Ministério da Saúde anuncia compra do fomepizol, antídoto para metanol
Em parceria com uma agência farmacêutica japonesa, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 2,5 mil tratamentos de fomepizol, antídoto considerado o mais eficaz contra o consumo de metanol
Na manhã deste sábado, 4, o Ministério da Saúde realizou entrevista coletiva para atualizar sobre as ações referente aos casos de intoxicação por metanol. Foi anunciada a compra, em regime de emergência, de 2,5 mil tratamentos de fomepizol, considerado antídoto contra o consumo de metanol, em parceria com uma agência farmacêutica japonesa que produz o recurso.
Conforme o ministro Alexandre Padilha, os novos medicamentos deverão chegar ao Brasil ao longo da semana e serão distribuídos a centros de referência federais, assim como unidades de toxicologia. Atualmente o País conta com 32 centros de Informação e Assistência Toxicológica públicos, em 19 estados brasileiros.
O Brasil não produz o antitóxico fomepizol e utiliza, de forma alternativa, o etanol farmacêutico para os tratamentos de casos por consumo de metanol. Sobre valores dos tratamentos, o governo não divulgou informações até a publicação desta matéria.
Alexandre também revelou que o Ministério da Saúde acionou, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde, agências de 10 países na última semana, além de sete empresas com histórico de produção do fomepizol, pois o antídoto "não é um medicamento de grande circulação". Não houve necessidade de abrir licitação para compra devido à emergência.
Além de adquirir um novo medicamento, Alexandre contou que o governo federal reforçou o seu estoque estratégico de etanol farmacêutico em hospitais universitários espalhados pelo Brasil, que podem fornecer a medida que qualquer serviço do SUS solicite.
Foram mais de 12 mil ampolas compradas no Laboratório Nacional, que serão destruídas em centros de referências de toxicologia espalhadas pelo País. Os novos estoques deverão chegar ao longo da semana.
Na quarta-feira, 1º de outubro, o ministro já havia anunciado a aquisição de 150 mil ampolas do antídoto.
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Mais informações sobre o medicamento fomepizol
Sobre o fomepizol, medicamento utilizado como antídoto nos casos de intoxicação por metanol, etilenoglicol e dietilenoglicol, e que vem sendo recomendado pelos médicos como o "antídoto mais eficaz", ele age barrando a enzima que, durante a metabolização do metanol, o transforma em formaldeído e em ácido fórmico, que interfere no organismo.
A divulgação das novas ações que serão realizadas nos tratamentos por intoxicação por metanol, veio um dia após o governo declarar urgência para fabricantes internacionais do antídoto.
A publicação no Diário Oficial da União deu um prazo de 30 dias para que as agências farmacêuticas internacionais que produzissem o antídoto se manifestassem para que pudessem enviar o fomepizol para o Brasil.
Apesar de a secretária de Vigilância em Saúde Mariângela Batista Galvão Simão afirmar que o medicamento que o Brasil está utilizando é suficiente para pacientes, em entrevista à GloboNews, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp informou na semana passada que o estoque que o Brasil possui não é suficiente para tratar os casos de intoxicação por metanol.
Sobre os casos confirmados no Brasil
Durante a entrevista coletiva realizada na manhã deste sábado, 4, o ministro Alexandre Padilha atualizou que são 127 casos notificados entre suspeitos e os já confirmados por intoxicação por metanol. Neste número, segundo ele, está incluído o caso suspeito em Parnaíba, Piauí.
11 desses dados são oficialmente confirmados pelo laboratorial no País. “Nós temos recomendado aos profissionais de saúde de todo Brasil a fazer a notificação imediata na primeira suspeita clínica que tiverem”, afirmou o ministro.
Uma morte foi confirmada no Brasil, o caso aconteceu em São Paulo. Outras sete suspeitas são investigadas: cinco mortes, três na capital e duas em São Bernardo do Campo; e as outras duas em Pernambuco, em Lajedo e João Alfredo.
Situação no Ceará
A Secretaria da Saúde (Sesa) afirmou nesta semana que não há registros de intoxicação por consumo de bebidas adulteradas com metanol no Ceará. Bares e restaurante de Fortaleza estão utilizando as redes sociais para reforçar aos clientes a segurança de suas bebidas e drinks servidos.
Saiba o que é o metanol e como ele age no corpo
O metanol é um álcool líquido, tóxico e incolor, que também é conhecido como álcool metílico. Apesar da aparência semelhante ao etanol, ele não pode ser confundido com o ingrediente usado em bebidas, pois é arriscado para a saúde, podendo causar vários sintomas como náusea, vômito, dor de cabeça, visão turva, cegueira permanente, convulsões, coma, danos permanentes ao sistema nervoso ou morte.
"Esse ácido fórmico é como se fosse o veneno da formiga, picando seu nervo ótico, seu sistema nervoso central. Nessas regiões, esse ácido fórmico vai causar alterações, vai aumentar o risco de acidose, da acidez aumentar no organismo, E isso é o que pode causar os problemas mais graves que levam para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva)", compartilhou a médica hepatologista do Hospital Sírio-Libanês, Carla Matos.
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