Dia Internacional do Gato: conhecer hábitos é o primeiro passo para boa saúde do pet

Famosos pelo paladar exigente, os felinos vêm conquistando os lares brasileiros e já são mais de 27 milhões de pets no Brasil

Quem nunca recebeu um meme ou enviou uma "figurinha" de gatinho no WhatsApp que atire a primeira pedra. Mais comum do que nunca no cotidiano dos brasileiros, os bichinhos ganharam um dia especial de homenagem, 8 de agosto, o Dia Internacional do Gato. A data foi criada pelo Fundo Internacional para o Bem-estar Animal e busca incentivar a adoção e conscientizar as pessoas sobre as necessidades e peculiaridades dos felinos.

Conforme um levantamento de 2021 do Instituto Pet Brasil, a população de felinos foi a que mais cresceu em relação ao ano anterior – 6% (de 25,6 milhões para 27,1 milhões). 

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Quando se pensa em gato, características relacionadas são: fofura e exigência. Isso porque esses animais possuem um jeitinho especial de ser e um paladar um tanto sofisticado, não podendo passar longos períodos sem se alimentar. “Se um gato ficar longos períodos sem comer pode desenvolver a lipidose hepática, um acúmulo de gordura nas células do fígado que compromete o funcionamento do órgão e adoece gravemente o animal”, afirma a médica veterinária da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Alessandra Farias.

Alimentação como prioridade

Oferecer uma ração premium ou super premium é o primeiro passo para estimular o apetite dos felinos. Geralmente são mais palatáveis, produzidas com ingredientes de alta qualidade e em doses adequadas de proteína, gordura, vitaminas e minerais, além de não possuírem corantes e conservantes, que prejudicam a saúde.

Outro fator importante é fornecer a ração adequada à fase de vida do animal, priorizando particularidades do pet (se é castrado ou não, com pelagem longa ou raça específica).

Filhotes necessitam de maior ingestão de proteína e gorduras, gatos castrados precisam de menos calorias e, idosos, menor teor de gordura e proteína e grãos mais fáceis de mastigar. A alimentação é a base de uma boa saúde e a adequação da dieta reduzirá as chances de o gato rejeitar a comida. Outra dica é integrar a ração úmida nas refeições, alternativa que também colabora com a hidratação dos felinos. Fatores ambientais e particularidades também influenciam na alimentação.

Os gatos não gostam de encostar os bigodes nos potes, portanto, potes maiores ou com bordas rasas podem ser mais atrativos. Comedouros elevados facilitam a apreensão da ração e proporcionam maior conforto no momento de se alimentar. Também é recomendável manter um local fixo para a alimentação, longe da caixa de areia, e manter o pote limpo para evitar a proliferação de micro-organismos, que podem prejudicar o bem-estar e a saúde do pet. A dica é higienizar os comedouros logo após a alimentação.

Conhecer as preferências do pet é fundamental para manter o apetite. No momento de escolher a ração e os alimentos úmidos dos felinos, os sabores de peixes costumam ser as primeiras escolhas. Porém, carne bovina, cordeiro e, especialmente, frango costumam fazer muito sucesso. “O ideal é observar o apetite do gatinho com a ração escolhida e, caso ele não pareça tão motivado ao se alimentar ou demonstre que está menos interessado pela ração, testar um novo sabor”, comenta a veterinária, lembrando que a troca deve ser gradativa para não afetar o sistema gastrointestinal do pet.

Confira a entrevista completa com a médica veterinária Alessandra Farias:

O POVO - Por que as pessoas gostam tanto de gatos?

Alessandra - Os gatos têm uma vida mais independente, vamos dizer assim. Eu brinco que eles são mini-humanos. Eles gostam muito de ter a independência deles e quando eles querem carinho, eles vêm em busca. Sem contar com as facilidades. Se você tem um gato, você não precisa levá-lo pra passear todos os dias, apesar de que isso está ficando mais comum.

O POVO - Quais cuidados específicos devemos ter com os gatos (em relação à alimentação, banho, saúde etc.)?

Alessandra - Primeiro, o gato não pode ter acesso à rua, pois isso pode trazer inúmeros problemas pros nossos felinos, como doenças infecciosas, risco de atropelamento, envenenamento e mordida de cachorros. Também é preciso ter um cuidado a mais na alimentação e sempre deixar a água de fácil acesso. Procurar fornecer rações de boa qualidade, especialmente as úmidas, para o gato ingerir mais água. Também é importante enriquecer o ambiente doméstico para evitar que o gato sinta necessidade de sair à rua. O gato dorme cerca de 18 horas por dia e quando ele precisa gastar energia, é aconselhável brincar com ele por pelo menos 30 minutos por dia.

O POVO - Já ouvi muitas pessoas reclamarem da quantidade de pelos que os gatos soltam. Isso é normal dos bichinhos? Existe algo que possamos fazer para diminuir a queda?

Alessandra -  Uma coisa que é extremamente prazerosa para o gato é a escovação. É interessante tirar um tempo para escovar o pelo do pet todos os dias. Existem suplementações, mas o problema pode estar relacionado à má alimentação. A queda de pelo também pode ser por alguma doença dermatológica. Então, observou que o gato está se coçando demais, está se lambendo demais, procure o médico veterinário.

O POVO - Quais são as principais enfermidades que acometem os gatos? Como evitá-las?

Alessandra - As doenças comuns em gato vão ser as que são doenças infecciosas, as parasitoses e os problemas urinários. O último ocorre, principalmente, por falta de água e excesso de sódio na alimentação. Também existem problemas cardíacos que, às vezes, não são detectados com muita facilidade. O gato também pode ter algumas doenças hepáticas. 

O POVO - Gatos desenvolvem doenças psicológicas, como ansiedade? O que fazer nesses casos?

Alessandra - O gato apresenta menos problemas psicológicos do que cachorros. O cachorro tem uma dependência emocional do tutor muito maior. Não que gato também não tenha. Alguns podem ter ansiedade, fcam miando o tempo todo. Tem alguns gatos podem ter até depressão, mas é um pouquinho diferente da depressão que acomete seres humanos, eles [os gatos] ficam mais quietos, às vezes não querem comer.

O POVO - Quantas vezes por mês/ano é indicado levar o pet ao veterinário?

Alessandra - Eu recomendo procurar as consultas de rotina pelo menos uma vez ao ano. Nesse encontro, a gente vai verificar como que está o rim, como está a vesícula urinária e fazer uma bateria de exames. Conforme o animal vai ficando mais velho, às vezes acaba aumentando essa frequência. 

Companheirismo

A estudante de jornalismo Nadine Lima, 23, conta que a sua ligação com gatos começou aos 11 anos de idade, quando sua mãe adotou o Pupu. "Ele [o gato] chegou na minha casa no período que minha mãe estava fazendo um tratamento contra câncer e foi um dos grandes suportes e força dela até o fim. Depois que ela faleceu, ele passou a ser oficialmente meu grude", lembra.

O bichinho fez parte da família de Nadine por mais de uma década, e morreu em 2021. Nesses mais de 10 anos, ela e o gato foram inseparáveis, sobretudo nos momentos mais difíceis para a tutora. 

Nadine Lima e seu gatinho Pupu
Nadine Lima e seu gatinho Pupu (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante explica que, apesar da fama de serem "frios", os gatos são, sim, grandes companheiros. "Só quem tem gato sabe o quanto a característica mais marcante deles é o companheirismo. Além disso, eu amava escutar o meu roncar e o barulhinho de ronronar dele, me acalmava muito", afirma.

De modo geral, conta Nadine, sua família sempre teve gatos, e está em seus planos adotar vários ao longo de sua vida.

Cuidados que vão além do básico

O gatinho da estudante de jornalismo Nadine, Pupu, era positivo para FIV (vírus da imunodeficiência felina), o que o fazia ter crises frequentes. O pet precisava tomar vitaminas e realizar tratamentos com remédios de acordo com os sintomas.

A Artemis, gata da estudante de arquitetura e urbanismo Cecília Vidal, foi diagnosticada com uma doença não tão comum quando pensamos em gatos: ansiedade.

Devido à quantidade de barulhos altos e construções próximas ao apartamento em que Cecília mora, Artemis começou a apresentar sintomas como queda excessiva de pelos e comportamento compulsivo em relação à lambidas no próprio corpo. "Isso acaba gerando alguns cuidados extras, como o fato de ela sempre querer alguém com ela quando ela come. Se não tiver ninguém por perto, e ela estiver com fome, ela vai lá e chama a gente", conta.

Artemis, gatinha da estudante Cecília Vidal, foi diagnosticada com ansiedade
Artemis, gatinha da estudante Cecília Vidal, foi diagnosticada com ansiedade (Foto: Arquivo pessoal)

Artemis é descrita pela dona como mimada. Além do cuidado extra citado por Cecília, ela diz que a pet só come ração e só gosta de ração seca. Ao todo, três tigelas de água ficam espalhadas pela casa, e o líquido é trocado todos os dias. A caixinha de areia fica na varanda, com limpeza feita uma vez por dia. "Ela dorme muito, mas quando tá acordada, ela também só quer brincar até ficar cansada e querer descansar de novo", descreve a tutora.

Após o tratamento realizado contra a ansiedade, Artemis, segundo Cecília, está melhor. Contudo, a família continua a  prestar atenção no comportamento dela enquanto os barulhos no entorno continuam.

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