MP denuncia ex-genro e policiais pela morte de servidora pública no Eusébio

MP denuncia ex-genro e policiais pela morte de servidora pública no Eusébio

Maria Madalena Marques Matsunobu teria sido assassinada por ter ficado com a guarda dos netos, filhos de Marcos Ozébio Pires, suspeito de ser o mandante do crime

O tecnólogo em eletrotécnica industrial Marcos Ozébio Pires, de 40 anos e os policiais militares Rebeca Júlia de Almeida Canuto, de 23 anos, Rodrigo Aguiar Braga, de 39 anos, e Wellington Xavier de Farias, de 34 anos, foram denunciados pelo assassinato da funcionária pública Maria Madalena Marques Matsunobu, de 64 anos.

A denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) foi ofertada nesta quinta-feira, 19, enquanto o crime foi registrado por volta das 3 horas do último dia 5 de abril no bairro Urucunema, em Eusébio (Região Metropolitana de Fortaleza).

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Conforme a denúncia, o crime foi ordenado por Marcos, ex-genro da vítima, que teria contratado Rodrigo e Wellington para praticar o assassinato, contando com o apoio de Rebeca Júlia.

Já a motivação do homicídio decorreu, de acordo com a investigação da Polícia Civil, de uma disputa judicial pela guarda dos dois netos de Maria Madalena, filhos de Marcos, assim como de uma pensão deixada pela falecida mãe das crianças.

Maria Madalena estava em casa, dormindo, quando dois homens invadiram o imóvel e efetuaram disparos contra ela. Os criminosos ainda subtraíram os cartões de memória das câmeras de vigilância instaladas na casa, impedindo a obtenção das imagens que registraram o assassinato.

A denúncia descreve que imagens de videomonitoramento flagraram dois homens trafegando em uma motocicleta, cujas placas estavam adulteradas, nas proximidades da residência da vítima por volta das 3 horas no dia do crime.

As diligências policiais identificaram a verdadeira placa da moto, descobrindo que o veículo pertencia à esposa de Rodrigo. Além disso, a mesma placa clonada que foi posta na moto também constava em um carro cujos ocupantes teriam monitorando Maria Madalena dias antes da execução.

O automóvel foi visto parado em frente à casa da vítima por volta de 5h30min do dia 2 de abril, ocasião em que testemunhas notaram que o condutor estava filmando a residência. Esse carro pertenceria a Rebeca Júlia.

Durante a investigação, diversas testemunhas relataram que Marcos ameaçava Maria Madalena desde 2018, quando a filha da vítima, ex-companheira do suspeito, morreu em decorrência de um câncer. Havia, inclusive, uma medida protetiva que impedia que Marcos se aproximasse da ex-sogra.

Uma pessoa ouvida pela Polícia Civil contou que, em março, quando Maria Madalena obteve a guarda das crianças na Justiça, a vítima disse que “sabia que iria sofrer muito, porque Marcos não iria lhe deixar em paz”.

Outra testemunha relatou ter presenciado quando Marcos ligou para Maria Madalena e a ameaçou dizendo: “você vai me devolver meus filhos hoje... Senão, vou acabar com você”.

Marcos foi preso preventivamente em 9 de junho último. Em depoimento, ele negou envolvimento com o crime, afirmando que esteva em casa durante a madrugada em que o crime foi registrado.

O suspeito também afirmou não ter policiais em seu círculo de amizade, embora tenha tido que talvez possa ter prestado serviços a agentes de segurança. Marcos, porém, confirmou ter passado de carro, um dia antes do crime, nas proximidades do restaurante pertencente à esposa de Rodrigo, estabelecimento localizado no bairro Guajiru.

Já os PMs denunciados ainda não foram ouvidos pela Polícia Civil. Outras diligências investigativas ainda estão em andamento, como a extração dos dados dos celulares apreendidos com os suspeitos.

PMs também são suspeitos de matar empresário em Fortaleza

Rebeca Júlia, Rodrigo e Wellington estão presos desde 9 de maio, mas por força de um mandado de prisão temporária referente a um outro crime, o assassinato do empresário Vinícius Cunha Batista, em 30 de abril, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza.

Nesse caso, câmeras de vigilância mostraram dois homens, em uma moto, executando a vítima no momento em que o empresário deixava uma padaria onde havia se reunido com um secretário da Prefeitura de Limoeiro do Norte (Vale do Jaguaribe) — Vinícius tinha contratos no ramo da iluminação pública com diversos municípios.

A Polícia Civil identificou Rodrigo e Wellington como os ocupantes da moto, que também tinha placa clonada. Da mesma forma, o carro pertencente a Rebeca Júlia foi visto dando apoio à ação dos motociclistas.

“No mencionado IP nº 322-436/2025 (que investiga o assassinato de Vinícius), consta, ainda, a suspeita de que WELLINGTON XAVIER DE FARIAS integre um grupo de sicários, que se utilizam de sua expertise e treinamento obtidos a partir do Poder Público, para praticar crimes contra a vida”, afirmou o promotor Elio Ferraz Souto Junior na denúncia referente ao caso de Maria Madalena.

“Assim, se mostra razoável concluir que REBECA JULIA DE ALMEIDA CANUTO e RODRIGO AGUIAR BRAGA também façam parte do mesmo grupo de extermínio, uma vez que atuam de forma conjunta e coordenada praticando delitos com idêntico modus operandi”.

Ainda é investigado quem teria sido o mandante da execução de Vinícius. O POVO procurou a defesa dos quatro denunciados, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

 

 

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