Setores de empresários que pressionaram STF são contemplados como essenciais por Bolsonaro
Das 15 áreas representadas pelos empresários e ministros que querem fim de medidas restritivas, sete já foram incluídas pelo presidente como atividades essenciaisHá uma semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e mais 15 empresários e ministros atravessaram a Praça dos Três Poderes em Brasília a pé para se dirigir ao Supremo Tribunal Federal (STF). A “marcha” objetivava pressionar o órgão a amenizar as medidas restritivas, imprescindíveis para retardar o avanço da Covid-19 e evitar ao máximo que o colapso do sistema de saúde.
Bolsonaro permaneceu no STF por cerca de 50 minutos, sem horário marcado na agenda oficial. No encontro, disse que assinou um decreto para ampliar a quantidade de atividades essenciais em meio à pandemia do novo coronavírus. Desde então, sete setores econômicos representados pelos empresários que acompanharam o presidente foram listados como serviços essenciais.
Alguns eram representantes da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBic). No dia 7 de maio, o Governo Federal publicou decreto que inclui no rol de atividades essenciais o setor de construção civil e atividades industriais.
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Depois, nessa segunda-feira, 11, o presidente decidiu incluir salões de beleza e academias como serviços essenciais, beneficiando o empresário apoiador Edgard Gomes Corona, das redes de academia Bio Ritmo e Smart Fit. Um dia depois, Jair Bolsonaro publicou nas redes sociais uma mensagem crítica aos governadores: "O afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil", escreveu.
Por decisão do STF, o Decreto nº 10.344/2020 não se sobrepõe aos decretos estaduais e municipais, que têm autonomia para decidir quais medidas adotar no enfrentamento da pandemia. No Ceará, os serviços essenciais continuam os mesmos. Veja a lista completa de serviços essenciais aqui.
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O presidente Bolsonaro também beneficiou o secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, ao permitir que locadoras de veículos abram durante a pandemia. Salim é dono da Localiza, rede brasileira de aluguel de automóveis. Ainda, ao liberar o comércio de bens e serviços, favoreceu o empresário bolsonarista Luciano Hang, da rede Havan.
No Brasil, 13.149 pessoas já morreram de Covid-19 e 188.974 estão confirmadas para a doença - letalidade de 6,3%. Os dados são do Ministério da Saúde (MS), atualizados às 21h49min dessa quarta-feira, 13. No dia em que o País bateu recorde de mortes em 24h, atingindo mais de 5 mil mortos, o presidente se pronunciou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.
Quando o País chegava aos 10 mil mortos pelo novo coronavírus, o presidente da República passeava de jet ski no Lago Paranoá, próximo ao Palácio da Alvorada, descumprindo todas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.
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