Cerne e Senai farão estudo para atrair data centers ao Nordeste e evitar 'curtailments'
Iniciativa busca aproveitar o excedente energético da região, que tem sofrido cortes forçados, ao mapear áreas ideais e modelos de negócio para instalação de grandes consumidores como hubs digitais
O Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) e o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) vão realizar um estudo com objetivo de atrair data centers para o Nordeste. A ideia é diversificar a demanda das indústrias de energia eólica da região, em meio às perdas causadas pelos chamados curtailments do governo.
O setor, caracterizado pelo alto consumo de energia nas operações, seria "a aposta de mais curto prazo" para aproveitar o excedente da oferta de energia elétrica no nordeste, que por falta de possibilidade de escoamento tem sofrido cortes (curtailments) e causado prejuízos bilionários às empresas que geram energia renovável.
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"Nós estamos vivendo um período em que atingimos um superávit bastante significativo de energia na região do Brasil Equatorial, que vai de Pernambuco até o Amapá, incluindo o Rio Grande do Norte, o Ceará e o Piauí", disse em nota o chairman do Cerne e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
O tema foi discutido esta semana em reunião fechada promovida pelo Cerne com executivos, investidores e especialistas do setor de data centers e inteligência artificial do Brasil e da Coreia do Sul. O encontro foi realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, e outros semelhantes são previstos com representantes de gigantes do setor de tecnologia da China e dos Estados Unidos, informaram as entidades.
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"Já que o Sistema não consegue absorver toda a energia que a gente é capaz de gerar, e ainda tem o offshore para entrar, nós temos que começar a conectar novos consumos de grande escala para a região. Isso inclui data centers, plantas de hidrogênio e todo tipo de energia verde", acrescentou Prates. "Nós estamos buscando novos mercados para a nossa energia, e isso é urgente."
O estudo terá cinco etapas, deve durar de 8 a 10 meses, e vai mapear os melhores locais para a instalação de data centers. A definição de modelos de negócio a serem priorizados, e uma plataforma on-line para visualização e compartilhamento dos resultados também está incluída.
"Uma análise locacional como esta nos diz quais são as características que o setor em desenvolvimento necessita e onde elas estão melhor agrupadas e disponíveis. É isso o que a informação oferta para a tomada de decisão do capital. E nós já fizemos isso para a eólica, para a energia solar, para hidrogênio. Então, temos um conhecimento profundo capaz de contribuir também na questão de estratégias locacionais voltadas a data centers", afirmou o diretor do Senai-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello.
Segundo informações divulgadas pelo ISI-ER, a quantidade de data centers no Brasil cresceu 628% entre os anos 2013 e 2023. O País conta atualmente com 164 infraestruturas do tipo, englobando 31 mercados, o que abrange cidades como São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Fortaleza.
Nesta sexta-feira, 18, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou no Ceará uma Medida Provisória (MP) que, entre outras iniciativas, viabiliza a instalação de um data center em Pecém, no Ceará. O setor, porém, aguarda regras mais abrangentes, entre elas o ReData, um regime fiscal especial para os data centers.
80 Anos Senai Ceará | AGIR 22/04/2024
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