considerada um erro, sendo vista como um “teste” à Otan. Para analistas, agora o desafio é político: definir até onde a aliança deve responder.
Escalada da guerra na Ucrânia
Enquanto isso, os ataques russos contra a Ucrânia seguem em ritmo intenso. Nas últimas semanas, mísseis atingiram até prédios do governo em Kiev.
As Forças Armadas ucranianas têm publicado alertas em tempo real no Telegram, avisando sobre drones e mísseis de cruzeiro. A população continua sendo instruída a buscar abrigos diante da escalada dos bombardeios
O Exército polonês agradeceu à aviação dos Países Baixos, outra nação integrante da Otan, por seu "apoio". O governo holandês confirmou ter participado com aviões F-35 na operação que derrubou os drones russos na Polônia.
Varsóvia também pediu à Otan para ativar o artigo 4 do tratado fundador da Aliança, que estabelece que os países membros realizarão consultas quando, no julgamento de qualquer um deles, "a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer das partes for ameaçada".
O Ministério das Relações Exteriores da Polônia convocou o encarregado de negócios russo, Andrei Ordash. O diplomata declarou à agência de notícias RIA Novosti que Varsóvia ainda não apresentou evidências de que os drones abatidos procediam da Rússia.
Operação "deliberada"
As reações dos aliados da Ucrânia foram rápidas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu que a UE defenderá "cada centímetro quadrado" de seu território e criticou uma "violação insensata e sem precedentes do espaço aéreo da Polônia e da Europa por mais de 10 drones russos Shahid".
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse que, segundo "as indicações", a incursão de drones russos na Polônia foi "intencional". O presidente francês, Emmanuel Macron, instou a Rússia a abandonar o que chamou de "comportamento imprudente".
Varsóvia tem sido uma das principais fontes de apoio de Kiev desde o início da invasão russa, há três anos e meio: abriga mais de um milhão de refugiados ucranianos e é um ponto de trânsito essencial para a ajuda humanitária e militar ocidental à Ucrânia.
Na terça-feira, o recém-eleito presidente nacionalista da Polônia, Karol Nawrocki, alertou que o mandatário russo Vladimir Putin está disposto a "invadir outros países" após a guerra na Ucrânia.
Em agosto, Varsóvia enviou uma nota de protesto a Moscou após a queda e explosão de um drone no leste do país, no que chamou de "provocação deliberada".
Em 2023, um míssil russo atravessou o espaço aéreo polonês, sobrevoando sua fronteira com a Ucrânia.
Em novembro do ano anterior, um projétil da defesa antiaérea ucraniana caiu sobre a localidade polonesa de Przewodow, perto da fronteira, e matou dois civis. (Com AFP)
*Atualizada às 10 horas de 10/09/2025