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Estudo de Unifor e UFC avalia transmissão de Covid-19 em ônibus da Capital

Professor responsável pela pesquisa que avalia características de transmissibilidade da Covid-19 dentro do sistema de ônibus de Fortaleza conversou com a rádio O POVO CBN

Um estudo da Universidade de Fortaleza (Unifor), em parceria com alunos da Universidade Federal do Ceará (UFC), analisou a transmissão do coronavírus no sistema de ônibus de Fortaleza. A pesquisa foi publicada na revista Nature.

Vasco Furtado, coordenador do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da Unifor, conversou com o jornalista Jocélio Leal, da rádio O POVO CBN. Confira abaixo a entrevista:

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Jocélio Leal - O que vocês puderam concluir com a pesquisa?

Vasco Furtado - A gente fez o estudo durante o primeiro e o segundo pico da pandemia, durante o ano de 2020, por nove meses, sendo um estudo longitudinal. A gente viu durante esse tempo como se comporta a transmissão na cidade e dentro do ônibus. No começo da pandemia, quando as pessoas não usavam máscara e usavam o sistema de ônibus, a gente viu como a transmissão era maior. Agora, com a vacina, isso reduziu significativamente.

Uma intuição que era muito empírica, mas que a gente colocou em forma de números e de modelos matemáticos que mostram isso. Uma outra coisa, que de certa forma também é intuitiva, é de que os profissionais que são muito expostos ao vírus, no caso, focamos em profissionais de saúde, usando os sistema de ônibus, eles têm possibilidade de transmitir mais.

Então, seria interessante o poder público trabalhar essa questão dos profissionais como fez, por exemplo, priorizando a vacinação para esse público. Ou talvez criando meios alternativos de transportes (Redes privadas e redes públicas poderiam ter ônibus destinados aos funcionários da saúde).

A gente está querendo dar continuidade ao estudo olhando o retorno às aulas. Vamos ter o mesmo fenômeno com os estudantes, onde eles serão, talvez, muito expostos e, consequentemente, vão voltar ao sistema de ônibus.

Tem que ter esse monitoramento para saber se isso vai, de alguma forma, mudar o nível de contágio, porque a gente pode dizer que o contágio geral dos ônibus era igual ao contágio da cidade, o ônibus é tão perigoso como qualquer lugar fechado que vocês estiverem dentro da cidade. Já está sendo discutido com a prefeitura em um outro projeto, para identificar os transportes e reduzir as lotações, mudando horários para justamente alterar esses picos de lotações.

JL - Como foi feito o rastreamento das pessoas, por exemplo, foi tirado os ar condicionados dos transportes, mas acontecia de alguma pessoa fechar a janela, vocês conseguiram acompanhar esse tipo de caso também?

VF - Como trabalhamos com um grande volume de dados, a gente avalia o volume total, avaliando os milhões e milhões de passagens de ônibus, tivemos acesso a nove meses de passagem de ônibus, então avaliamos todas as pessoas que pegaram Covid-19. A gente junta esses dois bancos de dados, descobre quem estava com Covid-19 no ônibus e com quem essa pessoa estava, assim, a gente faz o rastreamento nessa técnica de quem pegou de quem e depois de quanto tempo pegou.

Não podemos garantir que a pessoa pegou Covid-19 dentro do ônibus, mas quando você olha e analisa esses grandes volumes, a gente começa a ver que não é coincidência, esse é o tipo de estudo que a gente faz a partir da conclusão de tendência de contágio.

Jocélio Leal - A área de sua pesquisa, foi em Fortaleza, mas teve um campo específico de estudo ou não?

Vasco Furtado - Nós tivemos um amplo apoio dos físicos, que são professores da Universidade Federal do Ceará, o Epidemiologista que é professor da Unifor e coordenador do sistema da área de epidemiologia da prefeitura, os professores e alunos da computação e um grande apoio do poder público, a prefeitura. E essa foi uma característica importante da pesquisa, a multidisciplinaridade.

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