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Como o surto de coronavírus pode impactar a economia cearense

Brasil tem relações comerciais estreitas com a China. Impacto econômico pode ser global
20:51 | Jan. 29, 2020
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia

O surto de coronavírus na China, principal parceiro comercial do Brasil, deixa países em alerta. A rapidez com que se espalha a infecção pode refletir na Bolsa e nas logísticas de quem tem relações comerciais com a China ao redor do mundo, e isso inclui o Brasil. Por aqui, nove casos suspeitos de coronavírus estão em investigação, conforme o Ministério da Saúde. Um deles no Ceará.

Ainda é de incerteza o cenário que se forma, mas especialistas já falam em possível retração de 1% a 2% no Produto Interno Bruto (PIB) chinês. Não é de se espantar que o impacto disso seja global, uma vez que o país banca o lugar de segunda maior economia do mundo. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) era de que a China deveria crescer 6% neste ano. Isso significa que o crescimento fique em torno de 4% neste ano.

Gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Karina Frota projeta que, caso a epidemia seja duradoura e as medidas de contenção do vírus não surtam o efeito desejado, o aumento do valor dos produtos importados da China seria o primeiro impacto sentido economicamente.

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"Pode haver retração no que o Ceará importa porque ao que tudo indica, caso a epidemia persista, haverá redução na atividade econômica da China", afirma.

Esse impacto, no entanto, depende de como a China reage ao surto a curto e médio prazo, de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), Luiz Antonio Trotta. "O Brasil é grande exportador de commodities e a China é consumidor desses produtos. Havendo desaquecimento da economia chinesa, impacta nossa economia", pondera.

Ele diz que 53% do que o Ceará exporta são placas metálicas de contratos já em andamento. Depois, vem o setor de calçados, que compra matéria prima da China para produzir e depois exportar. "Apesar do Ceará ter pequena representatividade de comércio exterior (aproximadamente 1%), pode afetar de alguma forma", analisa.

Ceará x China

Cerca de 30% do que o Brasil exporta vai para a China. Por outro lado, o País importa aproximadamente 20% do território chinês. O principal exportar brasileiro é o Rio de Janeiro, conforme o Relatório Relações Comerciais - China, produzido pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) e Sistema Fiec. O Ceará aparece em 19º nessa lista. Em caso de importação, o Ceará é o 10º estado brasileiro.

Dentre os principais setores exportados do Ceará para a China estão: peixes e crustáceos (US$ 7,08 milhões), gorduras e óleos (US$ 6,37 mi), ferro (US$ 6,33 mi), calçados (US$ 5,51 mi) e minérios (US$ 3,28).

Já o setor mais importado da China pelo Ceará é de máquinas (US$ 135,64 mi), além de produtos químicos orgânicos (US$ 117,59), ferro (US$ 88,59), reatores nucleares (US$ 47,25 mi) e filamentos sintéticos ou artificiais (US$ 25,60). Os dados do relatório são referentes ao ano de 2018. Uma possível recessão chinesa impactaria diretamente na oferta e na demanda, e a reação econômica para isso não surtiria efeito a curto prazo.

Missão comercial

Com a disseminação do vírus, uma missão comercial prevista para abril entre um grupo cearense e chineses foi suspensa por medida de precaução, segundo Karina Frota, da Fiec. No último dia 22, O POVO noticiou que uma comitiva de agrônomos chineses esteve no Ceará para visitar as áreas de produção de melão, tendo exportação aprovada. De acordo com o presidente do Ibef, outra missão para exportação de melão pode atrasar, já que a comitiva que viria da China nas próximas semanas "poderá não vir mais".

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