Rio e São Paulo aplicarão 3ª dose com Coronavac e recebem críticas

Pesquisadores recomendam o uso de vacinas com maior eficácia, como a Pfizer, Janssen e Astrazeneca, para dose de reforço

Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo decidiram incluir a Coronavac como opção para dose de reforço contra a Covid-19. Apesar da terceira dose do imunizante produzido pelo Butantan ser segura e não causar reações graves, o Ministério da Saúde recomendou apenas as vacinas Pfizer, Janssen e Astrazeneca como opção de dose extra, já que são mais eficazes contra a doença.

No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) informou que a terceira dose de vacina contra Covid-19 será feita primeiro em idosos e o início está sendo definido.

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Em São Paulo, o início da aplicação da terceira dose está marcado para segunda-feira (06/07). A Secretaria de Estado da Saúde distribuiu 380 mil doses e os municípios foram orientados a utilizar todas as vacinas disponíveis. No Rio de Janeiro, haverá uma mistura: quem recebeu duas doses da Coronavac deve receber como dose de reforço a Pfizer, Janssen ou AstraZeneca, ou se tiver recebido uma das três anteriormente, a dose extra poderá ser Coronavac. Acre, Amapá, Rondônia e Sergipe ainda não se manifestaram sobre a terceira dose, enquanto os outros estados afirmaram que não usarão a Coronavac como dose de reforço.

Em nota técnica, o Ministério da Saúde informou que a dose de reforço deve ser aplicada em imunossuprimidos vacinados há 28 dias e em idosos acima de 70 anos vacinados há seis meses. Para a dose extra deve ser aplicada prioritariamente a vacina da Pfizer. Caso esteja em falta, devem ser usadas as vacinas da Janssen e AstraZeneca.

O infectologista Júlio Croda, da Fiocruz, aponta que combinar as vacinas é uma boa estratégia, mas não apoia o uso da Coronavac na terceira dose para idosos. “A terceira dose com Coronavac pode ser aplicada em profissionais da saúde jovens, mas não nos grupos de risco. Os idosos estão mais vulneráveis atualmente e continuarão assim se usarmos a Coronavac no reforço", afirmou.

Ele ressalta que o imunizante do Butantan foi essencial para salvar vidas no início da vacinação, quando era o único disponível em grande quantidade no País, mas acredita que agora há melhores opções. "Talvez eles queiram usar a Coronavac porque compraram muitas doses. Dessa vez, quem está fazendo política é o governo de São Paulo", disse. "Chile, Uruguai, Bahrein, Emirados Árabes Unidos… Todos esses países vacinaram com a Coronavac e agora estão usando AstraZeneca ou Pfizer no reforço", cita.

Em nota, o Instituto Butantan declarou que o posicionamento do Ministério da Saúde sobre não usar a Coronavac na terceira dose tem "motivos políticos e ideológicos", afirmando que desde o início da pandemia houve uma tentativa de desqualificar "uma das melhores vacinas disponíveis no mercado". O Butantan ainda disse que estudos feitos pela Sinovac comprovam que a dose extra gera "robusta reação imunológica e aumento na produção de anticorpos" e o Instituto "defende o uso da Coronavac como imunizante de dose adicional para toda a população idosa e público imunossuprimido de qualquer faixa etária".

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu que a Coronavac não será usada como dose de reforço, devido a ausência de registro definitivo dado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o ministro, como a vacina foi aprovada para uso emergencial, é necessário que o registro definitivo seja pleiteado.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem se mostrado contra a terceira dose de qualquer fabricante, pois a maior parte dos países ainda não conseguiu oferecer as duas doses. Cerca de 40% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19, segundo dados do site "Our World In Data". 

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