Ceará firma parceria com entidades francesas no projeto "Sertões", para o uso sustentável de recursos hídricos

O projeto vai incentivar a pesquisa e a implementação de políticas para redução de impactos ambientais pautado no desenvolvimento sustentável de baixo carbono e pensando em questões hídricas no Sertão

O Governo do Ceará, por meio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) firmou nesta terça-feira, 23, parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e com o Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad) para o desenvolvimento do projeto “Sertões”. Voltado para a aplicação de estudos, o projeto vai fortalecer o cenário de desenvolvimento sustentável de baixo carbono e pensando em questões hídricas no Sertão.

O lançamento do projeto vai investir também em uma série de estudos sobre a gestão sustentável da água no Nordeste e seus diversos usos. No primeiro momento, duas cidades devem sediar os estudos, Quixeramobim e Piquet Carneiro, como explica Julien Burte, pesquisador francês do Cirad, que atua na Funceme.

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As ações serão realizadas pela fundação em parceria com o Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad), que está co-financiando o projeto. O acordo entre o Governo Estadual aconteceu ainda em setembro de 2020 e agora vai tomando forma para aplicações nos próximos anos.

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O valor investido é de 950 mil euros, cerca de R$ 6,25 milhões, em pesquisas na área. O valor é um investimento da ferramenta “Facilité 2050” da AFD, que foi criada após a One Planet Summit, em dezembro de 2017, em Paris. Ela apoiará cerca de 30 países na construção de trajetórias de desenvolvimento resilientes e de baixo carbono, compatíveis com os objetivos do Acordo de Paris. A iniciativa é o primeiro estudo financiado pelo programa no Brasil.

O diretor da Cirad, Sylvain Perret, ressaltou que o projeto é importante porque faz parte de uma rede mundial de pesquisas voltadas para a sustentabilidade e o desenvolvimento. "O projeto Sertões tem tudo a ver com o que nós queremos construir em conjunto, um programa necessário para o desenvolvimento sustentável do território", afirma. Segundo ele, é preciso pensar na gestão de recursos hídricos em diversas frentes, principalmente em locais com escassez, analisando a perspectiva dos ecossistemas, mas também as demandas das comunidades. "A gestão dos recursos cítricos não pode só se resumir a agricultura. No contexto de seca, sazonal, extrema, nós devemos iniciar uma coisa territorial de múltiplos atores, múltiplo setorial", complementou.

O projeto financiará atividades de pesquisa e capacitação no Nordeste rural. Elas serão divididas em três áreas: analisar os impactos da mudança climática nos setores de água, energia e agricultura e avaliar os efeitos de políticas públicas presente e passadas; identificar caminhos de desenvolvimento agrícola menos intensivos em emissões de gases de efeito estufa para promover a transição agroecológica; reforçar as capacidades das instituições atuantes no setor e aprimorar os sistemas de informação. Nos eixos, ao longo dos anos, há o avanço do levantamento de dados/estudos até a aplicação. A intenção é que em 2023 o projeto esteja sendo implementado com os pilotos.

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, explica que o projeto deve ajudar políticas públicas no setor de forma mais íntima e municipal, o que ainda é um entrave quando se fala em recursos hídricos. "Isso é muito importante quando está tentando se resolver um problema de governança, que hoje o Estado, o setor público, ele não tem alcance nessas escalas mais locais. Então, vamos pensar no sistema de governança, nesses vários setores, que a gente possa contar com a informação local de alimentar as políticas públicas e vice-versa. O poder de prover informação ao nível local para subsidiar as decisões", ressaltou.

As análises proporcionarão uma melhor compreensão do funcionamento hidrológico da região e permitirão a análise de diferentes opções técnicas para o abastecimento de água potável. Elas também propiciarão uma melhor compreensão das implicações climáticas da dinâmica recente do desenvolvimento agrícola.

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“É claro que para implementar tudo isso, a gente vê não é só um projeto técnico ou só de estudo, estamos em um processo de estudo aplicado. E na ação vamos estar agindo no território”, ressaltou o pesquisador Julien Burte. A pesquisa, como envolve diversos setores, vai unir entidades e instituições estaduais no comitê operacional do projeto. Além da Funceme e da Cirad, a Secretaria dos Recursos Hídricos (SDH), a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) terão participação. 


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