Rede municipal de Fortaleza: 60% dos alunos do 1º, 2º e 3º anos têm dificuldades em leitura e escrita

Foram identificados níveis críticos e muito críticos, como problemas na identificação de letras, formação de palavras, sílabas, dificuldades na leitura de nomes, frases e textos

Os impactos da Covid-19 na educação ao longo desses dois anos vêm se mostrando pouco a pouco. Em Fortaleza, o cenário mais impactado está no ciclo de alfabetização da rede municipal de ensino.

A partir de uma Avaliação Diagnóstica de Rede (ADR), realizada pela Secretaria Municipal de Educação (SME), em fevereiro deste ano, foi diagnosticado que 60% dos alunos do 1º, 2º e 3º anos na rede municipal iniciaram o ano letivo de 2022 com problemas na leitura e escrita. O percentual corresponde a 33,9 mil alunos da rede de ensino afetados, de um total de 56,5 mil estudantes matriculados.

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No diagnóstico, foram identificados níveis críticos e muito críticos da aprendizagem dos alunos do ciclo de alfabetização, como problemas na identificação de letras, formação de palavras, sílabas, dificuldades na leitura de nomes, frases e textos, a partir do que é esperado para cada série, conforme o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc). Entre exemplos, estão alunos que no final do 2º ano eram esperados concluir a série lendo com fluência, mas que apresentaram dificuldades.

De acordo com a doutora em educação e professora de letramento e alfabetização da Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Claudiana Nogueira de Melo, a alfabetização é um direito de aprendizagem e é fundamental que ela ocorra na infância. “A gente espera que essa aprendizagem ocorra dentro do ciclo de alfabetização. A criança precisa ler e escrever para estar incluída socialmente e poder participar de todas as situações que envolvem a linguagem em vários segmentos sociais”, explica.

Analisando atualmente o cenário da educação municipal, a especialista destaca os impactos da pandemia da Covid-19 nos estudantes. “Depois desses dois anos longe [da escola], houve muitos impactos na aprendizagem dessas crianças. Vão desde o sentimento de pertencimento da cultura escolar que não foi vivenciado, como compreensão das regras do cotidiano escolar e das relações, no qual impactou também; até o baixo desempenho das aprendizagens mínimas para alguém aprender a ler e escrever”, cita.

Estratégias

A Avaliação Diagnóstica de Rede (ADR) foi realizada em todas as séries da rede municipal. No entanto, conforme o diagnóstico, as crianças do ciclo da alfabetização apresentam níveis mais preocupantes. Com o resultado, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da SME, lançou o projeto “Alfa 1, 2, 3”.

A iniciativa trata-se de um programa de recomposição da aprendizagem para fortalecer ações pedagógicas, favorecendo o processo de alfabetização dos estudantes matriculados nas turmas de 1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental das escolas municipais. São, ao todo, 56,5 mil estudantes que serão beneficiados no programa, com foco naqueles que obtiveram rendimento crítico e muito crítico nas Avaliações Diagnósticas de Rede.

De acordo com a secretaria de educação, Dalila Saldanha, a criação do programa busca atuar de forma rápida durante o ano letivo para que a criança se desenvolva dentro do que é esperado, tendo como base os protocolos de aprendizagem. “Que a gente possa nesse ciclo da alfabetização consolidar essas aprendizagens que são esperadas para cada etapa”, informa.

“A gente identificou onde estava o maior impacto no aprendizado das crianças, um impacto negativo. Nós elegemos esse ciclo como a etapa de maior relevância para que, uma vez que o ciclo de alfabetização esteja acontecendo na idade certa, elas continuam se desenvolvendo e a gente vai corrigindo essa defasagem no aprendizado”, explica.

A Prefeitura de Fortaleza informou ainda que a ação contemplará 2.291 turmas das escolas municipais e prevê como principais eixos: a avaliação e acompanhamento da aprendizagem, gestão de sala de aula e formação direcionada aos professores, assistentes de aprendizagem e coordenadores pedagógicos.

O projeto ainda contará com o reforço de 382 assistentes de aprendizagem bolsistas que atuarão nas salas de aulas, realizando as atividades pedagógicas com os professores. 

 

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