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Ampliação de cotas sociais pode ser saída para desigualdade no acesso à educação durante pandemia, diz Inep

Alexandre Lopes, presidente do Inep, manteve posicionamento de que é a discussão de uma nova data para o exame é prematura, mas o adiamento pode acontecer
13:58 | Mai. 15, 2020
Autor Leonardo Maia
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Leonardo Maia Estagiário
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Tipo Notícia

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou em live na manhã desta sexta-feira, 15, que a ampliação de cotas sociais pelas universidades é uma possibilidade para combater o efeito da desigualdade ao acesso à educação durante a pandemia. A sugestão visa auxiliar os estudantes de escola pública que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não têm acesso a aulas remotas.

Lopes defende que o Enem deste ano seja aplicado, embora o adiamento da data possa ser discutido. O argumento do presidente é que cerca de 60% dos inscritos do Enem concluíram o ensino médio em anos anteriores e estão realizando o exame novamente. Dessa forma, a suspensão das aulas presenciais nas escolas não seria prejudicial para essa parcela dos estudantes.

“A ideia é mobilizar os jovens, para que todos os participantes continuem a estudar nesse período de quarentena, porque aquele sonho de fazer o Enem vai continuar existindo. A gente assegura que vai realizar o Enem”, enfatiza o presidente. Ele disse ainda que adiar o exame sem uma nova data pode acabar gerando um prejuízo maior para o aluno.

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Também presente na transmissão ao vivo, Maria Helena Guimarães, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave), criticou o Inep pela divulgação de um cronograma para o Enem. Ela apontou que deveria ser garantida a realização do exame, mas sem a divulgação de um calendário, que pode acabar gerando ansiedade nos estudantes durante o período de pandemia.

“Meu ponto principal é a falta de oportunidade desses alunos mais vulneráveis em estudar. É um ambiente de muita pressão: perda de renda, problemas de saúde, falta de acesso a materiais não presenciais. Está faltando uma comunicação que acolha as dificuldades que as pessoas estão passando nesse momento. Eu acho que isso pode causar injustiças”, explicou Guimarães.

A defesa de que o momento para discussão de adiamento do Enem ainda é “prematuro” foi feita por Alexandre Lopes em entrevista à CNN na última segunda-feira, 11. Na ocasião, ele ponderou que a montagem da prova não foi prejudicada, pois todas as questões foram elaboradas antes da pandemia. “O argumento que colocamos em juízo é que a data [do Enem] pode até vir a ser alterada, mas não é agora o momento de se discutir isso”, declarou.

Lopes alega a falta de dados para encontrar uma data para o adiamento. "Preciso saber quando as aulas serão retomadas, em que condições e quando as universidades iniciarão o primeiro semestre do ano que vem", disse. Ele afirmou que já recebeu diversos pedidos para o adiamento, mas nenhum deles indicava uma nova data para a realização do exame.

Em reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nessa quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que irá analisar o adiamento das provas do Enem em virtude da pandemia do novo coronavírus. “Um pleito importante que eu fiz ao presidente, e ele ficou de avaliar, disse que é muito importante e que havia uma demanda muito grande da Câmara, é o adiamento do Enem. Ele ficou muito sensível, ficou de avaliar e dar uma resposta”, disse Maia.

Enem digital

Pela primeira vez, as provas do Enem não serão aplicadas apenas em forma impressa. Como início de uma transição para o formato 100% digital, que deve ser estabelecido em 2026, o Inep aplicará digitalmente o exame para 100 mil alunos, quantidade expressivamente inferior em relação aos milhões que realizam o exame anualmente.

Em um dia determinado, os estudantes inscritos para a modalidade digital farão o exame em um computador tradicional, com mouse e teclado. A redação, no entanto, ainda será feita com caneta e papel neste primeiro ano de aplicação, seguindo recomendação feita pela equipe técnica do Inep. Além disso, os candidatos terão acesso a papéis de rascunho, para cálculos matemáticos, entre outras anotações.

A prova acontecerá em uma unidade de ensino e não será feita de forma online. O computador recebe o exame na hora da execução e o estudante realiza as questões de forma offline, sem que um possível instabilidade na rede atrapalhe a resolução. Após o término, os dados são enviados para o Inep. O funcionamento, de acordo com o presidente do órgão, é similar a de uma urna eletrônica.

Alexandre Lopes garantiu que a realização do exame online é baseada em pré-testes e em estudos feitos pelo Inep. Isso, segundo ele, permite que as duas versões da prova, impressa e digital, sejam comparáveis. “Nossa ideia é procurarmos reproduzir a experiência do papel na tela. Ter a possibilidade de voltar uma questão, ir para a próxima, mudar o item selecionado…”, assegura.

A intenção da ampliação do exame digital é garantir a aplicação em mais instituições de ensinos e cidades, além de permitir que diferentes provas aconteçam ao longo do ano. “Hoje aplicamos a prova (do Enem) em 1700 cidades, no futuro a ideia é que o aluno poderá fazer prova até na sua própria escola, na sua cidade”, argumentou.

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