Onça-parda é encontrada em barraca de praia em Camocim, no Ceará

Onça-parda é encontrada em barraca de praia em Camocim, no Ceará

O felino foi resgatado em segurança nessa segunda-feira, 7, e encaminhado para o Instituto Pró-Silvestre, em Fortaleza

Uma onça-parda (Puma concolor) foi encontrada em uma barraca de praia na localidade de Corguinho, distrito de Guriú, do município de Camocim, a 354,21 km de Fortaleza, nessa segunda-feira, 7. O animal silvestre foi avistado por um funcionário que chegava para o início do seu expediente, no momento em que foi abrir o estabelecimento.

Agentes do Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA), da Polícia Militar do Ceará (PMCE), atenderam a ocorrência. Em nota, o órgão informou que a equipe foi acionada pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) do 27º Batalhão de Polícia Militar (27° BPM), após moradores informarem a presença de uma onça sussuarana no interior de um estabelecimento comercial.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Ao receberem o chamado, os policiais entraram em contato com o Instituto Pró-Silvestre para orientação quanto ao manejo e encaminhamento do animal.

Ao chegar no local, os agentes do BPMA constataram que a onça já havia sido contida em uma jaula, providenciada pela Defesa Civil e pela Autarquia Municipal do Meio Ambiente (AMA) de Camocim.

De acordo com a PMCE, o felino foi resgatado com segurança e ficou sob os cuidados da Secretaria Estadual de Proteção Animal (SPA).

O onça foi encaminhada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), em Fortaleza. 

No Ceará, espécie está em perigo de extinção

Professor e biólogo da equipe de Avaliação de Risco de Extinção do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Thiago Guerra explica que não é comum encontrar esse animais em regiões próximas de orla.

O pesquisador ressalta que, apesar de ser o felino com maior distribuição conhecida e de ocupar regiões desse tipo, a espécie não é corriqueira em áreas de praia. “Existem diversos fatores que podem fazer com que esses animais cheguem a ocupar esse ambiente, principalmente deslocação humana; ameaças como estrada e perseguição; ou até mesmo alguém que retirou esse animal da natureza para criar como pet”, avalia.

Guerra conta ainda que, apesar de registros formais serem um pouco mais raros, essa é uma espécie presente no território cearense, especialmente em ambientes preservados e áreas da Caatinga com melhor estado de conservação.

“No Ceará, a partir da avaliação que ocorreu em 2021 e 2022, a espécie está classificada como em perigo, de acordo com os critérios da IUCN A Lista Vermelha da IUCN é um indicador da saúde da biodiversidade mundial. É uma ferramenta que fornece informações sobre a distribuição das espécies, tamanho populacional, habitats e ecologia, uso e comércio, ameaças e ações de conservação que ajudam a subsidiar decisões de conservação.  para nível estadual; e quase ameaçado, para nível nacional”, acrescenta.

Onça-parda dócil e em ambiente de orla pode indicar deslocamento forçado, avalia biólogo

O comportamento dócil apresentado pelo animal durante o resgate não é comum, segundo o pesquisador. “A gente está falando de um animal silvestre, de vida livre. Então, principalmente esses grandes predadores como a onça-parda, não costumam apresentar esse tipo de comportamento dócil”, destaca.

Segundo Guerra, devido a presença do grande número de pessoas ao redor do animal, era de se esperar que o felino se tornasse mais agressivo frente à situação, com uma tendência de fuga diante da multidão. A docilidade, de acordo com ele, poderia indicar que se trata de um animal criado em cativeiro.

“A presença desse animal em região de orla pode ser um indício de deslocamento forçado por desmatamento, caça ou diminuição de presa, o que faz com que esse animal procure outras fontes de alimento. Mas, devido a raridade desse tipo de registro, pode indicar que ele veio de alguém que tentava criar esse animal de forma irregular”, explica.

Atualmente, conforme o pesquisador, o Ceará não possui um protocolo ou um manual para monitorar ou translocar grandes felinos. Apesar disso, guias e protocolos elaborados e gerenciados a nível federal, orientados pelo ICMBio, possuem algumas diretrizes para esses casos.

Confira algumas dicas sobre o que fazer quando encontrar grandes predadores:

  • Tentar manter a calma. Assim como você, o animal também estará assustado.
  • Evitar se aproximar do animal, especialmente de filhotes. Aproximações podem despertar o sentido de proteção do animal e aumentar sua agressividade.
  • Não correr ou se abaixar. A indicação é que você recue lentamente, sempre de frente para o animal, mantendo contato visual com ele.
  • Caso o animal se aproxime, a recomendação é que você grite, bata palmas ou levante os braços.
  • Essas reações vão indicar para o silvestre que você não é uma presa, mas uma ameaça.
  • Ao conseguir se afastar, procure um lugar seguro e tente isolar a área. Apesar do animal ter sumido do seu campo de visão, não significa que ele foi embora.

 

ERRAMOS: ao contrário do que foi informado de acordo com nota da Polícia Militar do Ceará, a onça foi enviada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), em Fortaleza.

Atualizada às 11h05

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar