Por R$ 33 milhões, fóssil de dinossauro é levado a leilão nos EUA
Fóssil de Ceratossauro com 150 milhões de anos vai a leilão nos EUA por até R$ 33 milhões e reacende debate sobre a venda de achados científicos
Um esqueleto quase completo de Ceratosaurus, dinossauro carnívoro que viveu há cerca de 150 milhões de anos, será leiloado nesta quarta-feira, 17, pela casa de leilões Sotheby’s, em Nova York.
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Avaliado entre US$ 1,2 milhão e US$ 2,2 milhões (cerca de R$ 18 a R$ 33 milhões), o fóssil batizado de “Barry” reacende um debate cada vez mais acalorado entre a ciência e o mercado, sob até que ponto a comercialização de patrimônios paleontológicos deve ser permitida.
Se Barry será exibido em um museu ou ficará trancado em uma sala luxuosa de colecionador, o martelo decidirá.
Leilão de fóssil: histórico do esqueleto
Com cerca de 2,1 metros de altura e 6 metros de comprimento, Barry foi descoberto nos anos 90, nos Estados Unidos, e pertenceu, por décadas, a uma coleção particular.
Restaurado em 2022 por uma empresa italiana, o fóssil impressiona pelo grau de preservação — mais de 90% do crânio e 80% do esqueleto original foram mantidos. É, segundo especialistas, um dos fósseis mais completos do gênero já encontrados.
Apesar da raridade, o leilão tem causado desconforto entre cientistas e instituições. Paleontólogos temem que esse tipo de peça, essencial para o estudo da evolução e da biodiversidade do planeta, acabe em coleções privadas, inacessíveis ao público e à pesquisa científica. “Esses fósseis não são arte decorativa.
Leilão de fóssil: outro registro de arrematações
Nos últimos anos, a venda de fósseis em leilões de alto padrão se tornou um fenômeno crescente. Exemplares como “Stan” (um T. rex vendido por US$ 31,8 milhões em 2020) e “Hector” (outro Ceratosaurus, vendido em 2022) aqueceram o mercado, incentivando caçadores de fósseis e investidores.
No entanto, países como Brasil, China e Mongólia têm leis rígidas que proíbem a exportação e comercialização desses materiais — o que não ocorre nos Estados Unidos, onde fósseis encontrados em terras privadas podem ser legalmente vendidos.
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Para a Sotheby’s, o leilão é uma oportunidade de valorizar a paleontologia e despertar interesse do público. Já para os cientistas, trata-se de um sinal de alerta sobre a mercantilização do conhecimento.