Líder e tesoureiro da GDE, facção se aliou à TCP, são presos na Grande Fortaleza

Ações foram realizadas na manhã desta quarta-feira, 17, por meio da operação Obstaculum. Homem identificado como líder da facção na região resistiu à prisão, mas acabou sendo capturado

13:15 | Set. 17, 2025

Por: Mirla Nobre
Suspeitos de integrar facção criminosa foram presos pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) (foto: Divulgação/PC-CE)

Um líder e um tesoureiro da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) tiveram mandados de prisão cumpridos durante uma operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), intitulada "Obstaculum", nesta quarta-feira, 17, com foco em crimes em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Além deles, mais 26 suspeitos foram presos por cumprimento de mandados, sendo que 11 estavam recolhidos no sistema prisional e os demais em liberdade. As capturas aconteceram em Fortaleza, Maracanaú, Itaitinga e Maranguape.

A investigação revelou que o tesoureiro, 46, recluso no sistema prisional, era responsável por receber contribuições dos membros da facção em uma espécie de "caixinha". O POVO mostrou que, na GDE, cada integrante é obrigado a contribuir mensalmente com uma determinada quantia, cujo valor inicial é R$ 50.

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“Hoje a GDE conta com mais de 2.000 contribuintes da "caixinha", afirmou o Núcleo de Inteligência Policial (Nuip), em um relatório investigativo da Polícia Civil, o qual O POVO teve acesso. Os “frentes” dos bairros são obrigados a pagar um valor maior, que, de acordo com o Nuip, varia entre R$ 250 (áreas pequenas) a R$ 500 (áreas grandes).

Conforme as investigações, os suspeitos presos na operação também estariam já em atuação pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), que passou a atuar junto com a GDE após a facção estadual anunciar a migração para o novo grupo criminoso. Inicialmente, a operação tinha como foco as capturas de membros GDE.

O suspeito apontado como tesoureiro, conhecido como "Doutor", da organização estaria recebendo a contribuição monetária de membros direto de uma conta bancária vinculada a ele. A investigação revelou que, mesmo preso desde outubro do ano passado, ainda estaria atuando na função.

De acordo com o delegado Rodrigo Delamary, titular da Delegacia de Maranguape, após provas testemunhais, celulares e dados de inteligência e financeiro foi possível identificar o suspeito. A liderança do grupo, de 36 anos, teria tentado fugir durante a abordagem policial, mas foi capturado em posse de um revólver e drogas. A prisão aconteceu na residência dele em Itaitinga.

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O delegado-geral da Polícia Civil, Márcio Gutierrez, afirma que operação visou tirar de circulação criminosos envolvidos com uma facção criminosa local. "Criminosos que já possuem diversas anotações criminais em suas fichas, relacionadas a crimes graves, como tráfico de drogas, homicídios, integrar a organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo e roubos", disse.

Os suspeitos foram levados para uma unidade policial da PC-CE, onde foram lavrados os autos de prisão em flagrante e os presos colocados à disposição da Justiça. Além da acusação de pertencer a grupo criminoso, o líder da facção também irá responder por posse ilegal de arma de fogo.

Ao todo, 30 equipes do Departamento de Polícia Metropolitana participaram da ação, que visa interromper as atividades do grupo na RMF.

Guerra de facções elevou taxa de homicídios em Maranguape

Conforme os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, Maranguape registrou a maior taxa de homicídios no País no ano passado, revelando ser a cidade mais violenta no último ano.

Ainda segundo o levantamento, o cenário de violência reflete a disputa entre facções criminosas CV e Guardiões do Estado (GDE), que elevou a cidade ao topo do ranking.

A região contabilizou 87 mortes em 2024, registrando taxa de 79,9 homicídios por 100 mil habitantes. A pesquisa revelou ainda que o município teve um aumento de 11,5% em comparação ao ano anterior, quando o índice foi de 68,4 por 100 mil habitantes. Na época, a região apareceu em 8º lugar no ranking com o registro de 78 vítimas.