Empresários cobram mais subsídio para ônibus, mas Prefeitura deixa negociação para 2026
Cálculo do Sindiônibus aponta que subsídio mensal deveria ser da ordem de R$ 20 milhões, enquanto a Prefeitura paga algo em torno de R$ 14,5 milhões, além de outros R$ 2 milhões para o transporte alternativo
Após reajuste para janeiro das tarifas de ônibus para R$ 5,40 (passagem inteira) ter acalmado a relação entre a Prefeitura de Fortaleza e os empresários de ônibus, o tema do subsídio deve gerar novos debates em breve.
Cálculo do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) aponta que o auxílio mensal pago pelo Executivo municipal deveria ser da ordem de R$ 20 milhões.
A Prefeitura paga atualmente algo em torno de R$ 14,5 milhões, com mais R$ 2 milhões para o transporte alternativo. E, enquanto os empresários pedem mais, o prefeito Evandro Leitão (PT), quer "pisar no freio".
Ao O POVO, com exclusividade, ele afirmou que quer esperar algum momento em 2026 para conversar sobre subsídios, mas não estipulou quando um encontro com os empresários deva acontecer.
"Continua do mesmo jeito. E, agora, neste próximo ano, vou sentar, vou dialogar, vou discutir, para que a gente possa chegar ao número. Eu não tenho nenhuma dificuldade, desde que seja algo razoável e compatível", pontuou.
Em entrevista ao O POVO na última sexta-feira, 12 de dezembro, na ocasião do "Almoço com o Governador", na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, deu seu ponto de vista sobre essa disputa.
Destacou que o cálculo dos empresários aponta que o repasse de subsídio a ser pago pela Prefeitura deveria ser de algo em torno de R$ 20 milhões mensais.
Segundo ele, apesar do aumento de R$ 0,90 no valor da inteira, a demanda projetada pela Prefeitura para o cálculo é de difícil manter o mercado saudável.
Vale lembrar que, nos últimos anos, a demanda caiu de algo superior a 1 milhão de passageiros mensais, para 550 mil.
Conforme dados divulgados pelo prefeito de Fortaleza ao O POVO, a fatia de passageiros que efetivamente paga a passagem inteira é de apenas 9%. Outros 23% são beneficiados por algum tipo de gratuidade.
A maioria dos passageiros, 68% do total, é de trabalhadores beneficiados com o vale-transporte.
"A nossa conta continua sendo R$ 14 milhões, sendo R$ 12 milhões de subsídio e R$ 2,5 milhões de para o passe-livre estudantil. Foi projetada uma demanda de passageiros pagantes de inteira que é difícil dela se concretizar, já que nos últimos anos não vem se concretizando", complementou.
No ajuste do cálculo em novembro, a Prefeitura prevê que ocorra uma movimentação de 8 milhões de passageiros equivalentes.
Esse quantitativo é obtido a partir do número de passagens inteiras pagas, sendo uma estudantil representando praticamente 1/3 do atual valor da inteira.
Para Dimas, com o avanço das gratuidades, a quantidade de pessoas transportadas precisaria subir para atingir a meta estipulada pela Prefeitura, o que não considera uma realidade viável no curto e médio prazos.
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"Não é uma expectativa. Só aconteceria se viesse algum apoio federal ao longo de 2026, de forma que a gente conseguisse fortalecer o serviço, porque, obviamente, quanto menor a tarifa, mais atraente será o serviço. Outra questão é o volume de oferta, pois não temos conseguido manter na quantidade que a população gostaria, maior frequência e menor espera", elenca.
Em meio às discussões factuais para a sustentabilidade do sistema de transporte público, tanto prefeito quanto empresários esperam o avanço do levantamento de dados iniciado a pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para a criação de uma política nacional de tarifa zero.
Evandro afirma que "não descarta" a discussão da tarifa zero para 2026, inclusive aprofundando utilizando exemplos locais de Caucaia e Maracanaú. Já Dimas afirma estar esperançoso na evolução desse assunto para que o sistema seja resgatado.
Veja a entrevista com o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), na rádio O POVO CBN
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