Chacina de Camocim: entenda o caso e veja as últimas notícias

Quatro policiais civis foram assassinados na madrugada deste domingo, 14, em Camocim; saiba tudo o que já foi revelado sobre o caso da chacina até o momento

O Ceará teve, neste domingo, 14, um assassinato de quatro policiais em Camocim, no Litoral Norte do Estado. O crime ocorreu durante a madrugada, na delegacia do município. Órgãos de segurança receberam as primeiras informações sobre os disparos por volta das 4h45min.

Este é o caso com maior número de vítimas policiais nos últimos 15 anos no Ceará.

Chacina em Camocim: quem são as vítimas?

As vítimas da chacina em Camocim são quatro policiais civis. Foram mortos os escrivães Antonio Claudio dos Santos, Antonio Jose Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

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Eles foram velados em cerimônias em Fortaleza, Camocim e Teresina (PI). Velórios foram acompanhados de cortejos.

Quando e onde ocorreu a chacina de Camocim?

A chacina aconteceu na Delegacia Regional de Camocim na madrugada deste domingo, 14. No momento do crime, três das vítimas dormiam no alojamento da unidade e foram mortas durante o sono. Outro policial tentou fugir, mas também recebeu tiros e morreu.

Delegacia Regional de Camocim está temporariamente fechada e deve retornar às atividades até a próxima sexta-feira, 19 de maio. Até o retorno, procedimentos da unidade serão realizados na Delegacia Regional de Sobral. 

Quem é o suspeito da chacina em Camocim?

Após o crime, o inspetor da polícia civil Antônio Alves Dourado foi para casa e gravou um vídeo pedindo desculpas e alegando ter sofrido assédio moral e perseguição. Ele se identificou como autor da chacina e se entregou às autoridades. Dourado foi autuado em flagrante e aguarda audiência de custódia.

Chacina de Camocim: o que aconteceu com o suspeito?

O suspeito se entregou e foi preso e autuado em flagrante no domingo, 14. Ele foi transferido para Sobral, teve sua audiência de custódia nessa segunda-feira, 15 de maio, e teve a liberdade provisória negada.

No processo do policial há um requerimento para que ele seja transferido da Penitenciária Industrial de Sobral para o Presídio Militar para a continuação do tratamento psiquiátrico. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirma oficialmente apenas que ele está no sistema penitenciário. 

No documento consta que a Penitenciária de Sobral não dispõe de estrutura apropriada para o acompanhamento psiquiátrico. No processo consta ainda que foram encaminhadas as armas e a solicitação de exames para verificar se o policial havia feito uso de substâncias como álcool e drogas.

Ao tentar contato com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) sobre a decisão da Justiça a respeito da transferência do preso, a informação recebida pelo O POVO é que o caso está em segredo de Justiça.

Chacina de Camocim: como foi o crime?

Segundo Auto de Prisão em Flagrante (APF), a Delegacia Regional de Camocim estava trancada na madrugada do domingo, 14, quando o inspetor chegou ao local em sua moto, carregando consigo um botijão de gás. Ele pulou o muro de trás da delegacia e, usando a chave que tinha do local, teria conseguido surpreender as vítimas durante o sono.

Os escrivães Francisco dos Santos Pereira e Antônio José Rodrigues Miranda e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira estavam em redes no dormitório da delegacia quando foram mortos pelo suspeito.
A quarta vítima, Antonio Claudio dos Santos, tentou escapar pulando da parte de cima do prédio para a garagem, na queda, ele teria quebrado o braço. Apesar da tentativa, ele também foi atingido nas costas por disparos.

Depois do crime, o suspeito teria então pulado o muro da delegacia e se evadido do local em uma viatura da Delegacia, que foi posteriormente deixada em uma unidade de saúde. O policial foi para casa, onde gravou um vídeo confessando o crime e pedindo desculpas, afirmando que destruiu a sua família, bem como as dos policiais que morreram.

Em casa, o inspetor teria ligado para um subtenente, confessando a autoria do crime e pedindo que o PM fosse sozinho à sua casa para que ele pudesse se entregar. Ele mesmo teria se algemado e afirmado que as armas do crime estavam no jardim da sua casa.

Suspeito tinha atestado de psicóloga para afastamento do trabalho

A defesa de Dourado apresentou um atestado emitido no último dia 11 de maio por uma psicóloga de uma clínica particular em Camocim para 15 dias de afastamento do inspetor de serviços laborais. No documento, a profissional informa que o suspeito tinha transtorno de ansiedade e depressão.

Ele tinha acompanhamento psicológico quinzenal desde março de 2022, após ter procurado atendimento depois de ter presenciado um homicídio. No processo, há também anexado um documento solicitando a avaliação e a conduta de especialista. Receitas com medicação de uso controlado e um laudo psicológico constando transtorno de ansiedade e depressão estão entre os documentos resultantes.

No laudo psicológico anexado ao processo, há ainda descrição de queixas de sofrimentos obtidos por companheiros de trabalho e de que, a partir de vários acontecimentos, Dourado teve o desenvolvimento psicológico comprometido.

Conforme o laudo, o policial civil sofria de tremores, nervosismo, mãos e pés gelados, taquicardia, insônia, isolamento, pensamentos suicidas, entre outros.

Qual a motivação da chacina de Camocim?

No vídeo gravado pelo suspeito, Dourado afirma ter passado por assédio moral de forma constante e intensa e reclama de perseguição. Ele diz ter recebido cargas de trabalho que não tinha condições de cumprir e menciona ter sido "esquecido" ao passar dois anos na delegacia de Jijoca de Jericoacoara. Dourado disse também sofrer humilhação por parte de colegas e superiores.

De acordo com o Relatório de Local de Crime, os verdadeiros alvos do inspetor não eram as vítimas, mas os gestores da Delegacia.

Chacina de Camocim: suspeito era investigado

Junto a outros dez policiais, Dourado é investigado em sindicância no caso da morte de um jovem na Delegacia de Camocim. O caso ocorreu em 2022.

Na ocasião, Matheus Silva Cruz, de 19 anos, estava algemado e sob custódia após brigar com um policial militar em uma boate da cidade. Ele aguardava para ser ouvido no registro da ocorrência.

Enquanto Matheus permanecia detido dentro da delegacia, o policial com quem ele havia trocado agressões horas antes chegou à unidade policial e atirou no jovem, que morreu. Os policiais civis que estavam no local são investigados por omissão, negligência e prevaricação.

Confederação vai se reunir com Ministérios para discutir saúde mental de policiais

Em reunião, de data ainda não definida, com o Ministério da Saúde e Ministério da Justiça, a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Polícia Civil (Cobrapol) pretende discutir questões ligadas a assédio moral e à saúde mental de agentes das Forças de Segurança. A informação foi divulgada pelo presidente da Cobrapol, Andriano Bandeira, durante a missa de 7º dia dos policiais vítimas da chacina. 

A pauta deve ser levada a Brasília para que, com embasamento em dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sejam discutidas políticas públicas voltadas aos agentes. Segundo os dados, 63,5% dos profissionais de segurança são vítimas de assédio moral ou humilhação no ambiente de trabalho.

Atualizada às 18h25min desta sexta-feira, 19

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