"É pros caras fazer uma chacina grande hoje", diz áudios de PMs na chacina do Curió

"É pros caras fazer uma chacina grande hoje", diz áudios de PMs na chacina do Curió

Material foi apresentado pelo MPCE como uma das provas da acusação contra os réus durante interrogatório de uma das testemunhas de defesa dos policiais na manhã desta quarta-feira, 27

O terceiro dia do 4º julgamento da Chacina do Curió, nesta quarta-feira, 27, revelou áudios extraídos de celulares apreendidos de alguns policiais militares investigados no massacre. O material foi apresentado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) como uma das provas de acusação durante interrogatório da terceira testemunha de defesa dos réus.

“É pros caras fazer uma chacina grande hoje”, diz um dos áudios que teriam sido compartilhados no aplicativo “Zello”, utilizado pelos policiais no dia dos crimes. Outros trazem os seguintes trechos: “Fazer uma chacina mesmo e matar de 40 [calibre]” e “Vamos mostrar quem é a Polícia”.

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O órgão ministerial afirmou que os materiais estavam incluídos no processo do crime que vitimou 11 pessoas e deixou outras sete feridas em novembro de 2015. No júri, os áudios foram apresentados à terceira testemunha de defesa do réu, o coronel da reserva remunerada Denio Prates Figueiredo.

A testemunha atuava como presidente do 6º Conselho Militar Permanente de Disciplina, da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), em 2019, quando atuou no processo que apurava a conduta de três PMs, réus no atual júri: Farlley Diogo de Oliveira, Francisco Flávio de Sousa e Renne Diego Marques.

Em 2019, os policiais foram considerados inocentes pela investigação interna da CGD, a qual o atual coronel presidiu com outros membros do conselho militar. No depoimento do coronel no julgamento, foi questionado como foi realizada a apuração interna da CGD que considerou ‘não culpados’ os três policiais.

Conforme a testemunha, a apuração interna foi realizada a partir das provas incluídas no processo, como áudios e vídeos, o que o conselho considerou não haver provas suficientes que apontassem ‘culpa’ dos réus no crime.

No entanto, ao ser questionado sobre os áudios divulgados pelo MP, afirmou que não teve conhecimento dos materiais no processo. A testemunha também disse desconhecer o aplicativo.

O depoimento da testemunha demorou cerca de 3h30min, sendo encerrada por volta das 13h30min. Estão previstas para serem ouvidas outras duas testemunhas de defesa nesta etapa do julgamento.

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Em seguida, os réus serão interrogados e haverá início o debate entre acusação e defesa. Só, então, serão lidos os quesitos aos quais os sete jurados deverão responder e votar para que a sentença seja proferida. A previsão é que o julgamento seja realizado até o fim desta semana.

Estão sendo julgados nesta etapa os PMs Daniel Fernandes da Silva, Gildásio Alves da Silva, Luis Fernando de Freitas Barroso, Farlley Diogo de Oliveira, Renne Diego Marques, Francisco Flávio de Sousa e Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa.

Outros julgamentos condenaram seis PMs e absolveram 14; relembre

Dos 30 policiais envolvidos no processo que investiga o crime, 20 foram levados ao banco dos réus e julgados em três sessões do Tribunal do Júri. Desse total, seis foram condenados e 14 absolvidos. Somados, os julgamentos duraram 214 horas e 30 minutos, sendo considerados os mais longos já registrados pelo Judiciário estadual.

O primeiro júri ocorreu em 20 de junho de 2023 e resultou na condenação de quatro réus. O segundo julgamento foi realizado em 29 de agosto do mesmo ano, quando oito policiais militares foram absolvidos por negativa de autoria.

Já o terceiro júri aconteceu entre os dias 12 e 16 de setembro de 2023, com resultado parcial, onde houve condenações, desclassificações e absolvições. O último e quinto julgamento do crime está marcado para o próximo dia 22 de setembro, quando outros três réus vão a júri popular.

Atualizada às 11h17min desta quinta-feira, 28

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