Bares e restaurantes aumentarão preços e temem falência após reajuste na conta de luz 

Setor afirma que caso aumento não seja revisado, entrará com ações judiciais solicitando esclarecimento e pedindo que o reajuste seja parcelado

O aumento médio de 24,85% na conta de luz no Ceará impacta diretamente toda cadeia produtiva do Estado. E mesmo que na percepção dos consumidores, com o fim da bandeira tarifária de escassez hídrica, a alta perceptível na conta de luz fique em 5%, no setor de alimentação fora do lar, conforme o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Taiene Righetto, o efeito será “terrível”. Entre os impactos diretos, ele cita o cardápio mais caro, aumento de dívidas dos empreendedores do setor e aumento do risco de falência.

O representante do setor questiona a medida e diz ter ocorrido uma falta de avaliação criteriosa do contexto econômico na definição do aumento. “Nós encaramos isso como uma covardia, em um pós-pandemia jogar um aumento desse. Não só o aumento, questionamos o momento em que ele está sendo aplicado”, afirma o presidente da Abrasel no Ceará.

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Em tom de indignação, Taiene relata o sentimento de desespero de empresários do setor. Ele argumenta que o setor acumula grandes prejuízos durante o período pandêmico e que esperava reverter parte dos débitos com o fim da cobrança extra da bandeira em decorrência da crise hídrica, que entrou em vigor ano passado e foi suspensa no dia 16 de abril. Na prática, a conta de luz mais cara anula a volta da bandeira verde.

“Os órgãos públicos não estão analisando corretamente o cenário econômico. Isso é uma decisão tão absurda, todo setor elétrico está repassando seus custos, mas não estão parando para considerar toda dificuldade da pandemia, não temos caixa para sustentar um aumento desse, fora a inflação generalizada e a redução do poder de compra que está pressionando os consumidores”, acrescenta Taiene.

O empresário destaca que os estabelecimentos acumularam dívidas e que estavam apostando no fim da bandeira escassez hídrica e o relaxamento das medidas restritivas de isolamento social para estruturar a recuperação econômica dos negócios. “Os impactos ainda são incalculáveis, não é só a nossa conta de energia, aumentam os insumos, as bebidas, as carnes, os produtos, tudo. Não vamos mais conseguir contratar, investir, vai ser difícil manter o negócio". 

O setor de alimentação fora do lar no Ceará afirma estar apostando em um diálogo direto com a distribuidora de energia no Estado, a Enel, para solicitar uma justificativa detalhada para o aumento. “Estamos investindo na diplomacia nesse momento, falando com vereadores, deputados, Ministério Público, mas não descartamos de forma alguma entrar na Justiça contra o aumento”, acrescenta Taiene. Ele finaliza destacando que o cenário se apresenta como "extremamente preocupante". 

Resposta da Enel

Procurada pelo O POVO, a Enel Distribuição Ceará afirma que até esta sexta-feira, 22 de abril, não  foi notificada judicialmente sobre o reajuste tarifário implementado após análise e aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

"A companhia está aberta para o diálogo com todas as entidades", pontua em nota ao O POVO. A empresa revela ainda estar em conversa com os sindicatos para agendamento de reuniões individuais para que os devidos esclarecimentos solicitados possam ser revelados para cada empresa. 

"A empresa esclarece também que as tarifas são definidas pela Aneel com base em leis e regulamentos federais e contêm custos que não são de responsabilidade da Enel como: impostos, encargos setoriais, custos de geração e transmissão de energia. Estes valores são arrecadados pela distribuidora e repassados às empresas de geração, transmissão e ao governos federal e estadual (ICMS)", acrescenta a empresa. 

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