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Por que a barragem do Cocó não foi suficiente para evitar alagamento

O cenário no Conjunto Palmeiras é desolador mesmo nesta segunda-feira, 25, um dia após o fim da precipitação intensa
21:29 | Fev. 25, 2019
Autor O Povo
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Tipo Notícia

Não são dias fáceis para quem vive no Conjunto Palmeiras, bairro à beira da barragem do Cocó, inaugurada em 2017 para atender cerca de 11 milhões de famílias. Moradores se viram desabrigados e na tentativa de salvar o que fosse possível - de móveis a animais de estimação. Entre esse sábado, 23, e esse domingo, 24, choveu em pelo menos 122 municípios do Ceará.

Em Fortaleza, a chuva foi a maior do ano, registrando 120,3 milímetros. Para a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), uma confluência de fatores resultou na cheia desse fim de semana.

>> Estagiário comenta drama das enchente e lembra quando teve a casa tomada pela água

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O cenário no Conjunto Palmeiras é desolador mesmo nesta segunda-feira, 25, um dia após o fim da precipitação intensa. Apesar da água do açude ter transbordado, o equipamento ajudou a evitar um quadro ainda mais grave na região. Com capacidade máxima de 6 milhões e meio de m³, a barragem teve investimento de R$ 105 milhões. O divulgado pelo Governo do Estado previa, inclusive, a desapropriação de residências no entorno.

De acordo com o diretor de operações da Cogerh, Bruno Rebouças, a barragem não tem capacidade de conter 100% da água. “A primeira coisa que a gente deve considerar é que essas regiões historicamente alagadas estão muito próximas da margem do rio. Por isso, qualquer subida da água faz com que ela chegue até as casas”, destaca.

O gestor explica que o período é de marés mais expressivas. “A maré, quando entra no continente, acaba servindo de barreira para a água do rio que tende a ir para o mar. Somado a isso, tivemos chuvas intensas. Toda a área de contribuição que vai para o Rio Cocó - Maracanaú, Pacatuba, Castelão - teve precipitação de mais de 120 mm. Isso colabora na ocorrência de inundação”, pontua.

“A barragem faz um trabalho de contenção de cheia, mas também tem um limite. A água passa pelo sangrador, amortece parte da água, mas não tem capacidade de conter 100%. O que é certo é que se não tivesse a barragem, a inundação teria sido maior ainda”, aponta. Ele afirma ainda que ocorrência de inundações é possível mesmo que a barragem não tenha vertido. A época é de maré de sizígia, quando a força gravitacional da Lua Cheia ou da Lua Nova combinada com a do Sol forma marés mais expressivas que o normal.

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