Familiares das vítimas da chacina do Curió vivem expectativa de encontro com governador

Primeiros réus envolvidos na chacina do Curió serão ouvidos no dia 20 de junho deste ano. Familiares buscam encontro com um chefe do Executivo há mais de sete anos

Quase oito anos após a chacina do Curió, que vitimou 11 pessoas, na madrugada do dia 11 para o dia 12 de novembro, em 2015, as famílias das vítimas vivem a expectativa do início do julgamento de parte dos réus envolvidos no caso, que começa no dia 20 de junho próximo. Familiares também aguardam serem recebidos pelo governador Elmano de Freitas (PT).

Na manhã desta terça-feira, 18, famílias dos jovens assassinados estiveram reunidas com representantes do Ministério Público do Ceará (MPCE) e da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) em busca de um diálogo sobre o andamento do caso. O encontro foi acompanhado por membros do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) e da Anistia Internacional Brasil.

Para Edna Carla, 51, uma das lideranças das "Mães do Curió", que teve um filho assassinado na noite da chacina, o encontro desta terça-feira foi encarado como mais um ato de pressão aos entes públicos por justiça.

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"Hoje é mais um dia de cobrança. Também espero que o Elmano nos receba. A minha intenção é de que todos os policiais sejam condenados. O que vivemos é uma perversidade do Estado", pontua.

Ainda durante o encontro, as mães viviam a expectativa de que o governador as recebesse para um diálogo, no turno da tarde. De acordo com o Cedeca, a reunião deve ocorrer na tarde desta quarta-feira, 19. O encontro com um chefe do Executivo é aguardado desde a gestão Camilo Santana (PT). 

"A minha intenção aqui não é que a gente tenha o esforço de juntar todo mundo e fazer um júri para que, no final, sejam absolvidos. A minha cobrança é de que eles sejam punidos, é um direito nosso", afirma Edna, que, durante a reunião, usou seu tempo de fala para expor sua indignação com a segurança pública e com a demora no andamento do caso.

As críticas das mães estão voltadas, principalmente, ao Governo do Estado. Elas pedem a exoneração de todos os agentes envolvidos na chacina, além de uma conversa com o chefe do Executivo estadual. Inicialmente, o MPCE reconheceu o envolvimento de 45 policiais no massacre. Do total, 34 foram acusados, e sete irão a júri popular neste ano.

O procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, que participou da reunião, diz reconhecer o tamanho do julgamento que se avizinha, e promete empenho por parte dos procuradores envolvidos no caso.

"Estamos nos preparando para aquele que vai ser o julgamento mais importante da jurisdição criminal do Ceará na história", define Pinheiro. Ainda de acordo com o procurador-geral, sete promotores de justiça estão à frente do caso. De forma prévia, Pinheiro avaliou que os julgamentos serão de alta complexidade, mas afirmou que todos os promotores estão sendo preparados para o que está por vir.

O encontro desta terça ficou marcado pelo tom de indignação e cobrança por parte das "Mães do Curió". Edna Carla externou a sua preocupação com pressões externas que testemunhas já possam estar sofrendo, assim como teme que o mesmo ocorra com jurados do caso. Ainda na reunião, o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, garantiu que o MPCE fará o possível para que os julgamentos ocorram sem interferências.

Atualizada às 20h20min

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