Quem é Palermo, novo treinador do Fortaleza

De artilheiro do Boca a técnico de perfil defensivo: quem é Palermo, novo treinador do Fortaleza

Ex-atacante chega para tentar livrar o Tricolor do rebaixamento e já passou por momentos de pressão como jogador e treinador

Dos três pênaltis perdidos em um único jogo de Copa América até a etiqueta de maior artilheiro da história do Boca Juniors, Martín Palermo passou pela pressão de grandes torcidas, títulos relevantes e provações pela seleção nacional enquanto jogador. Atuou ao lado de Maradona, passou por uma crise na seleção argentina e até mesmo uma lesão dura e inusitada ao comemorar um gol no Villareal.

Como treinador, soma dois bons trabalhos de maior destaque, principalmente pela organização defensiva, mas tem pela frente o seu maior desafio, posto que assumiu, na noite desta quarta-feira, 3, o comando do Fortaleza, com a meta de livrar o time do rebaixamento em uma matemática que ninguém alcançou nos pontos corridos e se adaptar, rapidamente, ao futebol brasileiro.

Como atleta, o currículo é recheado e feitos inéditos não são novidade — tal qual um gol de cabeça há 40 metros da meta. Tem duas Libertadores, duas Sul-Americanas, duas Recopas Sul-Americanas, seis ligas nacionais e um Mundial de Clubes, com dois gols sobre o Real Madrid na final.

Contudo, no escrete vermelho-azul-e-branco, estará à beira do campo, onde já tem um troféu de campeão paraguaio com o Olímpia e mantém um perfil reativo, de pouca posse e muita cobrança. Terá que tornar o time competitivo e alcançar um aproveitamento próximo a 59%, algo que alcançou em 2024, se contados apenas jogos de liga.

O "otimista do gol", ou "Titan", como ficou conhecido, chega ao Tricolor com contrato até o fim do ano, tendo cláusula de renovação caso consiga livrar o time do rebaixamento. Seu perfil atende ao que o Fortaleza buscava, afinal, teve a melhor defesa do Campeonato Paraguaio de 2024, com apenas 13 gols sofridos, e também ajustou o setor defensivo quando passou pela Platense.

Os dois últimos trabalhos foram os seus principais em questão de relevância, fazendo da Platense uma surpresa — chegando a uma final após quase 80 anos e revelando jogadores — e levando o Olímpia ao título paraguaio; ainda que seu cargo mais longevo tenha sido no Unión Espanhola, onde trabalhou por 88 jogos, somou 36 vitórias e também registrou um vice-campeonato, desta vez na liga nacional.

Além dos citados, Palermo passou ainda pelo Aldosovi, Arsenal de Sarandí e Godoy Cruz — onde começou como treinador principal — na Argentina; Curicó Unido, no Chile; e Pachuca, no México. Estes sem tanto brilho quanto as outras campanhas.

Como jogam os times de Palermo

O histórico positivo de Palermo é conseguir montar boas defesas, que normalmente se protegem com duas linhas de quatro jogadores e buscam transições rápidas e efetivas. Por vezes, situa seu time entre os melhores ataques da liga que disputa, mas com poucas chances criadas. No Fortaleza, terá a missão de reanimar os atacantes, que vivem secas de gols.

Fora da sua favorita 4-4-2, já montou equipes no esquema 4-4-2 e vinha trabalhando com uma 4-1-4-1 no Olímpia quando foi desligado do clube após uma sequência negativa e uma goleada sofrida para o Vélez, por 4 a 0. Para o Fortaleza, recheado de estrangeiros no elenco, a expectativa é que o técnico faça uma boa gerência de elenco e repita outra característica de seus últimos times: a efetividade, mesmo com poucas chances frente ao gol.

No seu último trabalho, por exemplo, o Decano precisava de menos de 10 finalizações para marcar um gol, marca que será árdua para reencontrar no Fortaleza, que converte apenas 7% das chances criadas no Campeonato Brasileiro. Dentro da área — especialidade de Palermo quando atleta —, por exemplo, o Leão do Pici converteu apenas 18 das 164 chances que construiu.

Do meio para trás, também recebe um plantel cuja defesa é a segunda pior do campeonato e terá que mudar da água para o vinho. O 4-1-4-1 que usava na reta final pelo Olímpia pode também não funcionar com as peças do time cearense, por isso, deve voltar a jogar numa 4-4-2, com o meio preenchido e velocidade no ataque, voltando a explorar a ultrapassagem dos laterais, fundamento pouco visto com Renato Paiva.

A posse de bola não é sua prioridade. O maior índice que registrou em uma temporada foi pelo Olímpia, com pouco menos de 55% de índice. Ainda assim, o número não é um número alto se considerado que treinava o grande favorito à taça.

É um técnico reativo, mesmo indo no caminho contrário do que fez como jogador. Sabe o estrago que um ataque efetivo pode fazer, por isso, tenta alcançar a pontaria no lugar do volume e pode tornar o Fortaleza competitivo, mas terá de correr mais do que ideal para seu estilo, afinal, a janela está fechada e terá que usar as peças disponíveis no elenco.

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