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Investigação reforça tese de que morte de comunicador ocorreu em retaliação a notícia

Publicação havia sido feita horas antes do crime. Suspeito preso pelo assassinato nega participação no caso

As diligências realizadas pela Polícia Civil até o momento reforçaram a tese de que a morte de Givanildo Oliveira da Silva, de 46 anos, dono do site de notícias Pirambu News, ocorreu em retaliação a uma notícia publicada pelo veículo sobre a prisão de um suspeito de integrar facção criminosa. A linha de investigação é citada na representação pela conversão da prisão em flagrante de Thiago de Sousa Barros, de 20 anos, em prisão preventiva, pedido feito pela Polícia Civil e atendido pela Justiça.

Thiago, também conhecido como TH, foi preso em flagrante por tráfico de drogas em 11 de fevereiro, quatro dias após a morte de Givanildo, após ser encontrado com ele 43 trouxinhas de maconha. Na ocasião, também a namorada dele, Gerlandia Sabino Vieira, de 20 anos, foi presa, mas ela teve a prisão relaxada pela Justiça. Em 16 de fevereiro, a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão contra Thiago, que seguia preso, pelo caso da morte de Givanildo.

“O representado é contumaz em práticas de crimes violentos contra pessoa, tendo passagens por roubos, homicídios, tráfico de drogas e integra a organização criminosa Comando Vermelho”, afirmou no pedido de prisão preventiva a delegada Patrícia Aragão, titular da 8ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os policiais militares que efetuaram a prisão de Thiago afirmaram que ele era "conhecido" por já ter praticado "vários homicídios", incluindo o que vitimou Givanildo.

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A Polícia Civil colheu o depoimento de uma testemunha, de identidade preservada, que afirma que "segundo comentários no bairro" a motivação para o homicídio foi a veiculação no Pirambu News da prisão de Francisco Airton Vieira Araújo, de 24 anos, feita cerca de duas horas antes ao homicídio.

Francisco Airton é suspeito de um duplo homicídio ocorrido no Pirambu um dia antes da morte de Givanildo. Na ação, foram mortos Lucas Woldem Santos Aragão e Rylner Miranda de Sousa. Este crime teria sido praticado, conforme a Polícia Civil, por as vítimas terem “rasgado a camisa" do CV, ou seja, anunciando que não mais integrariam a facção.

A testemunha ouvida ainda afirmou ser comum as pessoas serem decretadas no Pirambu por denunciarem os membros da organização criminosa ou até mesmo se forem amigas de policiais.

Em seu depoimento, Thiago negou participação no homicídio. Fotos nas redes sociais mostram Thiago fazendo alusão ao Comando Vermelho, mas ele também negou pertencer à facção. Ele disse ser apenas um "correria" de um traficante da região, isso é, vende drogas para o chefe. Mesmo assim, ele afirmou que não pertencia a ele a droga apreendida pela PM. Ele ainda disse que, desde o dia anterior, estava escondido na casa de um familiar após ser apontado como executor da morte de Givanildo.

Suspeito de participação em duplo homicídio

O DHPP já havia representado pela prisão de Thiago — o que não havia sido apreciado ainda pela Justiça — por conta de um duplo homicídio ocorrido no Pirambu em 17 de julho de 2020. Naquela ocasião, Mikael da Silva Ribeiro e Roniellyson Alves de Oliveira foram mortos a tiros no calçadão da Vila do Mar.

Conforme a Polícia Civil, o crime teria sido praticado apenas por as vítimas estarem andando em uma área que seria dominada por uma facção criminosa rival à dos executores, não tendo elas nenhum envolvimento em atividades criminosas. Roniellyson, inclusive, havia acabado de se formar em Direito. O inquérito policial deste caso, porém, segue em andamento.

Thiago também tinha contra si um pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público Estadual (MPCE) por interromper o monitoramento da tornozeleira eletrônica que usava em um processo em que é acusado de crimes de trânsito.

Relembre o caso

Givanildo Oliveira, também conhecido como Gigi, foi morto a tiros enquanto caminhava em uma rua do Pirambu em 7 de fevereiro último. Câmeras de vigilância flagraram a ação. As imagens mostram que Givanildo foi atacado pelas costas, por um homem que surge correndo atrás dele. O homicida dispara diversas vezes contra a vítima. São, pelo menos, três tiros à queima-roupa na cabeça dele.

Criado por Givanildo, que também era corretor de imóveis, o Pirambu News existe desde 2015. Voltado a notícias do bairro, o portal contava com 73 mil seguidores no Facebook e 69 mil no Instagram. Organizações como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) manifestaram pesar pelo crime e cobraram investigações.

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