Nível do Castanhão sobe mais de 50 centímetros em uma semana

Volume de água do açude atinge melhor marca desde o último dia 12 de janeiro, mas quadro deverá ficar distante do alcançado em 2020. Aumento se deve a fenômenos pontuais

O dia mundial da água, 22 de março, trouxe boas notícias no campo hidrológico para os cearenses. O maior reservatório de água do Estado, o açude Castanhão, chegou a 10,88% de sua capacidade, tendo um aumento de mais de 50 centímetros no seu volume em uma semana.

Os números do relatório diário realizado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apontam que o açude atingiu seu maior nível desde o dia 12 de janeiro, quando tinha 10,89% do seu volume total.

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Durante a última semana, as chuvas na região do Cariri foram as principais responsáveis pelo grande aumento do volume de água do Castanhão, já que o rio Salgado, principal aquífero que abastece o maior reservatório de água do Estado, possui suas cabeceiras na região.

Neste ano, o maior volume do açude foi registrado ainda no primeiro dia de janeiro, com 11,17% de ocupação, um volume total de 748,58 por hectômetro cúbico. Caso o açude mantenha a tendência de aumento do volume apresentado durante a última semana, a marca será superada durante os próximos sete dias.

Apesar dos números trazerem a esperança de dias melhores, o secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, esclarece que o aumento no volume do açude deve-se a fatos pontuais.

"Há uma falsa percepção de que o Castanhão está pegando muita água, nós tivemos dois episódios de chuvas muito intensas na bacia do rio Salgado, no final de fevereiro e no início de março. Por conta disso, nós tivemos momentos de volume afluente, vazão instantânea de 240 a 230 metros cúbicos por segundo, mas isso foi algo bem pontual", conta.

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O secretário aponta que o aporte recebido durante este ano deixa evidente a diferença da captação de água do Castanhão em 2021.

"O Castanhão deve ter recebido, em termos de aporte, algo em torno de 50 milhões de metros cúbicos, ainda muito menos que no ano passado, quando o Castanhão pegou cerca de 800 milhões. Ainda estamos muito longe do aporte que o Açude recebeu em 2020", diz o secretário.

Teixeira explica que a capacidade do maior reservatório de água do Ceará deverá ficar bem abaixo do que foi registrado no ano passado.

"Como o Castanhão chegou a 15% em 2020, hoje ainda estamos com menos de 11%, as previsões da Funceme são de chuvas abaixo da média e esta previsão está ocorrendo na prática, temos pouca expectativa de que o Castanhão atinja pelo menos o nível médio de 15%, como foi ano passado. Acho que vamos ficar entre 10,5% e 11%, já que não há previsão de chuvas mais intensas no futuro".

Em 2020, o açude apresentou seus melhores números durante o mês de junho, quando registrou 16,14% de ocupação do seu volume durante quatro dias. No último ano, o Ceará registrou uma quadra chuvosa acima da média histórica pela primeira vez na década, com 734.3 mm entre fevereiro e maio. A média histórica é de 695.8 mm.

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Em fevereiro deste ano, a Funceme apontou que o Ceará tem maior chance de apresentar chuvas abaixo da média entre os meses de março e maio, conforme estudo realizado pela fundação cearense. Ainda em janeiro de 2021, o prognóstico apresentado para os meses de fevereiro, março e abril também apontava 50% de chance de chuvas abaixo da média histórica.

O administrador do Complexo Castanhão por parte do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Braulino Coelho, ateve-se a dizer que não é possível afirmar que o nível do açude subirá a ponto de superar a melhor marca desde ano. "Para um maior nível, vai depender de chuvas nos próximos dias", pontua.

O secretário Francisco Teixeira ainda esclareceu que as águas do Velho Chico não terão influência suficiente para alterar o cenário que se apresente.

"O aporte resultante das vazões aduzidas a partir do projeto São Francisco serve apenas para manter o Castanhão em um certo equilíbrio entre suas perdas, ou seja, não é uma vazão suficiente para aumentar substancialmente o volume do Açude. No máximo, vai manter o nível durante esse período em que as evaporações são menores", explica.

A expectativa é de que a maior utilidade das águas do São Francisco seja suprir a demanda hídrica vinda da Capital.

"A expectativa com o projeto São Francisco é de: chegando alguma água no Castanhão, essa água ser transferida para a Capital, garantindo o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), já que os açudes desta não tiveram ainda qualquer aporte", explica.

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