Família de homem de Guiné-Bissau que morreu em Fortaleza é vítima de ataques racistas e xenofóbicos

Após os ataques, que foram feitos por meio de mensagens no WhatsApp, a família de Milton Sanca prestou um Boletim de Ocorrência (BO) e espera que o autor possa responder judicialmente

Após a morte de Milton Sanca, 39, natural de Guiné-Bissau, em Fortaleza, no último dia 25 de abril por complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), familiares do motorista estão recebendo ataques racistas e xenofóbicos pelas redes sociais. Por meio de mensagens no WhatsApp, um suposto doador com prefixo de Pernambuco pede para que a família saia do Brasil.

"Que bom que aquele macaco morreu. Há muitos de vocês infestando nosso país e nossa cidade. Saia daqui! Vocês não são bem vindos. [Estão] roubando nossos empregos e vagas de estudo, e dando HIV às nossas mulheres", escreveu em mensagem.

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A família de Milton tem levantado fundos por meio de doações para custear o transporte aéreo do corpo do motorista para o seu país de origem.

Antes do incidente, os familiares também sofreram uma tentativa de golpe de outro suposto doador que afirmou que daria as passagens para transportar o corpo e o irmão do motorista, Adilson Oliveira.

"Pediu nossos dados e enviamos tudo. Fez um bilhete falso da companhia aérea TAP, depois nos pediu R$ 3.600 para terminar toda a compra. Foi aí que comecei a desconfiar que estava caindo em um golpe", explicou.

Os doadores passaram a ter acesso ao número de um dos familiares do motorista, Carlos Zacarias, por ser a chave do Pix de uma das contas para recebimento das doações. Após o incidente com as mensagens racistas e xenofóbicas, a família de Milton registrou um Boletim de Ocorrência (BO) e espera que a pessoa por trás dos ataques possa responder judicialmente. 

"Nós queremos que a pessoa que fez isso seja levada à Justiça. Isso não será feito só para nós, mas, sim, para a sociedade. É tempo de sermos mais humanos e menos animais selvagens. Mas isso só acontecerá quando a Justiça assumir seu papel no que se refere à desigualdade social e racial, principalmente à naturalização do racismo e da xenofobia", pontua Adilson.

Busca por oportunidades

Milton Sanca se mudou para Fortaleza em 2019 com o objetivo de estudar, trabalhar e garantir melhores condições de vida à sua família, que continuou morando em Guiné-Bissau. Na Capital, ele passou a morar no bairro Antônio Bezerra e trabalhava motorista para uma empresa do ramo da construção civil. Ele era casado e pai de quatro filhos. 

Doações para realização do traslado

O corpo do motorista está há 26 dias na Capital, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade para qual Milton foi levado após sofrer um AVC. Apesar de ter sido liberado logo após a confimação da morte, o corpo permanece no local por falta de recursos da família para custear o transporte aéreo para levá-lo de volta ao país de origem.  

A família precisa de aproximadamente R$ 40 mil para financiar o transporte do corpo, de acordo com Adilson Oliveira. Até a tarde deste sábado, 21, o irmão do motorista informou que faltam R$ 7.306 para seja possível conseguir realizar o traslado. O valor total da campanha é referente ao transporte aéreo do corpo de Milton junto com um acompanhante.

As doações podem ser feitas para Adilson, irmão do motorista:

Titular da conta: Adilson Victor Oliveira
Banco: Bradesco
Agência: 5449
Conta: 0011198-8
Pix: 709.626.701-89 (CPF)

(Com informações do repórter Luciano Cesário)

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