Violência no futebol: casos de agressões contra atletas marcam o início de 2022
Atos violentos com direito a explosivos, invasão de campo, indivíduos armados e ofensas racistas são registrados neste início de anoEpisódios de violência têm sido recorrentes no futebol brasileiro há tempos. No início deste ano, porém, intensificaram-se casos graves de agressões contra atletas. De janeiro para cá, foram registrados ataques a ônibus com direito a explosivos, invasão de campo por indivíduos armados, além de insultos racistas a jogadores.
Em um intervalo de três dias, da última quinta-feira, 24, até este sábado, 26, foram praticadas quatro ocorrências violentas. Os episódios em Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre marcaram a semana do futebol brasileiro no noticiário policial. Os atos envolveram clubes tradicionais do país e futebolistas precisaram ser hospitalizados.
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Casos de agressões físicas
Na última quinta-feira, 24, o ônibus do Bahia sofreu um ataque que deixou três atletas feridos. O episódio ocorreu quando a delegação chegava à Arena Fonte Nova para a partida contra o Sampaio Corrêa-MA, pela Copa do Nordeste. Dois veículos emboscaram o ônibus que levava os profissionais ao estádio e os suspeitos arremessaram explosivos e rojões. De acordo com o Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE), os carros dos agressores são membros da torcida organizada Bamor.
O goleiro Danilo Fernandes foi atingido no rosto, perto do olho. Ele foi levado ao hospital, onde passou a noite, e recebeu alta na sexta-feira, 25. O arqueiro recebeu 20 pontos em razão de cortes nas pernas e na face. O lateral-esquerdo Matheus Bahia e o atacante Marcelo Cirino também ficaram feridos. Mesmo após jogadores serem atingidos, a equipe baiana entrou em campo.
Ainda quinta-feira, o Náutico-PE divulgou imagens da van, que transportava a delegação do clube, com vidros quebrados. O episódio ocorreu quando o time voltava do Tocantins durante protestos após a eliminação na Copa do Brasil para o Tocantinópolis. Nenhum atleta ficou ferido.
Neste sábado, 26, o ônibus do Grêmio foi atingido por pedradas na chegada ao Beira-Rio. Mais um jogador, o volante Villasanti acabou ferido e, desta vez, a partida diante do Internacional, pelo Campeonato Gaúcho, foi adiada. O presidente tricolor, Romildo Bolzan, afirmou que não havia condições técnicas e psicológicas para a equipe entrar em campo.
De acordo com o Grêmio, o jogador sofreu traumatismo craniano, concussão cerebral, ferimentos no olho e no quadril, após ser atingido por uma das pedras arremessadas. Campaz e Thiago Santos também tiveram ferimentos leves. Conforme a Brigada Militar, torcedores do Colorado foram os responsáveis pela agressão. A Secretaria de Segurança Pública informou que dois homens foram identificados e presos.
No mesmo dia, torcedores do Paraná invadiram o gramado da Vila Capanema para agredir os jogadores da equipe. A partida decretou o rebaixamento da equipe para a Série B do Campeonato Paranaense. A confusão foi generalizada e houve troca de insultos físicos entre torcida e atletas. Os futebolistas precisaram correr para os vestiários. O jogo foi interrompido e os atletas não retornaram para o campo.
Além dos recentes episódios, a semifinal da Copinha entre São Paulo e Palmeiras, disputada em janeiro, terminou em confusão. Torcedores do Tricolor invadiram o gramado da Arena Barueri nos acréscimos do duelo e tentaram agredir jogadores do Verdão. Um atleta do Palmeiras encontrou uma faca caída na grande área. O jogo foi paralisado por seis minutos. Os atletas do Verdão chegaram a pedir o encerramento da partida. O árbitro, entretanto, decidiu recomeçar o confronto para encerrá-lo dois minutos depois.
Casos de racismo
Não só agressões físicas foram registradas contra jogadores de futebol. Casos de atletas vítimas de racismo tornaram-se frequentes em campeonatos nacionais. Após o clássico com o Fluminense, no início de fevereiro pelo Campeonato Carioca, Gabigol, jogador do Flamengo, divulgou vídeo em que é possível ouvir um torcedor tricolor chamando o atacante de macaco.
Outro caso de ofensa racista praticada contra atletas aconteceu na partida entre Bahia e CSA-Al, neste mês, pela Copa do Nordeste. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, um torcedor fala sobre o cabelo do lateral-esquerdo, Luiz Henrique, que estava no aquecimento com outros reservas do time.