45% das empresas de alimentação fora do lar no Ceará operaram com lucro em outubro
Pesquisa da Abrasel aponta retomada da confiança após episódios envolvendo bebidas adulteradas no País. Endividamento e dificuldade em repassar a inflação, no entanto, ainda preocupam empresários do Ceará
13:13 | Dez. 03, 2025
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará, entre os dias 10 e 19 de novembro, com empresários do setor de alimentação fora do lar, indica uma melhora gradual no ambiente econômico e uma retomada da confiança do consumidor. Os dados apontam que o mês de outubro sinalizou um cenário mais equilibrado para os negócios.
Conforme o levantamento, 45% das empresas operaram com lucro em outubro. Além disso, 29% das empresas do setor registraram estabilidade operacional, enquanto 26% ainda enfrentaram prejuízo no período analisado.
Na comparação com o mês anterior, a tendência de crescimento se manteve: 43% dos negócios registraram aumento no faturamento, 31% relataram queda, e 26% trabalharam com estabilidade.
O presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, enfatizou que os dados demonstram que o setor está "retomando a confiança do consumidor e respirando um pouco melhor".
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“Os dados mostram que estamos retomando a confiança do consumidor e respirando um pouco melhor depois de um impacto muito duro causado pelas bebidas adulteradas com metanol. Outubro já sinaliza um ambiente mais equilibrado, com menos empresas no prejuízo e parte da inflação sendo repassada. Ainda é um processo lento, mas evidencia que o setor continua resiliente.”
No fim de setembro e em outubro, o país registrou diversos casos de contaminação por metanol encontrado em bebidas adulteradas comercializadas em bares e restaurantes.
Conforme boletim do Ministério da Saúde, do último dia 19 de novembro, o Brasil registrou 16 mortes por intoxicação, com 97 casos registrados, sendo 62 confirmados e 35 em investigação. No geral, 772 suspeitas foram descartadas.
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São Paulo foi o estado mais atingido, com 48 casos confirmados, sendo cinco em investigação e nove óbitos. No Ceará, embora tenham sido registrados casos suspeitos, não houve confirmações.
A pesquisa da Abrasel mostrou também que, apesar da melhora na lucratividade, os desafios estruturais relacionados à inflação e ao endividamento continuam a impactar as empresas.
Em relação ao reajuste de preços, a pesquisa aponta que 41% das empresas não conseguiram fazer nenhum ajuste nos cardápios nos últimos 12 meses. Quase metade das empresas (48%) reajustou seus preços conforme ou abaixo da inflação, e apenas 11% aplicaram aumentos acima do índice inflacionário.
Outro ponto de atenção é o alto nível de endividamento. Cerca de 43% das empresas têm dívidas em atraso. Entre os principais débitos acumulados, destacam-se:
• Impostos federais, citados por 81% das empresas endividadas.
• Tributos estaduais, mencionados por 55%.
• Empréstimos bancários, que representam 52% das dívidas.