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Pesquisa revela os 15 bairros de Fortaleza mais propensos a epidemias intensas de Covid-19

A pesquisa analisou o número de casos confirmados, a relação deles com a mobilidade entre bairros e o índice de vulnerabilidade epidêmica populacional

Dos 119 bairros de Fortaleza, 15 estão mais propensos a apresentar epidemias intensas de Covid-19. São eles: Aldeota, Cais do Porto, Vicente Pinzon, Praia do Futuro I e II, Arraial Moura Brasil, Barra do Ceará, Canindezinho, Centro, Cristo Redentor, Edson Queiroz, José de Alencar, Presidente Kennedy, Papicu e Vila Velha.

A lista é resultado de uma pesquisa dos departamentos de Saúde Comunitária, de Engenharia de Transportes e de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), juntamente com especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Além disso, o estudo fez parceria com a Prefeitura de Fortaleza.


Para identificar os bairros em risco da Capital, o estudo analisou três indicadores. A carga de infectividade, ou seja, o número de casos confirmados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) até o dia 12 de março; a carga de infecção, que é medida a partir da infectividade e da mobilidade populacional entre os bairros; e índice de vulnerabilidade epidêmica populacional.


Para o último indicador foram analisados dados como a proporção de população analfabeta, pessoas em extrema pobreza, domicílios sem água e banheiros e proporção de desempregados.

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Por exemplo, bairros como o Canindezinho, Jardim Guanabara, Pirambu e Praia do Futuro I e II são alguns com proporção alta de fortalezenses que vivem em residências sem água encanada e banheiros. Para esses moradores, há dificuldade estrutural para seguir as medidas de prevenção baseadas na higienização constante dos ambientes e das mãos.

Mapa demonstra o fluxo dos 20 bairros principais com destino aos bairros Aldeota e Meireles
Mapa demonstra o fluxo dos 20 bairros principais com destino aos bairros Aldeota e Meireles (Foto: UFC)



Mobilidade urbana entre bairros


A pesquisa reforça a influência da mobilidade urbana e, consequentemente, do transporte público para a carga de infecção dos bairros. Foram analisadas as viagens diárias por motivo de trabalho aos bairros Aldeota e Meireles, bairros nos quais se concentraram os primeiros casos de Covid-19. 

Diariamente, são 60 mil viagens com destino para esses bairros. Do total, 30.700 (51%) originam-se de apenas 20 locais de Fortaleza. O estudo destaca os bairros Vicente Pinzón, Centro e Cais do Porto, por representarem cerca de 18% do total, com cerca de 11 mil viagens.

Segundo os pesquisadores, o transporte público preocupa tanto por possibilitar o deslocamento de grande massa populacional, quanto por ser responsável pela maior parte dos deslocamentos de trabalhadores que possuem alta vulnerabilidade social.


“Além disso, a aglomeração de pessoas no sistema de transporte pode potencializar ainda mais a disseminação de Sars-Cov-2. Para tanto, ações de informação, educação e comunicação devem ser fortalecidas”, recomenda o estudo. Ainda, sugere o desenvolvimento de novos estudos para garantir adesão de 70% do município ao isolamento social, especialmente nos 15 bairros em risco.

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Os resultados podem contribuir para outras análises em andamento pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), como identificar, por meio dos bilhetes eletrônicos, as linhas de transporte público com maior percentual de pessoas em grupo de risco, como idosos a partir de 60 anos.


Recomendações à Prefeitura


O objetivo principal da pesquisa é apresentar à Prefeitura de Fortaleza recomendações a partir da indicação dos bairros mais propensos à epidemia grave. De acordo com o relatório, os resultados foram discutidos previamente com a gestão da Capital.


Entre as ações sugeridas, está a adoção de medidas de redução da mobilidade populacional a partir da fiscalização do fechamento de serviços não essenciais, alertas sonoros para adoção da quarentena e monitoramento dos principais pontos de concentração no âmbito dos transportes.


Também aconselha a participação do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do município e do estado no desenvolvimento e avaliação de ações estratégicas voltadas para os bairros. Ainda, reforça a importância do acesso à saúde primária, a testes de Covid-19 e prioridade na vacinação contra a gripe.

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