Extorsão de traficantes e facilitação de crimes: veja como agiam 14 PMs presos nesta terça, 29

Extorsão de traficantes e facilitação de crimes: veja como agiam 14 PMs presos nesta terça, 29

Alvos recebiam propina de traficantes para permitir ações criminosas na região da Grande Messejana. Policiais utilizavam aparatos da Polícia Militar para encontrar traficantes com mandados em aberto e chantageá-los

Quatorze policiais militares foram presos na manhã desta terça-feira, 29, na operação “Kleptonomos”, por facilitar a ação de organizações criminosas e por extorquir traficantes nos bairros Paupina e Coaçu, região da Grande Messejana, em Fortaleza. Operação é do Ministério Público do Estado (MPCE).

Além de acobertar a venda de drogas, o grupo também usava os sistemas da Polícia Militar do Ceará (PMCE) para encontrar traficantes com mandados de prisão em aberto e extorqui-los. Os valores variavam conforme o poder financeiro do traficante alvo da chantagem, com algumas cobranças chegando a mais de R$ 3 mil.

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“Dependia muito do alvo. Eles faziam uma pesquisa nos sistemas e viam o potencial daquele traficante. Um traficante que comercializava muita droga, o valor da cobrança seria outro. Isso ia de acordo com o processo seletivo de poder econômico desses traficantes”, explica Adriano Saraiva, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), órgão ministerial responsável pela investigação.

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Os presos foram capturados nos municípios de Fortaleza, Pacoti, Itaitinga, Russas e Maracanaú, além de Maceió, capital de Alagoas. Os alvos foram capturados parte em suas residências na Capital, parte em viagens pelos municípios do Interior, durante o cumprimento de licenças policiais e folgas.

Alguns dos policiais ainda faziam parte do corpo policial da Grande Messejana até o momento da operação, sendo interceptados no caminho para o batalhão. Outros dois acusados continuam foragidos e são procurados por equipes da PMCE.

As prisões decorrem de investigação iniciada no final de 2023. De acordo com as investigações, os agentes recebiam pagamentos ordinários de traficantes para permitir a venda de entorpecentes e avisar sobre futuras operações policiais.

Tudo acontecia durante o horário de trabalho dos policiais, quando os acusados entravam na Comunidade do Pôr do Sol e no Residencial dos Escritores para cobrar as “cotas”, como eles chamavam a propina oferecida pelos traficantes.

As ações eram realizadas com o uso de viaturas da Polícia Militar e balaclava, para cobrir o rosto dos policiais.

Todos os policiais foram afastados de suas funções na Polícia Militar. Houve ainda quebra de sigilos bancários e telefônicos, além de outras medidas cautelares.

Durante a operação também foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, que resultaram no recolhimento de armas da PMCE, drogas, quantias financeiras e celulares portados pelos alvos. Os aparelhos serão analisados como prova das acusações, a fim de encontrar eventuais comunicações entre os policiais e os traficantes.

Policiais deverão ser julgados pela Auditoria Militar

Toda a investigação realizada pelo Gaeco resultou em denúncia aceita pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) contra os 16 policiais nos crimes de extorsão, corrupção e facilitação ao tráfico. Os PMs agora serão julgados pela Auditoria Militar do TJCE, que irá decidir sobre possíveis condenações e expulsões dos réus da corporação.

Para o titular da Coordenadoria de Polícia Judiciária e Disciplinar da PMCE, coronel Marcus Monteiro, a acusação dos réus é uma forma de coibir novos casos como este, onde agentes usam do cargo na Polícia para colaborar com o crime em benefício próprio.

“Aqueles que se sentirem à vontade para praticar delitos dentro da corporação, a carreira dele vai ser bem curta. Estamos fiscalizando, estamos de olho e vamos combater qualquer desvio de conduta e irregularidade dentro da nossa instituição. Não vamos admitir esse tipo de comportamento”, pontuou Monteiro.

Além de PMCE e MPCE, os trabalhos investigativos também tiveram participação do Gaeco de Alagoas e da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (Coin-SSPDS).

O nome da operação “Kleptonomos”, tem origem no grego clássico, a partir da junção das palavras “klepto”, que significa roubar, e “nomos”, cuja tradução é “lei ou ordem”, resultando no termo “aquele que rouba da lei”.

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