Polícia identifica suspeitos pela morte de ex-delegado em SP

Polícia identifica dois suspeitos pela morte do ex-delegado considerado inimigo do PCC

Ruy Ferraz foi executado com tiros de fuzis durante uma emboscada em Praia Grande, no litoral de São Paulo, na segunda-feira, 15

A Polícia de São Paulo identificou e pediu a prisão de dois suspeitos pela morte do ex-delegado da Polícia Civil do Estado, Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos. A informação foi revelada nessa terça-feira, 16, pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Fontes foi executado na última segunda-feira, 15, em uma via pública de Praia Grande, no litoral paulista, após uma emboscada.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o veículo pilotado pelo ex-delegado geral está sendo perseguido, em alta velocidade, por uma caminhonete. Na fuga, o carro atinge dois ônibus e capota entre os coletivos.

Após a batida, é possível ver três suspeitos descendo da caminhonete, portando fuzis. Eles vão em direção ao ex-delegado e atiram contra a vítima, que vai a óbito ainda no local. A execução durou menos de 40 segundos. Pelo menos 20 tiros foram disparados durante a ação.

Veja o vídeo:

 

Emboscada e identificação dos suspeitos

Imagens de outra câmera de vigilância mostram que, por volta das 18h, os criminosos estavam de tocaia aguardando Ruy Ferraz sair da Prefeitura. A perseguição contra o veículo de Fontes teve início por volta das 18h15min. Quando o carro do delegado passa pela Hilux preta utilizada pelos criminosos, ele é alvejado por tiros.

De acordo com o secretário, após o crime, os suspeitos não conseguiram queimar um segundo veículo, um Renegade, utilizado na ação. Isso permitiu com que a Polícia Técnico-Científica identificasse os criminosos por meio de impressões digitais.

Ainda segundo Derrite, o primeiro suspeito identificado já foi preso outras vezes. “Para a surpresa de zero pessoas, inclusive a nossa, é um indivíduo que já foi preso várias vezes pelas Forças Policiais. Foi preso por roubo, duas vezes; foi preso por tráfico, duas vezes; foi preso quando era adolescente, infrator”, revelou.

“Todos que participaram desse atentado terrorista, que foi isso que aconteceu contra o doutor Ruy, serão punidos severamente por isso”, acrescentou.

O secretário afirmou que nenhuma hipótese sobre a motivação do crime seria descartada, destacando duas:

  • Retaliação do crime organizado. O delegado é conhecido por coordenar trabalhos de investigação contra esses grupos.
  • Retaliação por sua atuação frente à secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.

Quem era Ruy Ferraz?

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo lamentou, em nota, a morte do delegado.

No texto, a instituição destaca os mais de 40 anos que Ruy Ferraz dedicou à Polícia Civil de São Paulo. Desde 2023, Fontes estava aposentado da instituição, tendo assumido a secretaria de Administração de Praia Grande, cargo em que permaneceu até ser assassinado

Ao longo dos anos, Fontes passou pela Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), pela Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na capital paulista.

Ele também foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) e chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, na gestão do ex-governador João Doria.

Foi durante sua atuação na 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos que iniciou as primeiras investigações sobre o desdobramento do Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, no início dos anos 2000.

Em 2006, Ruy Ferraz foi um dos responsáveis pelo indiciamento da cúpula da facção após uma onda de atentados contra prédios públicos e rebeliões em presídios que deixaram centenas de mortos e feridos.

Na ocasião, desenhou e apresentou os primeiros organogramas da facção criminosa, como parte do indiciamento por tráfico de drogas e formação de quadrilha que levou a uma das condenações de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

O delegado era formado em direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e realizou diversos cursos de combate às drogas e ao terrorismo junto a corporações de segurança internacionais.

Em 2019, o Ministério Público identificou uma ordem para matar Fontes e outros dois delegados em retaliação à transferência de Marcola e outros 21 integrantes do PCC a presídios federais.

 

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