Como Fortaleza usa trabalho de psicólogo mexicano para buscar reação na Série A

Após fechar o primeiro turno com empate amargo em casa e na última posição, o Fortaleza vive nova realidade no returno da Série A. A equipe do Pici ainda figura na zona de rebaixamento, mas está a apenas um ponto dos concorrentes depois de emendar duas vitórias. Além das mudanças promovidas por Juan Pablo Vojvoda, um dos trunfos extracampo do clube para o novo momento foi o trabalho do psicólogo mexicano Christian Rodriguez, apurou o Esportes O POVO.

Membro da comissão técnica, o profissional foi contratado nesta temporada. Christian é especialista em ciência do esporte para atletas de alto rendimento e trabalhou em clubes como Huracán, Talleres e Newell's Old Boys, da Argentina; Alajuelense, da Costa Rica; além de longa passagem na seleção do México.

Discreto, Rodriguez acompanha a rotina de treinos e jogos da equipe e tem contato frequente com os jogadores, além de passar feedbacks para Vojvoda. O trabalho junto ao elenco envolve palestras para todo o grupo e também reuniões individuais com atletas.

O momento de turbulência do Leão no Brasileirão foi foco de atenção do psicólogo mexicano em várias conversas. Um dos fatores discutidos foi a frequência de gols sofridos na reta final de um tempo do jogo — seja da primeira ou da segunda etapa —, o que custou pontos preciosos ao time na competição.

O tema já havia sido trabalhado após a vitória sobre o Flamengo, em que a equipe levou um tento momentos antes de ir para o intervalo, e voltou à tona após a derrota para o RB Bragantino, quando o placar foi decretado nos acréscimos.

O triunfo sobre o Cuiabá, por exemplo, na abertura do segundo turno, foi visto internamente como "virada de chave" para estas situações. Em um confronto direto fora de casa, o Fortaleza conseguiu segurar o 1 a 0 mesmo sendo pressionado na reta final da partida e não cedeu o empate ao Dourado, saindo da lanterna. O placar elástico sobre o Internacional, no último domingo, 7, demonstrou a afirmação de um time com confiança renovada.

O novo cenário se traduz em números. Na defesa, o Leão mostra maior solidez no Brasileiro: não é vazado há três jogos e, nos últimos seis compromissos, tomou apenas dois gols. Nas duas primeiras partidas do returno, o escrete vermelho-azul-e-branco já igualou a pontuação das dez primeiras rodadas do certame nacional.

Trabalho para recuperar jogadores

Além das conversas coletivas, Christian Rodriguez também tem momentos particulares com os jogadores. O fator psicológico serviu para recuperar duas peças do elenco e facilitar a adaptação de um recém-chegado. O Esportes O POVO apurou que o goleiro Fernando Miguel, o volante Lucas Sasha e o atacante Robson mostram engajamento com o tema.

O experiente arqueiro chegou ao Pici no início de 2022 com a expectativa de assumir a titularidade após boa temporada no Atlético-GO, mas falhou em Clássico-Rei e não custou a perder a posição. O camisa 16 ainda sofreu lesão e só voltou a receber oportunidade há cerca de um mês, no empate sem gols com o Palmeiras. Teve novo problema clínico, mas recuperou posição e ainda não foi vazado na Série A.

Robson, por sua vez, teve bons números em 2021, apesar de conviver com críticas de parte da torcida. O camisa 7 foi agredido em junho, em protesto de torcedores no desembarque da delegação em Fortaleza após derrota para o Avaí, e recebeu apoio interno. Conseguiu recuperar o posto de titular e balançou as redes diante do Inter.

Já Lucas Sasha foi contratado na atual janela de transferências, ou seja, incorporou-se ao grupo durante o momento ruim no Campeonato Brasileiro. Após quase uma década atuando fora do Brasil, retornou ao país para defender o Tricolor e contou com o trabalho psicológico para se ambientar à nova realidade e entender a situação do clube. O meio-campista teve atuação de destaque contra o Colorado.

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