Fortaleza lidera no NE, mas perde posição nacional do PIB

Fortaleza lidera o Nordeste, mas perde posição no ranking nacional do PIB, diz IBGE

Mesmo concentrando mais de 37% do PIB do Ceará, Fortaleza vem perdendo participação econômica ao longo das últimas duas décadas
Atualizado às Autor Isabella Pascoal Tipo Notícia

Fortaleza se manteve, em 2022 e 2023, como o município nordestino mais bem colocado entre os 30 maiores do País em Produto Interno Bruto (PIB), reafirmando sua posição de liderança regional.

A capital cearense aparece à frente de Salvador e Recife nos últimos dois anos, consolidando-se como o principal polo econômico do Nordeste

Os dados foram apresentados nesta sexta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2023, Fortaleza continuou detentora da maior fatia do PIB do Ceará, concentrando 37,44% da economia estadual, o equivalente a R$ 86,93 bilhões, de um total de R$ 232,23 bilhões.

Apesar do protagonismo, os dados revelam uma tendência de perda gradual de participação ao longo das últimas duas décadas.

Em 2002, o PIB de Fortaleza correspondia a 46,71% das riquezas do Estado (R$ 13,41 bilhões). Em 2010, esse percentual se manteve praticamente estável, em 46,64% (R$ 37 bilhões).

Já em 2021, a participação caiu para 37,68% (R$ 73,43 bilhões), voltando a subir levemente em 2022, quando atingiu 38,09% (R$ 81,36 bilhões).

Mesmo com a redução histórica de participação no PIB estadual, Fortaleza segue como a capital nordestina com maior Produto Interno Bruto, ocupando a oitava posição entre as capitais brasileiras.

No ranking nacional geral, a cidade aparece na 12ª colocação em 2023, à frente de Salvador (13ª) e Recife (20ª).

Segundo Daniel Suliano, analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), a ausência de Fortaleza entre os dez maiores PIBs municipais do País está relacionada ao peso de municípios fortemente influenciados pela indústria do petróleo.

Como Maricá (RJ), localizada na Bacia de Campos, cuja arrecadação com royalties impulsiona significativamente sua participação no PIB.

De acordo com o analista, Fortaleza mantém uma trajetória de crescimento e consolidação como a maior economia do Nordeste, mesmo sem contar com receitas oriundas da exploração de petróleo.

Ainda assim, ao observar a série mais recente, a capital cearense perdeu uma posição entre os 100 maiores municípios do Brasil em relação ao PIB a preços correntes.

Em 2021, ocupava o 11º lugar, mas caiu para a 12ª posição em 2022, mantendo-se nela em 2023. Segundo Daniel, a concentração econômica no Ceará ainda é elevada.

“Ao longo da série histórica, em média, 72 municípios (39%) tinham participação inferior a 0,1% no PIB estadual, enquanto 100 municípios (54%) produziam entre 0,1% e 1% do PIB do Estado”, explica.

Maracanaú aparece entre os municípios com maior perda de participação

No recorte cearense, Maracanaú chama atenção por figurar na lista dos 30 municípios brasileiros com maiores perdas de participação no PIB nacional.

Apesar disso, o município aparece na última colocação desse ranking, indicando que, embora tenha registrado retração, seu impacto relativo foi menor quando comparado a outras cidades do País.

PIB brasileiro segue concentrado em poucos municípios

No cenário nacional, os dados reforçam a alta centralização da economia brasileira. Apenas 10 municípios concentram cerca de 24,5% de todo o PIB do país. São eles:

  • São Paulo (SP): 9,7% (maior ganho de participação no ano);
  • Rio de Janeiro (RJ): 3,8%;
  • Brasília (DF): 3,3%;

Seguidos por Maricá (RJ), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Curitiba (PR), Osasco (SP), Porto Alegre (RS) e Guarulhos (SP).

Em 2021, cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) nacional foi produzido por apenas 11 municípios.

São esses, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Curitiba (PR), Osasco (SP), Maricá (RJ), Porto Alegre (RS), Guarulhos (SP) e Fortaleza (CE), que respondeu por 0,8% do PIB brasileiro naquele ano.

Ao longo da série histórica, entre 2002 e 2021, o ranking passou por mudanças expressivas. Manaus subiu da sétima para a quinta posição; Osasco avançou da 16ª para a sétima.

Já Maricá teve o salto mais significativo, passando da 354ª para a oitava colocação; enquanto Fortaleza avançou da 12ª para a 11ª posição no período.

A retração recente na participação de alguns municípios está diretamente relacionada ao cenário internacional e à dependência de atividades extrativas.

De acordo com Luiz Antonio do Nascimento, porta-voz da pesquisa e analista de contas do IBGE, embora as primeiras posições do ranking ainda sejam ocupadas por municípios com forte presença da indústria extrativa, a queda no preço do petróleo foi mais acentuada do que a registrada na extração de minério de ferro.

“Nos recortes de perda de participação, vamos encontrar com mais frequência municípios ligados ao petróleo e ao gás do que à extração de minério de ferro”, explica o analista.

Esse movimento ajuda a entender por que as maiores perdas de participação no PIB nacional se concentraram em cidades fortemente dependentes da cadeia do petróleo, como Maricá, Niterói e Saquarema, todas localizadas no estado do Rio de Janeiro.

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