Morre Mirta Baravalle, fundadora das Mães e Avós da Praça de Maio da Argentina, aos 99 anos

Baravalle era mãe de Ana María Baravalle, que tinha 28 anos e estava grávida de quando foi sequestrada em agosto de 1976 durante a última ditadura militar argentina

Mirta Baravalle, militante argentina, morreu neste sábado, 2. Ela foi uma das 14 mulheres que, em abril de 1977, foi à Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, para coletar informações sobre seus filhos, desaparecidos durante a ditadura militar instaurada na Argentina em 1976. As militantes iam ao local com um lenço branco sobre a cabeça.

“Despedimos de outra companheira de luta, fundadora das Mães e Avós da Praça de Maio, Mirta Baravalle. Aos 99 anos, Mirta partiu sem o abraço de seu neto ou neta [nascido num centro clandestino de detenção da ditadura argentina]. Continuaremos procurando por ele, ela, e por todos. Até sempre, querida Mirta!”, publicou no sábado a conta oficial das Avós da Praça de Maio em suas redes sociais.

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Mirta Baravalle fundou a associação Mães da Praça de Maio — em espanhol Asociación Madres de la Plaza de Mayo —, que reivindicavam o paradeiro dos filhos e netos.

Ditadura argentina e o movimento das mães e avós da Praça de Maio

Baravalle era mãe de Ana María Baravalle, que tinha 28 anos e estava grávida de cinco meses quando foi sequestrada em agosto de 1976 com seu marido, Julio César Galizzi, durante a última ditadura militar argentina.

Desde o período, Mirta passou a dedicar a vida em busca de sua filha e de seu neto ou neta, sendo, então, uma das pioneiras do movimento Mães da Praça de Maio.

Ela também foi uma das fundadoras da Organização Não-Governamental (ONG) Avós da Praça de Maio, estruturada em 1977, a fim de localizar e restituir a seus familiares de origem crianças desaparecidas pela ditadura.

A ex-membro da Câmara de deputados da Argentina e advogada Myriam Bregman, lamentou a morte de Mirta, afirmando que a militante dispunha dos “maiores valores e princípios” que conheceu.

“As histórias sobre como ela buscava as crianças apropriadas são impressionantes, seus disfarces, suas estratégias para alcançá-las”, recordou nas redes sociais a líder de esquerda e advogada Myriam Bregman. “Partiu sem encontrar Camila ou Ernesto, seu neto ou neta apropriado. ‘Meu esqueleto está cansado’, me disse há pouco tempo”, escreveu Bregman.

O período da ditadura argentina durou sete anos (1976-1983), causando o desaparecimento de, aproximadamente, 30 mil pessoas, conforme os órgãos de direitos humanos.

As Avós da Praça de Maio buscam, ainda hoje, cerca de 300 netos nascidos durante o cativeiro de suas mães.

 

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