Ato no Palácio da Abolição pede revogação da lei de pulverização de agrotóxicos
O documento foi entregue aos secretários Nelson Martins e Frank Ranier. Ato pede a revogação da lei que autoriza a pulverização de agrotóxicos
Representantes do movimento 'Revoga Já' estiveram, na manhã desta quarta-feira, 16, no Palácio da Abolição, em Fortaleza, com o objetivo de entregar a “Carta de Hiroshima” ao governador Elmano de Freitas (PT).
O ato foi organizado pela Rede Reaver e pelo Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil, com a presença de cerca de 200 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças vindas de diversas regiões do Estado.
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O documento pede a revogação do Projeto de Lei nº 1075/23, aprovado pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), que autoriza o uso de drones para pulverização de agrotóxicos no território cearense.
Segundo os manifestantes, a lei representa um grave risco à saúde da população, especialmente das famílias que vivem em áreas rurais, e ao meio ambiente.
“Enquanto deputado, (o governador Elmano) foi favorável à lei que proibia a pulverização aérea no Ceará, e agora, como governador, está voltando atrás”, afirmou Vanessa Feitosa, integrante da Rede Reaver.
Os manifestantes foram recebidos pelo secretário de Articulação Política do Ceará, Nelson Martins, e pelo assessor especial de Relações Comunitárias, Frank Ranier, que se comprometeram a agendar uma audiência com o governador para tratar das demandas apresentadas.
Estiveram presentes ainda o deputado estadual Renato Roseno (Psol) e o vereador Gabriel Aguiar (Psol), que auxiliaram na mediação entre os representantes do movimento e o Governo.
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Segundo Odair Magalhães, coordenador da Organização Popular (OPA) — uma das entidades que integram o movimento Revoga Já —, a mobilização teve como objetivo chamar atenção para os riscos da pulverização aérea e para as violações sofridas pelas comunidades rurais:
“As famílias do campo têm sido diretamente afetadas pelos impactos dos agrotóxicos e pelos grandes empreendimentos. Além da revogação da lei, queremos discutir políticas públicas que garantam o direito à terra, à saúde e à produção sustentável”, pontuou.
“Não queremos ser envenenadas”, diz trecho da carta
Confira abaixo a íntegra do documento — ao qual O POVO teve acesso, intitulado como Carta de Hiroshima:
“Estamos aqui, governador, para dizer que o mesmo sangue que se transforma em leite pelo milagre da biologia, e com o qual amamentamos nossas crianças, nessas mesmas veias, através de nossos peitos, circula também o veneno dos agrotóxicos”, diz um trecho.
“Nos perguntamos com frequência como seria se suas famílias morassem aqui, a sua e a dos 22 deputados que aprovaram essa lei cruel e desumana. Como seria se tivessem que beber da mesma água, respirar do mesmo ar, se alimentar da mesma comida?”, indaga a carta.
“Não queremos ser envenenadas! Não queremos envenenar nossas crianças! (...) A bomba de Hiroshima dependeu de um apertar de botão para explodir e marcar a história como um dos mais horríveis e covardes crimes já cometidos. A bomba dos drones da morte precisa de apenas uma canetada sua para ser desativada.”