Facções estavam destruídas e voltaram com motim, diz secretário: "Wagner sabe de sua participação"

Secretário da Segurança, Sandro Caron, respondeu ao Capitão Wagner: "Que moral tem Capitão Wagner para falar de segurança? A pessoa que mais incentivou motins para desestruturar a segurança do Ceará. Já Wagner acusa o governo de se aliar às facções

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Sandro Caron, respondeu às críticas do deputado federal Capitão Wagner (Pros) sobre a atuação das facções criminosas no Ceará. Caron afirma que esses grupos estavam fragilizados, e voltaram a se organizar após o motim de policiais militares em fevereiro de 2020. O secretário responsabiliza Capitão Wagner.

"Em 2019 o Ceará teve a maior redução de homicídios do Brasil. Aí veio esse movimento criminoso do motim, feito por uma minoria de PMs, que buscou desarticular a segurança com fins eleitoreiros, comandado por alguns políticos. Capitão Wagner sabe que estimulou tudo isso. Ele prejudicou seriamente a segurança do Ceará. Os homicídios dispararam depois disso. As facções, que estavam esfaceladas, tomaram fôlego e se sentiram mais fortes", disse Caron. "Hoje estamos tentando recuperar o terreno perdido, porque a maioria da nossa Polícia é séria e competente, e vem trabalhando forte para isso."

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No último sábado, Wagner respondeu às críticas do governador Camilo Santana (PT) e apontou que, segundo ele, as facções controlam o Estado. "É fake news ou é verdade que facções mandam no Ceará? É fake news ou verdade que estão expulsando moradores das periferias? A segurança está sob controle do governo ou das facções?", disse em live.

"Quem mora no Bom Jardim diga se é mentira que o dono da farmácia foi cobrado em cinco mil reais por facções. E que no Pirambu as facções estão cobrando 30% dos provedores de internet." A fala de Wagner era uma reação a declaração do governador Camilo Santana, que acusou opositores de disseminarem fake news.

Nesta terça-feira, 21, Caron entrou na discussão e apontou o que considera responsabilidade de Wagner. "As facções estavam destruídas no Ceará, com o Estado apresentando a maior redução de homicídios do País. Mas tinha uma eleição pela frente e tentaram desorganizar a segurança com fins eleitoreiros. Capitão Wagner sabe de sua participação nisso. Uma ação irresponsável e inconsequente prejudicou os cearenses."

O secretário reforçou sobre o papel de Wagner na paralisação dos policiais. "Uma minoria participou desse motim criminoso. Capitão Wagner e comparsas seus sempre estimularam essa desordem. Não recuaremos. Sempre estaremos fortes no combate ao crime."

Caron assumiu a SSPDS seis meses após o término do movimento dos policiais. Capitão Wagner é pré-candidato a governador no ano que vem. Segundo o secretário, o deputado federal trabalha para desestabilizar a segurança.

"Lamento que um deputado cearense, como Capitão Wagner, leve a vida a torcer e trabalhar contra a segurança do Estado. Ele enaltece as facções, em vez de enaltecer o grande trabalho da polícia. Sou da Polícia Federal, trabalhei em vários estados, mas o que vejo que se tenta fazer aqui é absurdo. Joga contra. Ele pode ter os interesses dele, mas jamais trabalhar para prejudicar a população. Ele luta sempre para desestabilizar a segurança do Ceará", afirmou.

O secretário reforçou: "Reflitam comigo: que moral tem Capitão Wagner para falar de segurança? A pessoa que mais incentivou motins para desestruturar a segurança do Ceará. Lastimável."

Em 2019, o Ceará teve queda de 50% dos homicídios. Isso na comparação com o ano anterior. Em 2017 e 2018, o Estado teve os dois anos mais violentos da história. Em janeiro de 2020, antes do motim, o número de homicídios subiu 38% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em fevereiro, mês do motim, o aumento foi de 180% na comparação com fevereiro de 2019. Os aumentos se seguiram até fevereiro deste ano, quando houve queda na comparação com 2020. Em agosto deste ano, voltou a haver crescimento na comparação com o ano passado, após seis meses de queda.

O secretário Sandro Caron destacou a confiança na Polícia no enfrentamento das facções. "Não tenho dúvida de que iremos vencer essa guerra. Temos uma Polícia cearense competente e comprometida, que irá trabalhar noite e dia. Me doarei 100% por isso. Já estamos reduzindo os homicídios e iremos reduzir ainda mais. Temos uma grande polícia. Cada bandido desse terá o caminho da cadeia."

Wagner diz que governo é aliado das facções

"O secretário é uma boa pessoa e foi escalado pelo governador pra me responder e só faz isso porque tem de cumprir as ordens do governador", respondeu Wagner ao O POVO. O deputado destacou que, desde 2006, "quando Cid (Gomes) prometeu resolver o problema da violência com o Ronda do Quarteirão", mais de 50 mil pessoas foram assassinadas no Ceará. "Isso é o mesmo que a população da cidade de São Gonçalo do Amarante ser exterminada."

Wagner disse ainda que as facções migraram de Rio de Janeiro e São Paulo porque viram, segundo ele, que poderiam agir livremente no Ceará. "Pergunta ao secretário quem fez acordo com as facções nas eleições passadas pra ganhar a eleição ("ele sabe muito bem) . Isso sim é enaltecer as facções. Eles não só enaltecem, mas são parceiros e aliados", acusou o deputado.

Ele diz ainda: "Pergunta ao Secretário quem proibiu os policiais de invadir as casas dos traficantes, mesmo em flagrante deito, exigindo do policial documento assinado pelo dono do imóvel (traficante) para invadir a casa do criminoso."

Capitão Wagner afirmou também: "Os criminosos matam, arrancam a cabeça das vítimas, expulsam das suas casas, extorquem comerciantes, colocam tudo nas redes sociais e quem é que desestabiliza?"

Segundo o deputado, ele, Wagner, teve telefones grampeados e é seguido pela inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). "E ele não tem uma prova contra mim. Mande ele apresentar uma prova das acusações que ele fez." Wagner questiona: "Pergunta ao Secretário se ele autoriza uma auditoria nos equipamentos de grampo telefônico da SSPDS."

O capitão ainda "sugere" que Caron siga o exemplo do secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque. "Colocou ordem nos presídios quando todos diziam que era impossível colocar ordem lá. O secretário Mauro fala pouco e age muito. Por enquanto, o secretário de Segurança tem falado pouco e feito menos ainda", disse o Capitão. Ele salientou ainda que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou redução de investimentos do Estado em segurança pública.

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