Suposto laudo aponta indício de alteração de provas em caso contra David Luiz; defesa da denunciante contesta
A cearense Karollainy Barbosa Cavalcante acusa o ex-jogador do Fortaleza de ameaça e perseguição. O zagueiro move três ações contra a denunciante, sendo elas por calúnia, injúria e difamação
O caso de acusação de ameaça e perseguição contra David Luiz feito pela cearense Karollainy Barbosa Cavalcante passou, nesta quinta-feira, 18, por novos fatos Um suposto laudo da Polícia Civil do Ceará indicaria que o celular entregue pela denunciante teria passado por uma redefinição de fábrica antes de ser periciado, além de outras suspeitas de adulteração e falsificação. As informações foram divulgadas pelo colunista Ancelmo Góis, do O Globo.
Agora, a cearense responde por calúnia e difamação em ações movidas pelo próprio zagueiro na Justiça.
A defesa de Karollainy rechaça a versão da defesa do ex-zagueiro de Chelsea, Flamengo e Fortaleza, apontando que o documento publicado pela coluna Ancelmo Góis seria uma "síntese de atividade e extração de custódia", sem valor de perícia.
O caso está em segredo de Justiça e o Esportes O POVO não teve acesso às provas. Segundo a apuração da coluna Ancelmo Góis, o suposto laudo elaborado durante as investigações também apontaria possibilidade de a imagem usada como base para a denúncia ter sido manipulada.
O advogado de Karollainy, Fabiano Távora, alega que a informação sobre o suposto "apagão" do celular da cliente seria uma "informação 'plantada' para 'limpar a barra' do David Luiz".
"David Luiz está desesperado para se livrar das acusações de ameaça e perseguição. Ele não mensurará limites para acabar com a vida e moral da Sra. Karollainy. A ameaça de morte e as perseguições são verdadeiras e, ao final disso tudo, indubitavelmente, será uma sentença condenatória pelos crimes que ele cometeu", assina a defesa de Karollainy.
Entenda o caso David Luiz
As acusações contra o ex-Fortaleza vieram à tona pouco após a saída dele ao Chipre, em agosto, quando Karollainy expôs um convite do jogador para integrar um trisal. Segundo o relato dela, o zagueiro manteve uma relação extraconjugal com ela por um período, com encontros pontuais em Fortaleza — versão posteriormente desmentida pelo atleta.
A cearense recusou a proposta pelo trisal e, segundo seu relato, passou a ser perseguida a partir disso. Em suas denúncias, a mulher conta que sofreu ameaças e sentiu-se coagida pelo atleta e pessoas próximas a ele. Karol alegou ter sido aprisionada em um hotel por seguranças do zagueiro e, posteriormente, teria recebido ameaças contra seu filho.
Karol mostrou-se tão assustada com o teor das mensagens que comparou o caso ao de Eliza Samudio. Diante da repercussão e do temor, a Justiça concedeu medida protetiva a favor da denunciante. O atleta, por sua vez, negou veementemente todas denúncias e ainda acusa-a por outros três crimes: calúnia, injúria e difamação.
A defesa, porém, sofreu um revés no fim de agosto após a saída dos advogados Gabriel Domingues, Gustavo Teixeira e Ricardo Sidi da equipe jurídica do atleta. Os representantes renunciaram ao caso por motivos não divulgados.
Reviravolta com laudo pericial
O ponto de inflexão no caso ocorreu com a divulgação do suposto laudo pericial, conduzido pelo perito Cássio Thyone Almeida de Rosa. A análise teria identificado que o aparelho celular de Karollainy esteve submetido a um “factory reset”, ou seja, a uma restauração completa para os padrões de fábrica, na véspera da apreensão pela polícia.
Além disso, o software Cellebrite — usado na investigação e validado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) — teria constatado inconsistências técnicas nos arquivos apresentados. A perícia teria apontado que as imagens contendo supostas mensagens de ameaça foram editadas.
O perito concluiu que o estilo textual das mensagens apresentadas não correspondia ao padrão de comunicação anteriormente usado pelo atleta. Constatando, portanto, vestígios de edição. Haveria ainda indícios de que a foto usada para vincular a autoria ao jogador era, na verdade, de outra pessoa.
A defesa de Karolainny questionou ainda as motivações da perícia feita por Cássio Thyone. "É muito normal o Sr. Cassio Thyone defender os interesses do cliente dele. Se o David Luiz pode pagar um perito particular, caro, para trabalhar para ele, é obvio que o mesmo tentara, de todas as formas, desqualificar
a prova que incrimina o futebolista. Alias, esta é a razão da contratação dele.
Restrições judiciais para David Luiz
Mesmo com os indícios de manipulação apresentados no laudo, o processo segue em curso. Com isso, o zagueiro permanece submetido às proibições impostas pela Justiça — restrição de contato com a denunciante e seus familiares, além da distância física mínima estabelecida por decisão judicial.
O Ministério Público do Ceará ainda não anunciou formalmente se as novas descobertas serão suficientes para a revogação das medidas protetivas ou eventual arquivamento da denúncia. (Com Iara Costa)
A matéria foi editada no dia 19/09/2025, às 15h20min, incluindo informações enviadas pela defesa de Karollainy
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