Julho Amarelo: após aumento de casos, Sesa promove ações de combate às hepatites virais
Brasil registrou aumento de 54,5% no número de casos de hepatite A (HAV) em 2024; Ministério da Saúde atribui a causa do crescimento de incidências ao aumento de relações sexuais sem proteção
Em alusão à campanha Julho Amarelo, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) promove uma série de ações para a prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais, durante todo o mês. A programação será aberta com testagem e vacinação entre os dias 15 e 19 de julho, no Vapt Vupt do Papicu, em Fortaleza.
A ação também irá ocorrer nos Vapt Vupts do Antônio Bezerra, do dia 22 ao dia 26, e de Messejana, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto. Na segunda-feira, 14 de julho, a secretaria realiza um webinar sobre “Hepatites Virais no Ceará: Desafios e Avanços na Rede de Atenção à Saúde”, a partir das 14h, disponível online. Confira a programação completa da campanha aqui.
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As hepatites com maior incidência no Brasil são as dos tipos A, B e C, cada uma causada por um vírus específico, resultando em infecções no fígado. Médico epidemiologista e coordenador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep), Carlos Garcia destaca que cada tipo possui formas distintas de transmissão.
“A hepatite A é transmitida principalmente por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados, pois o vírus se propaga pela via fecal-oral. Já os tipos B e C são transmitidos pelo contato com sangue contaminado, especialmente através de objetos perfurocortantes, como seringas e agulhas, além da transmissão sexual. A possibilidade de transmissão vertical da hepatite B, de mãe para filho durante a gestação ou parto, aumenta a necessidade de assistência pré-natal de qualidade”, explica.
Garcia reforça que os tipos A e B podem ser prevenidos por meio da vacinação, e que os tipos B e C contam com testagem disponível na rede pública de saúde, facilitando o diagnóstico precoce.
Articuladora de IST/HIV/Aids e Hepatites Virais da Sesa, Vilani Matos afirma que o diagnóstico precoce dessas doenças pode salvar vidas. A periodicidade da testagem para as hepatites B e C depende do perfil do paciente e está disponível na Atenção Primária, nos postos de saúde dos municípios.
Confira o esquema de vacinação contra hepatites no Ceará
A vacinação é a principal forma de prevenção das hepatites A e B. O imunizante contra a hepatite A faz parte do calendário de vacinação infantil, no esquema de uma dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos — 4 anos, 11 meses e 29 dias).
A vacinação contra hepatite B é indicada para todas as pessoas que ainda não tenham sido vacinadas, de todas as idades, em três doses.
No Ceará, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), para quem tem condições especiais, como imunossuprimidos, transplantados, pessoas em uso da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) ou quem convive com o vírus HIV ou Aids. O esquema é de 2 doses, com intervalo mínimo de 6 meses.
No Estado, quatro unidades da Rede Sesa contam com Crie: o Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte; o Hospital Regional Norte, em Sobral; e, na Capital, os hospitais Infantil Albert Sabin (Hias) e Geral de Fortaleza (HGF).
Brasil registrou aumento de 54,5% no número de casos de hepatite A
O Brasil registrou aumento de casos de hepatite A (HAV) em 2024. A quantidade de casos subiu para 54,5% em relação a 2023, passando de 1,1 para 1,7 caso por 100 mil habitantes, conforme o levantamento do Ministério da Saúde, divulgado na terça-feira, 8.
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Esse acréscimo de casos foi impulsionado pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que apresentaram um aumento de 50,0%, 57,1% e 350%, respectivamente, no último ano, com taxas de 3,3, 2,1 e 1,8 casos por 100 mil habitantes, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, do Ministério da Saúde.
Mais de 174 mil casos foram registrados entre os anos 2000 e 2024, no Brasil. O Ministério da Saúde atribui a causa do crescimento de incidências ao aumento de relações sexuais sem proteção, o que gerou alteração no perfil de contaminação.
A maioria dos infectados, no mesmo período, são adultos de 20 a 39 anos, do sexo masculino (69,2%).
No período de 2000 a 2024, do total de óbitos por causa básica da hepatite A, houve 563 (55,2%) mortes de homens e 456 (44,8%) mulheres mortas pela doença.
O vírus da hepatite A tem como principal forma de transmissão o contato oral-fecal, ligada a condições inadequadas de saneamento básico, higiene pessoal e pelo consumo de água e alimentos contaminados, ou de forma sexual.
Os principais sintomas são:
- fadiga,
- mal-estar,
- febre,
- dores musculares,
- enjoo,
- vômitos,
- dor abdominal,
- constipação ou diarreia.
Na comparação de 2014 com 2024, a taxa de incidência de hepatite A em crianças menores de 5 anos e entre aquelas na faixa de 5 a 9 anos de idade apresentou uma redução de 99,9%.
Antes, um quarto de todos os casos registrados no País, em 2000, eram crianças menores de 10 anos. Melhorias nas condições de saneamento e higiene, e especialmente, a ampliação do acesso à vacina, podem ter alterado o cenário de contaminação.
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O Coordenador-Geral de Vigilância das Hepatites Virais, Mario Gonzalez, informou ao G1 que “o contato com o vírus não ocorre mais na infância, as pessoas estão se contaminando mais facilmente, mas por doenças sexualmente transmitidas".
O Ministério da Saúde atribui essa diminuição à inclusão da vacina contra hepatite A, no calendário nacional de imunização infantil, que é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de 12 a 23 meses de idade, desde julho de 2014.
Confira as capitais com maior incidência de casos por 100 mil habitantes:
- Curitiba (PR): 31,3
- Campo Grande (MS): 17,2
- Florianópolis (SC): 13,5
- Porto Alegre (RS): 8,6
- Belo Horizonte (MG): 7,2
- Rio de Janeiro (RJ): 5,6
- São Paulo (SP): 5,2
- Brasília (GO): 2,8
- Recife (PE): 1,9
(Colaborou Gabriele Félix / Especial para O POVO)
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