Volume nos açudes do Ceará supera 31%; bacias do Banabuiú e do Curu seguem em situação crítica

Não existe risco de desabastecimento no Estado, mas o cenário exige ainda cuidado. Dos três maiores reservatórios do Estado, apenas o Orós tem volume acima de 30%

Chegado o terceiro mês da quadra chuvosa, o volume geral nos açudes do Ceará registra a marca de 31,1% da capacidade total. São 5,76 trilhões de litros de água nos reservatórios do Estado. O cenário é melhor que em junho do ano passado, quando as reservas estavam em 30%, mas a situação ainda insipira alerta.

Para o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado (SRH), Francisco Teixeira, a expectativa é que o volume fique entre 35% e 40% ao fim do período de quadra chuvosa no Ceará, que dura entre fevereiro e maio. “Embora tenha uma distribuição geográfica irregular, muitas regiões estão bem abastecidas. A Região Metropolitana, que é a que mais demanda água para consumo humano, tem mais 60% das suas reservas hídricas”, afirma.

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Segundo o monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), os bons índices estão concentrados na porção norte do Estado, que abrange a faixa litorânea e as bacias hidrográficas do Acaraú e do Coreaú. Nelas, o volume atual varia entre 61% e 89% da capacidade. Já na região central, as bacias do Banabuiú e do Curu ainda não registram acúmulos expressivos e estão com volumes de apenas 7,6% e 14,8%, respectivamente.

“Vivemos uma crise hídrica desde 2012, quando começamos a ter precipitações abaixo da média. A década passada foi marcada por irregularidade de chuvas”, contextualiza Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh. “De 2018 para cá, começamos a ter chuvas melhores, mas concentradas principalmente na porção mais ao norte”. Os seis anos de estiagem entre as quadras chuvosas de 2012 e de 2017 foram as mais longas do registro histórico, superando em tempo períodos marcantes como as grandes secas de 1877, 1915 e 1932.

 

Recarga de água de 2022 já supera 2021 inteiro

Desde janeiro, os 155 reservatórios monitorados pela Cogerh tiveram aporte de 2,3 trilhões de litros de água. Essa recarga representa 12,4% da capacidade total dos açudes cearenses e já é maior que o registrado em todo o ano de 2021.

Segundo Rebouças, uma recarga satisfatória depende de chuva caindo no lugar certo (como nas cabeceiras dos rios), em quantidade expressiva e por dias seguidos. Os 37 dias consecutivos de precipitações em Fortaleza, por exemplo, não contribuem para o abastecimento da Capital pois os reservatórios que suprem o consumo fortalezense estão na Região Metropolitana e no Interior.

Além disso, ele destaca que os 26 açudes que estão sangrando e os cerca de três com volume acima de 90% são de pequeno porte e importância local. Dos três maiores reservatórios do Ceará, apenas o Orós tem volume acima de 30%. O Castanhão está com 17,26% e o Banabuiú, 8,27%. Ao mesmo tempo, 59 estão com menos de 30% da capacidade.

Nos parâmetros da Cogerh, um açude está em situação muito critica quando seu volume está abaixo de 10% e baixa quando entre 10% e 30%. A situação de alerta abrange os com volume entre 30% e 50%. De 50% a 80%, a situação é confortável e acima de 80%, muito confortável. 

Segundo o diretor de operações da Companhia, não existe risco de desabastecimento, mas o cenário exige ainda cuidado, restrição de usos múltiplos e priorização do abastecimento humano. “Mesmo para os reservatórios com volume muito confortável hoje, é normal que a gente pondere um uso eficiente da água. Vivemos em uma região semiárida. Temos anos com boas chuvas, mas sempre tem a incerteza do ano seguinte; se terá um bom inverno ou se será uma seca”, conclui.

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