Policiais são denunciados por dois homicídios ocorridos em 2019 em Fortaleza

Entre os agentes denunciados está o PM preso suspeito de matar uma advogada e a mãe dela em Morrinhos, em março último

Quatro policiais foram denunciados por dois assassinatos ocorridos em 9 de novembro de 2019 nos bairros Conjunto Palmeiras e Jangurussu. A acusação pelos crimes que vitimaram Alisson Xavier Lima e Moisés Silva Santos foi feita nessa segunda-feira, 5, pelo Ministério Público Estadual (MPCE) e aguarda recebimento por parte da Justiça. Os acusados negam envolvimento com os crimes. 

Entre os policiais denunciados está o PM Francisco Amaury da Silva Araújo, preso em março último acusado de assassinar a advogada Rafaela Vasconcelos de Maria, de 34 anos, e a mãe dela, Maria Socorro Vasconcelos de Maria, de 78 anos, em Morrinhos (Litoral Norte do Estado). Ele ainda foi alvo de uma busca e apreensão no último dia 25 em uma operação que investiga a atuação de um grupo criminoso envolvido com o jogo do bicho.

Outro denunciado também havia sido preso recentemente. O policial civil Fernando Jefferson Sales Pinheiro foi preso em abril último suspeito de uma série de roubos contra casas de apostas na região do Grande Pirambu. Os outros policiais denunciados são o PM Halley Handroskowy Magalhães Martins e o policial civil Herlon Martins Marques.

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Os dois homicídios pelos quais os agentes de segurança estão sendo acusados ocorreram em um intervalo de cerca de uma hora. Conforme a denúncia, o primeiro crime vitimou Alisson, por volta das 9h30min, na rua Coqueiro. Ele saía da oficina mecânica onde trabalhava para comprar um lanche quando foi alvejado por 13 disparos.

Já por volta das 10h25min, na esquina das ruas Contorno Sul e Castelo de Castro, foi morto Moisés. No momento do crime, a vítima estava sentado na calçada do estabelecimento comercial pertencente a uma conhecida sua. Moisés também foi morto com 13 tiros. Câmeras de segurança registraram parte da ação.

O duplo homicídio teria sido motivado por uma tentativa de assalto à academia pertencente ao pai de Halley Handroskowy, ocorrida dias antes. Laudo pericial apontou que ambos os crimes foram praticados com disparos da mesma arma de fogo, uma pistola .40 registrada no nome do pai do PM Halley Handroskowy. Na tentativa de assalto, dois adolescentes que teriam praticado a ação foram baleados, sendo que um deles morreu.

"Após esse fato, pretendendo vingar a tentativa de assalto ocorrida na academia do pai de HARLLEY, os réus decidiram matar as pessoas que eles (réus) acreditassem que fossem amigos ou tivesse vínculos com os autores do assalto (motivo torpe), afirmam na denúncia os promotores Alice Iracema Melo Aragão, Ythalo Frota Loureiro e Márcia Lopes Pereira.

No inquérito da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) consta depoimento que afirma que, após a tentativa de assalto, pessoas que seriam ligadas aos assaltantes foram até a academia pedir as imagens das câmeras do estabelecimento. Teria, então, havido o temor de que criminosos da região fossem querer “cobrar” a morte do adolescente.

A investigação também aponta que os policiais praticaram o primeiro crime utilizando um carro que era conduzido por um motorista de aplicativo. Este, em um primeiro depoimento reconheceu os policiais acusados no crime. A ele, os agentes de segurança teriam afirmado que iriam "copiar um TAN ali" — ou seja, monitorar um criminosos e — “que ninguém iria fazer nada de ilícito".

Entretanto, a testemunha voltou atrás do primeiro depoimento e passou a dizer que havia prestado as informações do primeiro depoimento sob coação dos investigadores. O motorista não foi denunciado porque o MPCE entendeu que as provas sugerem que ele não sabia das “reais intenções dos réus”.

Os quatro policiais denunciados chegaram a ser presos temporariamente em novembro de 2019, mas foram colocados em liberdade após o prazo da prisão expirar sem que as investigações tivessem sido concluídas.

Posicionamento da defesa

Em nota, o advogado Kaio Castro, que representa os policiais Fernando Jefferson e Herlon, afirmou que já haviam sido apresentadas "provas cabais" de que os agentes de segurança sequer estavam nas proximidades dos locais dos crimes. O advogado também cita que a única testemunha que incriminava os inspetores é, agora, favorável ao relato dos policiais.

"Convém ressaltar que não existe qualquer filmagem, a perícia das armas dos policiais civis deram negativas e as testemunhas foram favoráveis aos servidores", diz a nota. "No contraditório, iremos apresentar a defesa e aguardaremos a absolvição sumária". 

A defesa de Fernando Jefferson ainda apresentou, no inquérito, uma biometria que comprovaria que, no momento do crime, ele estava em uma academia do bairro Panamericano.  O POVO não conseguiu localizar as defesas dos PMs acusados pelo crime na tarde desta terça-feira.

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