Entenda a briga entre RC e Izolda envolvendo convênios com prefeituras

Ex-aliados, a governadora e o ex-prefeito protagonizaram embates nas redes sociais

À medida em que se aproxima o dia 2 de outubro, data que marca o primeiro turno das eleições de 2022, mais se elevam os ânimos na campanha para a sucessão de Izolda Cela (sem partido) no Palácio da Abolição. O embate mais recente foi protagonizado pela gestora e pelo ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), que trocaram críticas nas redes sociais sobre as denúncias de cooptação de prefeitos para apoio da campanha do PT, representada por Elmano Freitas.

Para entender como os ex-aliados chegaram a esse episódio, é preciso voltar na linha do tempo da campanha eleitoral para o pleito deste ano. A origem do racha entre PT e PDT foi agravada após a sigla pedetista decidir, em votação, escolher RC para a cabeça de chapa do grupo nas eleições deste ano. Izolda era o nome ideal na avaliação de políticos como o ex-governador Camilo Santana (PT).

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A escolha de Roberto foi classificada pelo PT como um "rompimento tácito e unilateral", que resultou na candidatura de Elmano. Com o grupo fragmentado, uma verdadeira debandada de prefeitos começou. Houve gestores que se desfiliaram do partido dos Ferreira Gomes e outros que permaneceram, mas que acabaram declarando apoio ao grupo de Camilo. Ao menos 88 chefes dos executivos municipais pularam para o lado petista do muro.

A manobra foi encarada pela chapa de Roberto como uma maneira de utilizar a máquina do Estado para cooptar o apoio dos políticos. Uma ação movida pela coligação "Do povo, pelo povo e para o povo", encabeçada por PDT e PSD, denuncia “recorrente abuso de poder político e econômico” por parte dos adversários. Sendo assim, eles apresentam uma série de denúncias de “benesses” que estariam sendo ofertadas a prefeitos que apoiam Elmano como “serviços, programas e obras, contratados e executados diretamente pelo Estado”.

A posição, conforme a coluna do jornalista Carlos Mazza, gerou uma suspensão do repasse de novos recursos entre o Governo do Ceará e municípios cearenses até a data do 2º turno da eleição deste ano.

Na última terça-feira, 6, a chefe do Executivo cearense emitiu nota sobre o caso, explicando que a ação do  desembargador Raimundo Nonato Silva Santos não atrapalharia convênios anteriores ao período eleitoral ou de obras já em andamento. "A decisão do corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) não prevê suspensão de obras do Estado nos municípios, nem de repasse total de recursos do Estado aos municípios, como vem sendo divulgado por parte da imprensa. Mas sim a não execução de novos convênios durante o período eleitoral”, diz a nota.

No dia seguinte, Izolda foi às redes sociais com críticas a RC. “Tenho visto, com surpresa, declarações absurdas do ex-prefeito Roberto Cláudio sobre o procedimento ético do nosso Governo. Cabe-me o dever de afirmar que não são verdadeiras. E são também covardes e irresponsáveis, na medida em que desvirtuam os fatos e expõem a imagem do nosso Estado e de quem trabalha sério para seu desenvolvimento. Lamento muito tudo isso!”, disse a gestora no Twitter.

O candidato do PDT ao governo do Ceará logo respondeu: “A governadora não tem que se justificar para mim, tampouco me atacar. Ela, juntamente com os seus candidatos, Elmano e Camilo, têm que se defender mesmo é perante a justiça e se explicar, de fato, ao povo do Ceará”.

Ao colunista Carlos Holanda, o pedetista ainda disse que considerou ser "cortina de fumaça" a tentativa de, segundo ele, tornar "polêmica pessoal" com Izolda a decisão do TRE-CE que proíbe repasses voluntários da administração estadual a prefeituras.

Embate Izolda x RC aprofunda racha e gera reações de aliados

O embate entre os ex-aliados acentuou ainda mais o racha entre PT e PDT, gerando repercussões entre prefeitos e candidatos nas eleições de 2022. Se referindo a gestora como “querida”, o ex-governador Camilo Santana (PT) disse que Izolda foi “atacada de forma injusta e oportunista” e, em seguida, completou: “É preciso mais respeito na política”.

O coro foi acompanhado por Elmano, que chamou a chefe do Executivo cearense de “mulher séria, honrada e competente”, acrescentando que “o povo cearense reconhece isso”. O prefeito de Caucaia, Vitor Valim (sem partido), repudiou o que classificou como “acusações levianas” contra a governadora. “Vem conduzindo nosso estado com ética e grande espírito público”, ressalta.

O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), foi outro que saiu em defesa de Izolda. Ele disse que ela é vítima de “ataques covardes e infundados daqueles que perderam o limite na obsessão pelo poder”. E completou: “À repulsiva moda Bolsonaro, inventam mentiras e passam a repeti-las na tentativa inútil de as transformarem em verdades e com isso enganarem as pessoas. Não passarão”, disse em post publicado nos stories do Instagram.

O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT), fez elogios a gestora, acrescentando que repudia ataques que sejam direcionados a ela. “É uma das pessoas mais íntegras e justas que já conheci, além de uma competência admirável. Terei por ela sempre muito respeito e reconhecimento, assim como o povo cearense. Qualquer tentativa de atacá-la terá sempre meu mais absoluto repúdio", escreveu em seu perfil do Twitter.

Pelo lado de RC, Erika Amorim (PSD), candidata ao Senado na coligação pedetista, foi às redes sociais afirmar que as declarações em defesa da gestora não afastam a “gravidade da denúncia” de cooptação de prefeitos para apoio da campanha do PT. “Quero crer que a própria governadora não tenha conhecimento ou tenha orientado a prática dos citados ilícitos. Mas é fato que existem indícios sérios que devem, sim, ser investigados”, publicou Érika em seus perfis oficiais nas redes sociais”, afirmou.

O vice na chapa do ex-prefeito, Domingos Filho (PSD), foi mais duro e acusou Izolda de cometer "crimes eleitorais" para beneficiar Camilo e Elmano. “Cabe-nos, na defesa de eleições limpas, denunciar os abusos e ilegalidades cometidas à luz do dia e sem qualquer cerimônia, com o objetivo de cooptar prefeito(s) com recursos públicos estaduais em pleno período eleitoral", disse.

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