Como foi a estreia mundial de Wicked 2 no Brasil

Um cearense em Oz: como foi a estreia mundial de Wicked 2 no Brasil

O POVO esteve na estreia mundial de "Wicked: Parte 2" ao lado das estrelas Cynthia Erivo e Jonathan Bailey. O musical no universo de O Mágico de Oz chega aos cinemas nesta quinta-feira, 20

Quando saí da sessão de estreia da primeira parte de “Wicked”, em 2024, eu lembro da sensação intrigante de descobrir que aquele filme existia não apenas por conta de uma Hollywood viciada em nostalgia, mas, essencialmente, porque aquela era uma mitologia aclamada à parte da sua origem.

O filme é adaptado do musical que estreou na Broadway em 2003, que já é adaptado do romance de Gregory Maguire publicado em 1995, inspirado pelo clássico de 1939 que veio do livro original de 1900 escrito por L. Frank Baum.

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A obra que estava chegando aos cinemas era o que poderia se chamar de fanfic da fanfic da fanfic (como chamam as histórias escritas por fãs, independentes do cânone principal).

Mas diferente de fanfics destinadas aos nichos, como as tantas histórias paralelas de Crepúsculo ou Harry Potter, “Wicked” nasceu para o mundo: montagens teatrais viajaram para vários países, a peça venceu Tonys e Grammys, além de uma modesta legião de aficionados – e eu não sabia disso até o segundo em que Ariana Grande desce dos céus com uma nota agudíssima e do meu lado já tinha gente cantando junto.

"Wicked: Parte 2" nos cinemas brasileiros

Um ano depois, como num passe de mágica surreal dessa linha do tempo, eu olho para o lado e vejo Cynthia Erivo passar por mim, num sorriso largo e olhar ansioso, repetindo que era um prazer nos conhecer.

Nos primeiros dias de novembro, representei O POVO em um grupo de jornalistas internacionais da América Latina convidados para a pré-estreia mundial de “Wicked: Parte 2”, evento que estremeceu com os ânimos do Brasil.

Do outro lado da sala, Jonathan Bailey conversava com alguns de nós – evidentemente, foi perguntado sobre o título de “homem mais sexy do mundo” que a revista People o havia concedido no dia anterior.

Ariana também estaria lá se não tivesse cancelado sua participação por problemas técnicos com o avião que lhe traria ao Brasil. Sua ausência causou barulho, principalmente, entre os fãs da cantora que aguardavam meses por esse encontro.

No palco do evento, guiado por Larissa Manoela, Jeniffer Nascimento e Gloria Groove, o diretor Jon M. Chu se juntou ao elenco numa dinâmica tão rápida que deu uma breve impressão de improviso. Havia certa desconfiança se a projeção teria qualidade à altura já que o local não era uma sala de cinema e o público passava das mil pessoas, mas o resultado foi bastante surpreendente.

No dia seguinte, quando o diretor recebeu a imprensa no Palácio Tangará, ele comentou que, se pudesse, teria colocado mais caixas de som para a plateia de trás, mas que tinha se emocionado com a primeira exibição mundial do filme.

Em resposta ao O POVO, mostrou-se honrado com o público brasileiro: “A energia de vocês ninguém é capaz de bater. Foi mágico. Pareceu muito apropriado esse ter sido o primeiro lugar que deixamos isso sair da garrafa”.

Talvez ele e sua equipe técnica tenham reagido a algumas percepções da imprensa, críticos e cinéfilos sobre a cor opaca na primeira parte de “Wicked” porque nesta segunda há um brilho mais persistente na percepção imagética de que estamos assistindo a uma fábula nessa terra que precisa viver da magia, seja ela real ou inventada.

Ao seguir na reimaginação do destino entre a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Norte, reiterando que o antagonismo entre elas parte de uma fachada política, fui perseguido por uma constante sensação de estar assistindo ao mesmo filme que o primeiro.

Além da dinâmica entre elas funcionar numa vai-e-volta muito parecido, a intermediação do romance de Fyero (escudeiro pela qual as duas são apaixonadas) e a vilania da Madame Morrible e do próprio Mágico nunca sai do lugar propriamente.

Por outro lado, se soa ainda mais difícil acreditar que Glinda e Elphaba realmente se amam diante do abismo que as separa, sempre que Cynthia e Ariana contracenam a sensação volta a parecer real porque a sinergia que elas têm em tela é quase tangível – não à toa, estão sempre tão unidas emocionalmente nas coletivas de imprensa.

O que há de realmente novo na narrativa é o nó muito bem amarrado que a história dá não só com a primeira parte, mas também com a camada mais afetiva dessa história: as origens de Dorothy, Leão Covarde, Espantalho e Homem de Lata, afinal, não poderiam ficar de fora.

Se as canções dessa segunda parte não são tão memoráveis, a produção acertou ao apostar na criação de outras duas: “The Girl in the Bubble”, cantada por Ariana, e “No Place Like Home”, por Cynthia – essa segunda ganhando uma força bastante simbólica, especialmente porque o que sustenta “Wicked”, seja o filme, o musical e suponho que até mesmo o livro, é a tragédia da Elphaba, essa mulher poderosa que é tolhida ao papel de vilã quando tudo o que ela quer é só defender sua casa: Oz.

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