'Casa de Dinamite': filme coloca o espectador no centro da crise

'Casa de Dinamite': thriller político coloca o espectador no centro da crise

Após uma ausência de oito anos, Kathryn Bigelow retorna com 'Casa de Dinamite', novo thriller político do serviço de streaming Netflix
Atualizado às Autor Jansen Lucas Tipo Notícia

A tensão de uma crise nuclear iminente, resultado das complexas relações entre os países detentores de armas nucleares, já faz parte do nosso cotidiano. Ao acompanhar os noticiários, frequentemente nos deparamos com demonstrações de poder militar nuclear por parte de diversas nações, num jogo de ameaças mútuas: "Se vocês me atacarem, atacaremos de volta".

Mas o que aconteceria se uma dessas potências realmente decidisse atacar? Ou, pior ainda, se um ataque fosse realizado secretamente, sem motivo aparente, e os responsáveis não se revelassem?

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É sobre essa trama que a aclamada diretora e vencedora do Oscar Kathryn Bigelow (de "A Hora Mais Escura" e "Guerra ao Terror") constrói seu novo thriller político, "Casa de Dinamite". O filme coloca o espectador no epicentro de uma crise global, explorando a ineficiência das decisões humanas dentro das grandes instituições de segurança.

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Após o lançamento de um míssil nuclear em direção aos Estados Unidos, uma ação coordenada entre militares, agentes de segurança nacional e figuras políticas se torna essencial, não apenas para evitar um possível desastre, mas para responder de maneira proporcional ao possível ataque.

O trabalho de Kathryn Bigelow

Conhecida por sua habilidade em criar suspenses psicológicos, Bigelow não decepciona ao retornar a esse tema, focando em pequenos núcleos de personagens cujos pontos de vista são alternados ao longo do filme.

Cada decisão de um desses personagens pode, potencialmente, levar à destruição em massa do mundo, por meio de uma guerra nuclear.

A montagem de Kirk Baxter é intensa, dividindo o filme em três partes, que aumentam a urgência das decisões ao passar dos atos, como uma escada em que cada degrau representa o risco de extinção humana, caso alguém cometa o erro de pisar em falso.

Esse ritmo, aliado ao roteiro de Noah Oppenheim, é fundamental para construir o clímax do filme e apresentar a possível resposta do país diante do ataque.

No entanto, ao adotar diversos pontos de vista, o roteiro de Oppenheim apresenta personagens coadjuvantes, mas falha em desenvolvê-los de maneira consistente. Embora isso não prejudique completamente a trama, a falta de profundidade de algumas figuras acaba "deixando a desejar".

A atuação de Rebecca Ferguson, como Olivia Walker, é, sem dúvida, o grande destaque do longa-metragem. Interpretando uma capitã de segurança e mãe de família, a atriz traz uma personagem profunda emocionalmente, sem jamais negligenciar seu dever.

Ela equilibra a frieza ética necessária para o cargo, enquanto lida com a angústia da possibilidade de uma catástrofe.

Mas o verdadeiro brilho do longa está na exploração das relações de medo e tensão entre os Estados Unidos e outras potências nucleares, bem como na fragilidade das decisões que podem levar à aniquilação humana.

Em um contexto em que os responsáveis se veem diante de um dilema tão complexo, é impossível tomar uma decisão coerente em um tempo tão curto.

"Casa de Dinamite" expõe de forma contundente a tensão nuclear que vivemos atualmente e nos faz refletir sobre a real segurança proporcionada pelas armas nucleares aos países que as detêm.

O filme revela que essas nações são, na verdade, prisioneiras de uma gigantesca bomba-relógio, sobre a qual nenhum país tem controle total das consequências, independentemente de usá-las em legítima defesa ou não.

Casa de Dinamite

Onde assistir: www.netflix.com

 

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