Brasil soma 25% das mortes mundiais por Covid-19 que ocorreram na última semana, aponta Comitê

Entidade prevê piora do quadro sanitário e faz ainda recomendações a médicos e a pacientes

Cerca de 25% das mortes por Covid-19 que foram registradas no mundo durante a última semana ocorreram no Brasil, segundo boletim emitido nesta terça-feira, 23, pelo Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM). Os dados apontados pela entidade, formada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e dezenas de outras sociedades especializadas em saúde, correspondem ao período de 15 a 21 deste mês.

De acordo com documento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, dentro do intervalo de tempo analisado, foram registrados 60,2 mil óbitos em decorrência da doença no mundo. Em comparativo aos dados divulgados pelas secretarias de saúde do Brasil, 15,6 mil dessas mortes ocorreram somente em território brasileiro.

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Levando em consideração os recordes de mortes que o País tem atingido de forma consecutiva há quase um mês, já ultrapassando a marca de 295 mil óbitos, a entidade brasileira prevê que o contexto sanitário piore nos próximos dias. "Chegaremos a 300 mil mortes, com a agravante de atravessarmos um quadro de curva ascendente", pontua comitê. 

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Além disso, a entidade destacou os problemas que o Brasil tem enfrentado no combate à pandemia, como a falta de medicamentos para intubação de pacientes, a ausência de "um calendário consistente de vacinação" a insuficiência de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e as fake news que circulam nas redes sociais e distorcem informações de extrema relevância para o combate da doença. 

Por esse motivo, o CEM traz ainda uma lista com orientações a pacientes e a médicos, solicitando também as "autoridades responsáveis à urgente resolução de casos que exclusivamente delas dependem". Entre as informações listadas, está a defesa pelo uso de itens como máscara e o apontamento da ineficácia de medicações como a hidroxicloroquina pra o tratamento da doença.

Veja lista de recomendações:

1. O Brasil deve vacinar com celeridade todos os cidadãos. Vacinação em massa é a medida ideal para controlar a velocidade de propagação do vírus;

2. A variante P1 do Coronavirus, que já circula em grande parte do Brasil, possui capacidade de transmissão consideravelmente maior do que o vírus original, impondo risco adicional a todos os brasileiros - de todas as faixas etárias, o que reforça a necessidade do isolamento e de normativas de lockdown por regiões críticas, para conter o crescimento da curva de casos e de mortes;

3. O isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso para conter a propagação viral, hoje agravada pela variante brasileira P1 do coronavírus;

4. Todos, sem exceção, temos de seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19, identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos, com água e sabão ou álcool gel a 70%.

5. São urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial de pacientes hospitalares acometidos pela COVID-19, em especial de bloqueadores neuromusculares, opioides e hipnóticos - indispensáveis ao processo de intubação de doentes em fase crítica;

6. Por compromisso ético e zelando pela transparência, informamos que, na ausência destes fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas. Uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é composta por espaço físico, equipamentos, medicamentos, materiais e recursos humanos. A falta de qualquer desses elementos inviabiliza a execução dos procedimentos;

7. Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida.

8. Aos médicos, reafirmamos que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados exclusivamente para pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar, não devendo ser prescritos na COVID leve, conforme diversas diretrizes científicas nacionais e internacionais. Aos pacientes com suspeita ou com COVID confirmada, alertamos que não se automediquem, em especial não utilizem corticoides (dexametasona, predinisona e outros); estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no início dos sintomas, podem piorar a evolução da doença. Procure atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde dando preferência, se possível, à telemedicina, se apresentar sintomas leves, como dor de garganta, tosse, dor no corpo, náuseas, perda de apetite, perda do olfato ou paladar. Porém, se apresentar manifestações clínicas que podem representar Covid grave, destancando falta de ar, respiração rápida (mais que 30 movimentos respiratórios por minuto), saturação de oxigênio menor que 94% ou febre persistente por 3 dias ou mais, procure uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou Serviço de Emergência;

9. A falta de vagas em UTIs e o aumento anormal da demanda por vagas de leitos fazem urgentes também a adoção de critérios técnicos-científicos de triagem dos pacientes que devem ocupar os leitos disponíveis, com fundamentos éticos em defesa das vidas dos brasileiros, com diretrizes para todos os médicos do País. Deve-se evitar o internamento, por exemplo, de pacientes em cuidados paliativos;

10. A escassez de recursos humanos, de insumos farmacológicos e de material de apoio transcende a simplicidade da utilização dos centros cirúrgicos como terapia intensiva. A transformação da sala de cirurgia em UTI deve ser pontual. É uma exceção, não regra;

11. Devido ao drama vivido no Brasil, se faz ainda mais relevante o papel do Judiciário como poder de guarda dos direitos constitucionais, entre os quais à saúde e à vida. Assim, registramos o crédito de que os tribunais seguirão se manifestando, ao estrito cumprimento da Lei, para garantir que todas as normas de isolamento sejam cumpridas à risca;

12. Reiteramos que o Brasil requer ações unificadas e coordenadas de combate a Covid, dos governantes das esferas federal, estadual e municipal incluindo ações coordenadas de todos os ministérios, e gestores públicos e privados da saúde, sem qualquer resquício de ideologias e interesses políticos;

13. Firmamos votos especiais ao novo Ministro da Saúde. Os brasileiros almejam que vossa gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da Ciência; que seja um exemplo de independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à resolubilidade e qualidade do sistema; de conduta ética; de compromisso com a melhor Medicina; e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos.

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