Governo Federal dobra recursos da agricultura familiar para o Nordeste
Plano Safra 2025/2026 prevê orçamento recorde para a região de R$ 11 bilhões, Banco do Nordeste amplia crédito rural, incentiva a industrialização e reforça apoio à agricultura familiar
20:17 | Jul. 17, 2025
O Governo Federal anunciou a ampliação dos recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) destinados ao Nordeste, que passam de R$ 5 bilhões para R$ 11 bilhões em 2025. O valor representa o maior volume já direcionado à região dentro do programa, que integra as ações do Plano Safra 2025/2026.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 17, durante o evento de comemoração pelos 73 anos do Banco do Nordeste (BNB), em Fortaleza, com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e do presidente do banco, Paulo Câmara.
Segundo o ministro, a medida corrige uma distorção histórica, em que a maior parte dos recursos do Pronaf se concentrava no Sul do País. “Hoje, o Nordeste concentra mais de 1 milhão de contratos ativos. Isso está impactando diretamente a renda dos agricultores familiares, a produção de alimentos e a qualidade de vida no campo”, afirmou.
Além da ampliação do Pronaf, o Banco do Nordeste contará com um orçamento recorde para o Plano Safra: quase R$ 10 bilhões serão destinados ao financiamento agrícola na região em 2025/2026 — praticamente o dobro do volume registrado em 2022, quando foram liberados cerca de R$ 4,5 bilhões.
Uma das frentes em destaque é o apoio à agricultura familiar. Entre as novas linhas de crédito anunciadas está a que permite a aquisição de tratores de até 70 cavalos, com juros de 2% ao ano, carência de três anos e prazo de pagamento de até dez anos. Para Câmara, trata-se de uma política pública estruturada para impulsionar a modernização da produção e ampliar a produtividade no campo.
A agenda ambiental também foi incorporada ao Plano Safra. Duas iniciativas foram lançadas recentemente: o incentivo ao reflorestamento com espécies frutíferas, que alia renda e preservação, e o programa Quintal Produtivo, voltado ao cultivo diversificado em pequenas áreas.
De acordo com o ministério, em meio hectare é possível cultivar até 40 espécies diferentes, promovendo segurança alimentar e geração de renda para o agricultor familiar.
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No Ceará, o Governo Federal entregou nesta semana, por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário, 10 mil hectares de terra para 500 famílias produtoras, voltadas principalmente à cajuicultura. As terras, localizadas a 80 km de Fortaleza, foram adquiridas com subsídio de 40% no valor das parcelas, que têm início após três anos de carência e podem ser quitadas em até 25 anos.
Outro destaque do evento foi o programa Agroamigo, que completa 20 anos de operação em 2025. O presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, afirmou que o programa tem papel central na interiorização do crédito rural e na inclusão de agricultores de baixa renda. “O banco vive uma nova fase. Tivemos o menor índice de inadimplência, o maior lucro da história e contratações recordes”, afirmou.
Além da agenda agrícola, o banco também reforçou sua atuação no setor industrial. Para 2025, o BNB projeta um orçamento de R$ 6 bilhões para financiar projetos industriais — o dobro do que costumava oferecer em anos anteriores.
A iniciativa está inserida na política da Nova Indústria Brasil, que tem como foco o aumento da eficiência, da produtividade e da sustentabilidade do setor. Conforme Câmara, a instituição está com um chamamento público aberto para apoiar desde pequenas até grandes indústrias na região.
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No total, os bancos públicos federais devem liberar até R$ 10 bilhões para a industrialização do Nordeste nos próximos anos, somando forças entre Banco do Brasil, Caixa, FINEP, BNDES e Banco do Nordeste. O objetivo, segundo o governo, é reduzir desigualdades regionais e impulsionar a competitividade da região.
Outro programa em expansão é o Primeiro Passo, linha de crédito voltada a beneficiários do Bolsa Família. Iniciado em julho de 2023, o programa já atingiu R$ 1 bilhão em crédito liberado e deve encerrar o ano com R$ 2 bilhões contratados. A expectativa para 2025/2026 é realizar até 10 mil operações, ampliando o acesso ao crédito produtivo para famílias de baixa renda.
Questionado sobre os impactos do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, o ministro Paulo Teixeira afirmou que a medida “não tem razão econômica” e que o Brasil avalia diferentes estratégias de resposta, incluindo retaliações comerciais e acionamento de organismos internacionais.
O presidente Lula criou uma comissão, coordenada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, para tratar do tema e negociar com o governo americano até o prazo estabelecido de 1º de agosto.
A perspectiva para o próximo ciclo, segundo o presidente do BNB, é de continuidade na ampliação do crédito e reforço das políticas públicas de apoio à produção, com foco na inclusão produtiva, sustentabilidade e crescimento regional. (Colaborou Carmen Pompeu)
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