Brasil tem menor desemprego histórico e reduz desalento e informalidade
Das 108,7 milhões de pessoas aptas a trabalhar, 103 milhões estão ocupadas, 5,6 milhões estão desocupadas e 15,4 milhões estão subutilizadas
Os números do mercado de trabalho do Brasil apontam avanços importantes em novembro de 2025, como a menor taxa (5,2%) de desemprego da série histórica iniciada em 2012, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgada nesta terça-feira, 30 de dezembro, evidencia ainda que o País registrou a menor quantidade (2,6 milhões) de pessoas desalentadas desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015, com queda de 12,9% (menos 386 mil pessoas) no ano.
Além disso, houve recuo na taxa de informalidade, saindo de 38% (38,9 milhões de trabalhadores) para 37,7% (38,8 milhões) ante o trimestre encerrado em agosto. Ficando ainda abaixo dos 38,8% (39,5 milhões) do trimestre até novembro de 2024.
Na taxa de desocupação, vale frisar que foi observado recuo de 0,4 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre móvel anterior (5,6%) e de 0,9 p.p. ante igual trimestre móvel de 2024 (6,1%).
Ainda entre os desalentados (aqueles que desistiram de buscar emprego), o índice de 2,3% ficou estável na passagem de um trimestre para o outro, recuando 0,3 p.p. no ano.
Conforme Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, a manutenção do contingente de trabalhadores em elevado patamar ao longo de 2025 assegura a redução da pressão por busca de trabalho, reduzindo “consideravelmente a taxa de desocupação”.
Para o economista Alex Araújo, a taxa de desemprego em 5,2% é um marco estatístico relevante, mas não deve ser confundida com um mercado de trabalho plenamente saudável.
“O Brasil vive um momento de pleno emprego imperfeito: há trabalho, mas nem sempre há qualidade, produtividade ou sustentabilidade”, analisa.
Segundo ele, o problema central do mercado de trabalho brasileiro não é a geração de postos, mas a incapacidade estrutural de transformar trabalho em produtividade, renda sustentável e mobilidade social.
“O Brasil opera, há décadas, em um equilíbrio de baixo crescimento mais alta informalidade e mais baixa sofisticação produtiva, o que limita ganhos reais de bem-estar.”
Números do mercado de trabalho por meio da população brasileira
Ao se olharem os números da população brasileira apta a trabalhar, o País alcançou a menor quantidade de desocupados (5,6 milhões) da série histórica, caindo 7,2% (menos 441 mil pessoas) no trimestre e 14,9% (menos 988 mil pessoas) no ano.
Também houve recorde da população ocupada (103 milhões), com avanço de 0,6% (601 mil pessoas) no trimestre e 1,1% (mais 1,1 milhão) no ano.
Já o nível da ocupação chegou a 59%, na máxima já alcançada na Pnad Contínua. A taxa oscilou 0,2 p.p. no trimestre (58,8%) e estabilizou no ano (58,8%).
Em relação à taxa composta de subutilização (13,5%), o menor patamar da série foi batido, com queda de 0,6 p.p. frente ao trimestre anterior (14,1%) e de 1,7 p.p. ante igual trimestre de 2024 (15,3%).
A quantidade de brasileiros subutilizados (15,4 milhões) chegou ao menor contingente desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014 (15,3 milhões), recuando nas duas comparações: -3,9% (menos 627 mil) no trimestre e -11,9% (menos 2,1 milhões) no ano.
Sobre a população subocupada por insuficiência de horas (4,5 milhões), houve estabilidade no trimestre e queda de 9,1% (menos 457 mil pessoas) no ano.
Os que estão fora da força de trabalho somam 66 milhões, estabilizando no trimestre e crescendo 1,9% (mais 1,2 milhão de pessoas) no ano.
Na somatória, o contingente na força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas), no trimestre de setembro a novembro de 2025, alcançou 108,7 milhões de pessoas.
Número de empregados nos diversos setores
Mais recordes da série histórica foram batidos no Brasil, se considerados o número de empregados no setor privado (53 milhões), mas sem variações significativas no trimestre ou no ano.
A quantidade de pessoas com carteira assinada neste setor (exclusive trabalhadores domésticos), alcançou 39,4 milhões de brasileiros, com estabilidade no trimestre e alta de 2,6% (mais 1 milhão de pessoas) no ano.
Enquanto o volume de empregados sem carteira no setor privado (13,6 milhões) ficou estável no trimestre e recuou 3,4% (menos 486 mil pessoas) no ano.
Mas o pico de empregados no setor público (13,1 milhões) também foi o maior da série histórica do IBGE, com alta de 1,9% (mais 250 mil pessoas) no trimestre e de 3,8% (mais 484 mil pessoas) no ano.
E o montante de trabalhadores por conta própria (26 milhões) acompanhou os recordes, mas se mantendo estável no trimestre e crescendo 2,9% (mais 734 mil pessoas) no ano.
“As ocupações associadas às atividades de serviços de educação e saúde foram as que mais contribuíram para a expansão da ocupação no trimestre”, aponta Adriana.
Setores com destaque no mercado de trabalho do Brasil
Ante o trimestre móvel anterior, a ocupação por grupamentos de atividade apontou para um aumento de pessoas ocupadas apenas em administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,6%, ou mais 492 mil pessoas), com estabilidade nos demais.
Frente ao trimestre de setembro a novembro de 2024 houve aumento em dois grupamentos: transporte, armazenagem e correio (3,9%, ou mais 222 mil pessoas) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (5,6%, ou mais 1 milhão de pessoas).
Na outra ponta, houve redução no grupamento de serviços domésticos (6%, ou menos 357 mil pessoas) e estabilidade nos demais.
Rendimento dos trabalhadores brasileiros
Para finalizar, o rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.574) chegou ao pico, com altas de 1,8% no trimestre e de 4,5% no ano.
Ainda houve recorde na massa de rendimento real habitual (R$ 363,7 bilhões), com salto de 2,5% (mais R$ 9 bilhões) no trimestre e de 5,8% (mais R$ 19,9 bilhões) no ano.
Por grupamentos de atividade, no rendimento médio mensal real frente ao trimestre móvel anterior, o avanço foi registrado em: informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (5,4%, ou mais R$ 266). Os demais não apresentaram variação significativa.
Ante igual trimestre de 2024, os destaques positivos foram para agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,3%, ou mais R$ 154), construção (6,7%, ou mais R$ 177), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (6,3%, ou mais R$ 307), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,2%, ou mais R$ 197) e serviços domésticos (5,5%, ou mais R$ 71).
Neste quesito, a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE explica que os ganhos quantitativos no mercado de trabalho, por meio dos recordes de população ocupada, têm sido acompanhados por elevação do rendimento médio real recebido por essa população ocupada crescente.
“A combinação de expansão do trabalho e da renda impulsionam a massa de rendimento do trabalho na economia”, conclui.
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