Metanol em bebidas: o que se sabe sobre casos em SP
Intoxicações por bebidas adulteradas deixam mortos e internados no estado; alerta para riscos do metanol e sintomas que exigem socorro imediato
Duas pessoas morreram e outras oito foram hospitalizadas após ingerirem bebidas alcoólicas adulteradas com metanol em diferentes cidades de São Paulo.
Segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS), desde junho já foram confirmados seis casos de intoxicação, com duas mortes, além de dez ocorrências sob investigação.
As vítimas consumiram bebidas como gin, whisky e vodka adquiridas em conveniências, bares e mercados informais, segundo informações da Agência Brasil.
Diferente de episódios anteriores, em que a substância era ingerida pela população em situação de rua em postos de gasolina, desta vez os casos ocorreram em contextos sociais comuns, como festas e bares.
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O que é o metanol e por que é perigoso?
O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, incolor, inflamável e altamente tóxico. Produzido principalmente a partir do gás natural, já foi chamado de “álcool da madeira”.
Não é destinado ao consumo humano e, em pequenas quantidades, pode causar intoxicação grave, lesões neurológicas e até a morte.
Entre 12 e 24 horas após a ingestão, os sintomas podem incluir dor abdominal, náusea, vômito, cefaleia, confusão mental e visão turva — que pode evoluir para cegueira irreversível.
Como identificar bebida adulterada com metanol?
É difícil reconhecer a adulteração apenas pelo sabor ou pelo cheiro.
No entanto, sinais de alerta incluem preços muito abaixo do mercado, erros grosseiros nos rótulos, lacres danificados e odor semelhante a solventes.
As autoridades orientam que os consumidores adquiram apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, selo fiscal e lacre de segurança.
Diferença entre etanol e metanol
O etanol é o álcool usado em bebidas como cerveja, vinho e cachaça, produzido pela fermentação de açúcares.
Já o metanol não pode ser ingerido: sua utilização está restrita a aplicações industriais, como solventes, combustíveis e insumos químicos.
Enquanto o etanol em pequenas doses pode causar apenas embriaguez, o metanol pode levar a intoxicações graves mesmo em baixas concentrações.
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Risco de cegueira e complicações graves
A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia alerta que a ingestão de metanol pode provocar neuropatia óptica, levando à cegueira irreversível.
O tratamento deve ser imediato e pode envolver uso de antídotos como etanol venoso, correção da acidez no sangue com bicarbonato, vitaminas (ácido fólico/folínico) e, em casos graves, hemodiálise.
Metanol em bebidas: o que as autoridades estão fazendo
O Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu recomendação urgente para bares, restaurantes, hotéis, distribuidores, e-commerces e aplicativos de entrega reforçarem a verificação de produtos, interromperem vendas suspeitas e preservarem amostras para perícia.
A comercialização de bebidas adulteradas é crime previsto no artigo 272 do Código Penal, com pena de reclusão e multa.
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