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Ceará é o terceiro estado do Nordeste com mais pesquisas sobre o novo coronavírus

Sudeste e Sul acumulam a maioria dos estudos; conheça três das sete pesquisas cearenses em andamento

 Desde antes do primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil, no dia 26 de fevereiro, os pesquisadores brasileiros já estavam mobilizados para contribuir com a produção de conhecimento científico sobre o Sars-Cov-2. De acordo com boletim da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), já foram aprovados 321 protocolos de pesquisas científicas relacionadas ao novo coronavírus. Desses, sete são cearenses.

A região Nordeste é a terceira com mais protocolos de pesquisa aprovados pela Conep, responsável por 14,6% do total de estudos nacionais. Dos estados nordestinos, apenas o Maranhão ainda não teve protocolos aprovados até o dia 18 de maio. O Ceará é o terceiro com mais pesquisas, atrás de Pernambuco (9) e da Bahia (17).

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As regiões com mais estudos são o Sudeste, com 62,3%, e o Sul, com 16,1%. Todos os estados de ambas as regiões produzem ao menos uma pesquisa - o estado de São Paulo sozinho é responsável por 44,5% (143) do total de estudos brasileiros. Em SP, 95.865 pessoas estão confirmadas para Covid-19 e 6.980 já morreram pela doença, levando a uma letalidade de 15,2%.

Pesquisas sobre o novo coronavírus em andamento no Brasil
Pesquisas sobre o novo coronavírus em andamento no Brasil (Foto: Conep)

 

Já o Norte é a região com menos pesquisas: são nove no total, representando 2,7% do total brasileiro. A maioria (6) é coordenada por instituições do Amazonas, estado com a pior taxa de mortalidade do País, 47,4%. O Pará, segundo estado com maior taxa de mortalidade (31,4%), tem apenas um estudo em andamento.

Os dados de casos confirmados, óbitos e índice de mortalidade de Covid-19 são do Ministério da Saúde (MS), atualizados às 20h18min dessa quinta-feira, 28. Para verificar quais pesquisas foram aprovadas em cada estado, basta acessar o Relatório Semanal nº 18. Semanalmente, a Conep lança boletim atualizado com a situação das pesquisas já aprovadas e novos estudos com parecer ético de aprovação.

Pesquisas no Ceará

As pesquisas do Ceará vão desde avaliações do protocolo de tratamento da Covid-19 e análises de gravidades clínicas até a avaliação de aspectos sociais e psicológicos no Ceará e no Brasil em relação à pandemia. Todos os estudos ainda estão em andamento, já que foram aprovados recentemente pela Conep. Veja quais são as sete pesquisas cearenses e quais instituições as coordenam:

Análise da gravidade clínica de Covid-19 entre pacientes soropositivos (coinfectados) e soronegativos para HIV em um hospital de referência em infectologia de Fortaleza - CE. Coordenado pelo Instituto para o Desenvolvimento da Educação (Ipade - Faculdade Christus)

Avaliação de Protocolo de Tratamento Covid-19 com associação de cloroquina/hidroxicloroquina e azitromicina para pacientes com pneumonia. Coordenado por: Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), da Secretaria de Saúde de Fortaleza (SMS);

Avaliação de aspectos sociais e psicológicos da população do Estado do Ceará frente a pandemia de coronavírus. Coordenado por: Universidade de Fortaleza (Unifor);

Rastreio em saúde mental: a rotina hospitalar frente ao Covid-19. Coordenado por: Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa);

Manifestações clínicas, complicações, fatores prognósticos e tratamento de pacientes internados devido à infecção por coronavírus em Salvador e Fortaleza. Coordenado por: Instituto Dr. José Frota (IJF), da Prefeitura de Fortaleza;

Qualidade de vida dos alunos de graduação em odontologia em época de pandemia. Coordenado por: Universidade de Fortaleza (Unifor);

O coronavírus no brasil e suas repercussões na vida da população brasileira. Coordenado por: Universidade de Fortaleza (Unifor).

Gravidade clínica da Covid-19 em soropositivos para HIV

Ainda se sabe pouco sobre grupos de risco e tratamentos relacionados à Covid-19. Pesquisadora na área do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) há anos, a infectologista Melissa Medeiros conta que logo se preocupou com o impacto da epidemia de Sars-Cov-2 na saúde de pacientes soropositivos.

“Nossa preocupação foi com o maior risco dos pacientes com imunossupressão pelo HIV desenvolverem as formas mais severas de doença”, comenta a especialista. No entanto, alguns estudos realizados com outros coronavírus, como o Sars e o Mers, utilizaram medicamentos para HIV e atingiram “benefícios clínicos e laboratoriais” no tratamento desses coronavírus.

A partir disso, a pesquisa desenvolvida pelo Instituto para o Desenvolvimento da Educação (Ipade) da Faculdade Christus e coordenado por Melissa irá analisar tanto a gravidade da Covid-19 entre pacientes soropositivos para HIV quanto o possível efeito protetor da terapia antirretroviral para pacientes coinfectados pelo Sars-Cov-2.

A previsão da pesquisadora é que nos próximos três meses o estudo já tenha números significativos de análises para desenvolvimento de relatórios preliminares com alguns resultados. “Como a Covid-19 é uma doença muito nova, qualquer dado obtido ou descoberta enriquecerá mundialmente a comunidade científica, permitindo a tomada de decisão mais acertada para esses pacientes”, avalia Melissa.

Segundo a Conep, a infectologista também liderava pesquisa realizada no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), que avaliava o protocolo de tratamento da Covid-19 com associação de cloroquina/hidroxicloroquina e azitromicina para pacientes com pneumonia. A pesquisa foi aprovada no dia 1º de abril, antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) suspender os ensaios clínicos de hidroxicloroquina. 

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Saúde mental e Covid-19 no Ceará e Brasil

A Universidade de Fortaleza (Unifor) é responsável por três das sete pesquisas aprovadas pela Conep no Ceará. Elas tratam de qualidade de vida e o impacto social e psicológico da pandemia de Covid-19 em diferentes esferas. Uma delas, liderada por Cynthia Melo, orientadora do Laboratório de Estudos e Práticas em Psicologia e Saúde (LEPP-Saúde), tem abrangência nacional e já está analisando resultados. 

No mínimo, serão seis estudos científicos sobre a representação social da população em relação ao coronavírus, o isolamento social e a economia; como as pessoas estão percebendo o tempo domiciliar; fatores que levam as pessoas aderirem às orientações de controle da pandemia; como a situação de pandemia está relacionada à saúde mental; o comportamento de consumo da população e a relação pessoa-ambiente dentro das casas no período de isolamento. Segundo Cynthia, os resultados não só guiarão gestores nacionais, mas também irão incrementar bases de dados internacionais.

Já a pesquisa coordenada pelo professor Danilo Lopes, do curso de Odontologia da Unifor, avaliará os aspectos sociais e psicológicos da população cearense durante a pandemia. “Em geral, a ansiedade tem aumentado, além do estresse. Não somente a questão do isolamento, mas os problemas financeiros que já estão ocorrendo por causa da paralisação de atividades são potenciais fatores geradores das alterações psíquicas”, pontua o coordenador.

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“Atualmente temos pesquisado sobre comportamentos de risco e os cuidados que nossa população tem tido na prevenção da transmissão. Os resultados são alarmantes e demonstram a pouca educação em saúde que nós temos”, revela. De acordo com Danilo, os resultados da pesquisa são essenciais para guiar os gestores na criação de políticas públicas em relação à saúde mental dos cidadãos.


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