Pesquisa aponta para alto risco de deslizamento em falésias do Nordeste

Estudos realizados no litoral do Rio Grande do Norte servem de alerta para o estado do Ceará

Um dos atrativos turísticos da costa cearense pode representar grande risco aos seus visitantes, caso medidas de segurança não sejam adotadas em breve. É o que aponta um estudo realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que avaliou o risco de deslizamento em falésias.

A pesquisa foi realizada no litoral do Rio Grande do Norte, mas parte dos resultados se aplicam para todas as zonas que possuem falésias na região, é o que explica o professor Rubson Pinheiro, do Curso de Geografia da UFC e um dos coordenadores do Projeto Falésias.

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"Os resultados podem ser aplicados de forma geral, mas também seria necessário um trabalho detalhado de classificação e mapeamento de risco das falésias do Ceará", aponta o pesquisador.

Os estudos visam investigar o risco de desabamento e propor medidas de segurança aos turistas que visitam essas áreas do litoral. De acordo com Rubson, as falésias têm sofrido com a elevação do nível do mar, sendo atingidas por onda durante a maré alta, o que faz o estudioso constatar que os processos erosivos estão atuantes não só no litoral potiguar, mas também na costa cearense.

O projeto "Falésias" contou com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e teve a participação de geógrafos, geólogos, engenheiros civis, além de estudantes de graduação. Os trabalhos foram realizados entre os meses de março e dezembro de 2021.

As falésias de Pipa, no município de Tibau do Sul, e Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte, foram escolhidas como base da pesquisa, após o deslizamento que vitimou uma família em novembro de 2020.

Em 2021, um outro acidente foi registrado nas falésias de Pipa, quando um jovem de 19 anos caiu durante um passeio de quadriciclo. Para Rubson, é necessário que haja uma capacitação dos operadores de turismo, para que os visitantes não sejam expostos ao risco.

"Falta uma disseminação da cultura do risco. Até um leigo que chega na borda de uma falésia, olha para o chão e observa blocos caídos, entende que estar ali é perigoso. É preciso educação de um turismo mais responsável", destaca.

Questionado se os acidentes registrados no Rio Grande do Norte poderiam se repetir no Ceará, o pesquisador é enfático ao afirmar que sim. "Há uma situação de risco iminente, você tem um paredão enorme que está em uma fase erosiva ativa, que significa dizer que ele está soltando blocos, e esses blocos colapsam e qualquer pequeno bloco, que possa cair e atingir uma pessoa, acaba sendo fatal."

O pesquisador relata que, apesar das conclusões gerais do estudo realizado se aplicarem a grande parte das falésias da região, é preciso que se desenvolvam estudos com foco voltado para as falésias cearenses.

"Lá nós fizemos um trabalho muito detalhado de mapeamento e classificação, que seria muito útil que fosse feito aqui também, para orientar o poder público ao que fazer em relação a essas áreas."

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Classificação de risco

Neste ano, após o deslizamento de rochas que vitimou dez pessoas em Capitólio-MG, o Ministério do Turismo solicitou que os Estados façam um trabalho de classificação de risco para um mapeamento de segurança de pontos turísticos no País.

A pesquisa realizada pela UFC em parceria com a UFRN apontou que atualmente 60% da costa potiguar, o que totaliza 245 quilômetros, sofre erosão ou ação de processos erosivos.

De acordo com o Rubson, as falésias de Beberibe, Morro Branco, Canoa Quebrada e Icapuí fazem parte do mesmo contexto apresentado no estado vizinho, mas que dados precisos só poderão ser informados após uma avaliação minuciosa.

Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) informou que a pesquisa realizada ajudará no desenvolvimento do Plano Estadual de Contingência, que faz parte da Política de Gerenciamento Costeiro do Ceará.

De acordo com a pasta, o Plano irá identificar quais são os pontos mais frágeis, e isso vai permitir que trabalhos sejam realizados junto aos municípios e à população, em busca de prevenir acidentes como desmoronamentos.

Ainda segundo a nota, a Sema utilizará a pesquisa realizada como "base para a proposição de uma série de políticas públicas que deverão ser adotadas", voltadas, principalmente, para a prevenção de acidentes.

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