'Bom Menino': filme apresenta terror a partir da visão de um cachorro
Vida&Arte conferiu com antecedência o terror "O Bom Menino", novo filme do diretor Ben Leonberg
O terror tem lugar de destaque no cinema. O gênero apresenta aos espectadores uma variedade de antagonistas, com seres como zumbis, vampiros e demônios. A diversidade desperta curiosidade, seja pela inovação das histórias, seja pela exploração de novos pontos de vista.
Quando "Bom Garoto" foi anunciado, rapidamente despertou a atenção do público e da crítica especializada. A premissa de uma história a partir da perspectiva de um cachorro gerou expectativa.
LEIA TAMBÉM | 'Caramelo': filme da Netflix acerta no símbolo, mas peca na condução
Afinal, seria uma abordagem nova para o gênero, algo inovador, que poderia resultar em uma narrativa envolvente e única.
A trama segue Indy, um cão que se muda com seu tutor para uma casa isolada, após ele descobrir que está com sérios problemas de saúde.
A partir desse ponto, o filme revela que forças sobrenaturais habitam o local e apenas o protagonista canino é capaz de perceber as presenças espirituais.
A grande questão que guia o enredo é: será que Indy conseguirá proteger o dono das forças malignas que o ameaçam?
'Bom Menino' falha na execução do roteiro
Apesar de uma ideia intrigante, o roteiro, assinado por Alex Cannon e pelo diretor Ben Leonberg, falha em manter o interesse ao longo do filme. Os primeiros 30 minutos são promissores e oferecem uma boa introdução à dinâmica.
No entanto, a falta de diálogos diretos torna-se um desafio para a fluidez do enredo. Embora a escolha de narrativa pudesse ser eficaz, ela exige uma execução impecável para manter o espectador engajado, algo que o filme não consegue sustentar.
Embora existam algumas interações verbais próximas ao cão, as falas acabam sendo rasas e genéricas. Isso prejudica a conexão emocional com o tutor de Indy, o verdadeiro protagonista da história.
Essa falta de empatia em relação ao humano acaba relegando o cão a uma posição de coadjuvante, quase como um observador impotente diante dos eventos que acontecem ao seu redor.
O que se propunha a ser uma história de protagonismo canino acaba por se transformar em um conto no qual o cachorro parece alheio aos próprios horrores.
Filme utiliza técnicas saturadas e tem desenvolvimento mediano
Em termos técnicos, "Bom Garoto" cumpre a promessa visual. O diretor, que dedicou mais de uma década ao projeto, consegue criar ângulos interessantes para refletir o ponto de vista do cão.
Quando não foca nessa perspectiva, os enquadramentos ainda fazem com que o espectador reflita sobre o papel do animal na situação.
Contudo, o filme se apoia excessivamente em técnicas amplamente exploradas no gênero, como o uso de figuras fantasmagóricas ao fundo das cenas, por exemplo. O recurso já é saturado e, ao ser repetido várias vezes, perde completamente o impacto e não contribui para a construção de tensão.
Com 73 minutos de duração, o filme revela-se mais experimental. A proposta inovadora não consegue atingir a profundidade necessária para causar uma impressão duradoura. Ao longo da trama, não há uma sensação de urgência ou angústia, elementos essenciais para o gênero.
Leia mais
O resultado é um experimento cansativo, que poderia ter sido mais eficaz como um curta-metragem. A ideia teria mais espaço para ser desenvolvida sem se estender além do necessário e traria um clímax condizente com a proposta.
Com uma execução proposta pouco convincente, "Bom Garoto" fica aquém das expectativas, tornando-se um exercício de estilo que não cumpre a função de envolver ou aterrorizar o público.
"Bom Garoto"
- Quando e onde em Ingresso.com